As primeiras horas da manhã se iniciavam em Montemor. Os plebeus já começavam a montar suas barracas na feira e o assunto que se ouvia entre eles não poderia ser outro além do casamento de Catarina e Afonso.
Comentários sobre o casal, sobre o vestido da noiva, especulações sobre a cerimônia e a esperança de progresso que essa união poderia trazer eram os assuntos mais falados. O povo estava feliz e animado com tudo que ocorria.
No castelo de Montemor também só se falava sobre a união. Os criados cuidavam dos últimos detalhes do café da manhã que logo seria servido enquanto os nobres começavam a se preparar ansiosos para receber o mais novo casal real.
Nos aposentos reais, Catarina começava a despertar. Sentia pontadas na cabeça que não paravam de doer e tudo que mais queria era apenas dormir pelo resto do dia, mas sabia que as obrigações lhe chamavam.
Olhou para o outro lado da cama e viu que Afonso não estava mais lá. Flashs do dia anterior passavam por sua cabeça e ela só havia caído em si do quanto tudo aquilo era real quando olhava para a aliança em seu dedo.
Estava tão distraída em seus próprios pensamentos que nem notou que Afonso estava no quarto. Ela o encarou rapidamente e levantou-se da cama com muito custo. Precisava urgentemente de um banho para reorganizar suas ideias.
- Bom dia. - Ela disse rapidamente sem encará-lo e começou a se distanciar. Se ver sozinha com Afonso naquele quarto a deixava nervosa, pois ali, com a luz do dia ela podia ver claramente o quão real tudo era.
- Bom dia, Catarina. - Ele respondeu. - Logo mais será servido o café da manhã aos nobres e precisamos estar juntos. - Afonso disse e ela apenas assentiu. Ele sabia que naquele momento tudo que ela não queria era falar.
Vendo Catarina sumir pelo quarto indo para seu banho, o fazia recordar o dia anterior e mais precisamente a noite. Dormir junto a ela, abraçando-a e sentindo seu calor o fizeram pensar novamente o quão imbecil foi de rejeitar aquela mulher.
Ele perdeu as contas do tempo que havia passado quando, ao despertar pela manhã, viu que ela ainda estava abraçada em si. Viu sua mão repousada em seu peito e entrelaçou os dedos levemente temendo acordá-la. Afonso sorriu ao lembrar-se daquilo.
Ele pensava no quanto o destino era irônico. Um dia era ela que tentava de todas as formas possíveis se aproximar, obter sua atenção enquanto ele a rejeitava, mas agora era a vez dele se sentir o que ela sentiu. E como doía.
Afonso nem sabia quanto tempo passou perdido em seus pensamentos quando viu Catarina surgir de novo a sua frente. Ela estava simplesmente linda. Usava um vestido roxo, que ele já havia a visto usando-o em Artena, um colar grande de pedras que desciam pelo generoso decote do vestido e uma tiara pequena adornava seus cabelos longos.
- Está muito bonita. Aliás, está sempre. - Ele disse aproximando-se dela.
- Obrigada. - Ela respondeu rapidamente. Odiava o quanto ficava desconcertada na frente de Afonso. - É melhor irmos. Todos estão a nossa espera. - Ela disse e desviou o olhar do dele e entrelaçou seu braço ao do marido.
Os dois saíram do quarto em direção à sala de jantar enquanto ouviam cochichos nos corredores e o assunto discutido pelos criados, claro, não poderia ser outro além do casamento e as especulações sobre a noite de núpcias do casal.
O casal chegou ao local onde os nobres estavam reunidos sendo recebidos calorosamente por eles. Catarina se esforçava para parecer alegre e feliz com o casamento, afinal o destino de Artena dependia daquilo e ela faria qualquer sacrifício em prol da reconstrução de seu reino.
- Bom dia a todos. - Catarina disse sorrindo e todos lhe responderam de imediato. - Afonso e eu esperamos que tenham tido uma ótima noite, afinal tivemos um dia cansativo.
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Rise
Hayran KurguO fogo se aproximava cada vez mais dos pés de Catarina e ela ficou completamente desesperada tentando em vão se afastar. Ela começava a fazer força para tentar se soltar daquelas amarras, mas elas nem se moviam. Suas lágrimas aumentaram, sua respira...