Capítulo 19

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Não tive a melhor reação quando Dylan contou-me seu segredo, na verdade, eu não tive nenhuma. Fiquei ao seu lado escutando-o falar, suando frio, sobrancelhas unidas, enquanto um turbilhão de pensamentos passava por minha cabeça.

O que ele me contou era íntimo demais. Se fosse exposto não prejudicaria somente ele, mas Anne também. Olhei para Dylan, seu rosto estava insondável. Me perguntei qual era o motivo de ter deixado os pais dele criarem Anne como se fosse filha deles. Mas a resposta estava estampada bem na minha cara.

Dylan queria uma carreira como diretor, Anne só atrapalharia os planos dele. Mas onde a mãe dela pode estar? Se não estiver morta, qual será o motivo de ter abandonado a menina?

Esfreguei minhas mãos em meu jeans, tentando me livrar do suor em excesso, era sempre assim quando eu ficava nervosa, transpirava em excesso. Dylan também estava tenso, reservei alguns minutos de silêncio para ele, precisava desse tempo. Eu não poderia simplesmente bombardeá-lo de perguntas depois da sua confissão.

Ele fitou o nada, ergueu o queixo, vi um leve lampejo de arrependimento tomar a sua face. Mas era tarde demais para isso. Agora eu tinha Dylan Turner em minhas mãos e ele nem ao menos sabia disso. Ele suspirou e cravou o seu olhar em mim, confuso, mas ao mesmo tempo parecia querer manter a calma. Ele já tinha dito, não teria como voltar atrás com as palavras.

- E aí? Você não vai me perguntar nada? Não vai ter nenhuma reação? - Perguntou, querendo mais puxar assunto do que deixar a situação tão pesada como parecia.

- Como vocês chegaram nessa situação? - Perguntei, a curiosidade me corroendo por dentro.

- É uma longa história, mas acho que temos tempo.

Dylan

Foi há algum tempo em um lugar chamado Winchester, eu tinha dezoito anos na época, já tinha planos para sair daquela cidade pequena e vir para LA. Eu estava no meu último ano do ensino médio, conheci Madeleine de dezesseis anos. Sendo adolescente e irresponsável, nunca pensei nas consequências que esse namoro poderia me causar. Para ser sincero, nenhum de nós dois. Nós estávamos apaixonados e o cérebro não é o que funciona em primeiro lugar nessas situações.

Eu morava no interior, bem afastado da cidade onde estudava, no local onde ficava a nossa fazenda, existia apenas a nossa casa naquela região. Era bom de ser viver ali quando se é criança. A liberdade que eu tinha no campo era perfeita até os meus treze anos. Foi quando eu comecei a almejar mais coisas, aquele lugar ficou pequeno demais para caber meus sonhos.

Madeleine passava todos os finais de semana lá em casa desde quando começamos a namorar. Foi em um desses finais de semana que ela sentiu o primeiro enjoo. É claro que eu não levei muito a sério, mas isso se repetiu mais vezes naquele dia, então ela me levou para um local mais afastado, onde o rio cortava a floresta. Agachei perto do rio, observando através da água cristalina os peixes nadarem. Parecia tudo menos poluído naquele lugar. Mas só percebi isso quando deixei tudo para trás para vir morar na cidade grande e agitada.

Olhei para cima e vi que Madeleine tinha lágrimas nos olhos. Me pus de pé imediatamente, segurei em sua face delicadamente com as duas mãos.

Madeleine tinha traços delicados, sua pele era branca, um pouco rosada, seus olhos azuis eram grandes, seu cabelo loiro brilhante caia em cascata sobre seus ombros.

- A minha menstruação está atrasada. - Disse, lutando para engolir o choro.

- Deve ser normal. - Disse eu, com indiferença.

- Não é, eu nunca atrasei antes. Se a minha mãe descobre. - Disse tirando a minha mão com brutalidade de sua face. Deu um passo para trás, fazendo barulho ao pisar nas folhas secas caídas no chão.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora