Capítulo 2

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Era uma segunda típica de verão em Los Angeles, o café normalmente fechava nesses dias, e esse era o nosso único dia de folga. Bom, eu poderia optar por trabalhar em outro lugar, já que não sou uma funcionária fixa, e trabalho por hora, mas realmente estou precisando de dinheiro, então enquanto não arranjasse um emprego melhor, eu tinha que permanecer firme e forte e me sustentar com o emprego que eu tinha.

Me espreguicei na cama, jogando o edredom para o lado. Acordei apenas porque San Francisco passara a noite fora, e resolvera arranhar a vidraça da janela, querendo entrar.

Caminhei lentamente até a janela, a abrindo. O gato saltou, ignorando-me como sempre, caminhou para fora do quarto. Mas o que me chamou a atenção foi a voz que veio da sala.

— Sai! Preciso dormir! — Pisquei algumas vezes, tentando assimilar tudo o que estava acontecendo. A voz era familiar, mesmo com o tom grogue.

Vesti rapidamente um jeans sobre meu pijama minúsculo e corri em direção a sala, exatamente de onde a voz estava vindo.

Me deparei com a cena bizarra. Os dois sofás estavam unidos, e Peter, meu querido irmão (naquele momento não tão querido assim) estava com um braço envolvendo uma garota, e o gato San Francisco caminhando sobre suas costas nuas.

Ele mais uma vez tinha feito. Se aproveitara do fato de eu ter lhe dado uma cópia da chave do meu apartamento, e trouxe mais uma das suas incontáveis namoradas para cá.

Reprimi um grito que ficou entalado na minha garganta. Ele se remexeu, enquanto a garota dormia tranquilamente.

— Peter. — Chamei por ele, tentando o máximo manter a calma, apesar de querer explodir. Massajei os dedos na têmpora, e segui rumo ao sofá. Cutuquei Peter com o dedo indicador, ele se virou, fazendo San Francisco saltar para o chão. Meu irmão piscou algumas vezes me vendo ali, mas ignorou a minha presença. Virou o rosto, afundando-o no cabelo loiro da garota. — Não me faça te jogar no chão, Peter. Quero você e essa garota fora do meu apartamento daqui a dez minutos ou eu não respondo por mim.

— Vai caçar um namorado, vai. — Murmurou ele, o som abafado pelo cabelo da garota.

— Ou eu não respondo por mim. — Repeti, ignorando o fato de ele repetir mais uma vez que eu deveria caçar um namorado. Como se arranjar um namorado fosse uma caça. No meu caso, até poderia vir a se tornar uma.

Com uma xicara de café em mão, a outra apoiada no balcão da cozinha, eu encarava a garota sentada na banqueta. Ela realmente parecia estar se sentindo em casa, diferente de mim, que perdi a minha liberdade naquela manhã de segunda.

— Pensei que você trabalhasse nas segundas. — Disse eu a Peter, depois de eu ter tomado um gole do café.

— Só trabalho a tarde. E você, por que acordou tão mal-humorada? — Peter passou os braços envolta do meu ombro, beijando o topo da minha cabeça. Ele sabia o motivo, mas gostava quando eu falava com clareza. Ele amava ver a reação da garota da vez quando eu fazia isso. Normalmente a garota pegava suas coisas e ia embora, e isso era mais fácil para ele, que não precisava nem se dar ao trabalho de se despedir.

Tentei não revirar os olhos com a cena na minha sala. A despedida do meu irmão mais a garota da vez foi no mínimo melosa, ele fez diversas promessas a ela, que eu sabia que não iria cumprir nenhuma. Ele era assim. Sempre iludindo, mas nunca se deixava se iludido.

Ele rodou a chave na fechadura, assim que a garota disse: tchau, nos vemos em breve. Coitadinha, ela não conhece o meu irmão como eu. Eles nunca mais vão se ver novamente. Senti pena dela naquele momento. Se ela tivesse enxergado Peter com outros olhos, e só não visse o exterior, ela não precisaria passar por isso.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora