Capítulo 9

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Dylan estava com a testa formando vincos, os lábios se apertaram em uma linha rígida. Olhou de relance para trás, em direção a garota. Suspirou fundo e pareceu estar contando mentalmente até três para não explodir. Eu teria explodido no lugar dele. Garotinha mimada e petulante.

Meus ombros estavam tensos, já vi Dylan em uma briga uma vez no YouTube, e não foi pancadaria, mas sim uma terrível discussão com uma fã, e as palavras que ele dizia doíam mais que qualquer tapa desferido.

Ele elevou a mão ao cabelo, e depois a repousou sobre a maçaneta da porta.

— Entre. — Ele me convidou, a sua voz era calma e suave, assim como os sinos ao vento.

Hesitei do lado de fora, me sentindo envergonhada e humilhada. Pensei na probabilidade de ele ter me dado aquele vestido propositalmente. Anne não iria sentir falta daquele vestido em meio a muitos que eu vi no seu guarda-roupa. Para ela ter agido daquela maneira deve ter algum valor sentimental, ou ela era uma garota muito cruel.

— Por que sua irmã pensou que eu roubei o vestido dela? — Perguntei em um tom grosseiro.

— Primeira coisa. Se ela realmente pensasse que você tinha roubado o vestido dela, ela não saberia que o que você carregava na sacola era o vestido dela. Ela sabia que você já estava a caminho com ele. Segundo, ela só fez aquilo para te ofender. E chamar a atenção. Coisa típica de adolescentes.

— Coisa típica de adolescentes? — Desdenhei, ainda do lado de fora.

— Ela é assim. Gosta de ofender qualquer um que não faça parte do seu ciclo de amizade. Agora entre, por favor.

— Não quero. Apenas pegue a minha roupa. — Disse eu, sentindo o meu orgulho ferido.

— Darla, eu quero que você entre. Vamos! Não foi eu que te maltratei, ou foi? — Senti meu rosto em chamas. Aquela pergunta era irônica e de duplo sentido. Pelo menos é assim que o meu cérebro a captou. Ou era isso ou eu já estava começando a ficar paranoica. Demorei a perceber quando ele elevou a mão até meu rosto, bem aonde San Francisco tinha arranhado.

— Ei! O que você pensa que está fazendo? — Dylan abaixou a mão, sobressaltado, pelo meu tom de voz usado.

— Me desculpa, mas o que foi isso no seu rosto?

— Meu gato. — Respondi, secamente, não querendo prolongar o assunto.

— Vamos, Darla.

— Você disse o meu nome algumas vezes, isso quer dizer que você sabia que eu me chamava Darla aquele dia. — Dylan sorriu.

Coloquei um pé dentro, e depois o outro, decidida a deixar a minha paranoia do lado de fora.

A casa está cheirando a cigarro, e essência de hortelã, uma tentativa inútil de mascarar o cheiro de tabaco.

Dylan voltou a fumar? Pensei que esse era um vício que ele tinha largado também.

Caminhei atrás dele, dando um passo mais largo, querendo está mais próxima para sentir seu cheiro. Dylan não poderia estar encenando tudo. Se foi uma estratégia de marketing, quanto tempo ele conseguiria agir como se ele realmente tivesse mudado?

Então ele parou de repente, girou o corpo, fixando seu olhar em mim. Me senti estranha por dentro quando seu olhar me capturou de forma intensa e enigmática.

— Eu estava preparando o jantar...

— Você cozinha? — O interrompi.

— Sempre gostei de cozinhar, mesmo quando eu morava com os meus pais. Apesar de ser a primeira vez que vou fazer isso desde que me mudei para essa casa.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora