Dylan Turner (Completa)

Capítulo 32

Dylan

Dá para fingir que está tudo bem com as pessoas ao redor, mas não se pode fingir para si mesmo. Quando a questão é fingimento às vezes eu posso ser o especialista. Foi assim o início do meu relacionamento com Darla até que o tiro saiu pela culatra e eu me vi completamente apaixonado por ela.

Tony está aqui em casa. Ele apareceu de surpresa, mas eu sabia o motivo, pensara que eu tive uma recaída depois de faltar a duas entrevistas. Ele era o único que se sentia à vontade para tocar no assunto da bebida comigo. Era assim antes, quando eu era o Dylan bêbado e encrenqueiro. Nós tínhamos uma amizade legal.

Conheço Tony há bastante tempo, desde quando trabalhamos juntos naquele bar, nos tornamos grandes amigos. Nos afastamos um pouco porque ele também almejava coisas grandes, ser agente era muito melhor do que ser segurança, o lucro é bem maior.

Me recordo da conversa que eu tive com ele depois da festa de casamento de Alice e Oliver. Ele também apareceu na minha casa de surpresa aquele dia. Estava com a testa franzida, não sorriu quando abri a porta, só entrou e se sentou, puxando a manga de sua camisa comprida até o cotovelo. Passou a mão em seu queixo algumas vezes antes de me perguntar:

— O que você estava fazendo com aquela garota?

— Me explica qual garota. — Me fingi de desentendido.

— A garota das coletivas de imprensa que eu expulsei sob suas ordens. — Ele me lembrou, apesar de não precisar dele para fazer isso. A aparição repentina de Darla na minha vida, era suficiente para me fazer recordar todos os dias.

— Eu mandei você expulsá-la, não te mandei apontar uma arma para ela. — Esse não era um assunto que Tony gostava muito de tocar, principalmente, porque tivemos uma pequena desavença por esse motivo. Passamos alguns meses sem nos falarmos, só retornamos a velha amizade por causa de Alice.

— Tá, mas isso não explica o fato dela estar com você no casamento da Alice e do Oliver. Pensei que você tivesse ficado com o roteiro dela e que ela quisesse a sua cabeça por isso.

— Eu fiquei, mas nós estamos nos dando bem agora. — Disse eu, pensando se isso era realmente verdade ou se era Darla que queria que eu pensasse que fosse dessa maneira. De qualquer maneira, eu também sabia brincar disso.

— Ela te perdoou assim, numa boa? O que aconteceu com aquela garota que queria gritar para o mundo que você é um charlatão? — Perguntou Tony, num tom baixo e ansioso.

— Não sei. Eu realmente não sei o que ela quer comigo.

— Como assim você não sabe? Vocês não conversaram sobre o roteiro?

— Não. Ela está fingindo que não me conhece ou pelo menos que não se lembra de mim. — Os olhos de Tony se estreitaram, ele estava ansioso por uma resposta que sabia que demoraria tempo para eu descobrir. — Ela surgiu do nada na lanchonete Evans, aquela onde converso com aquela garota. Darla trabalha lá.

— Você está me dizendo que ela armou tudo isso?

— Acho que sim, mas não sei como ela decidiu que aquele era o lugar que iria me abordar. Não posso fugir dela. Preciso mantê-la por perto, preciso saber o que ela está planejando.

Eu poderia ter colocado um ponto final em Darla no dia que ela foi à festa na minha casa, mas achei mais interessante manter a garota por perto, tentar entender o que ela queria. Saber um pouco de cada passo que ela dava. Era para ser só isso, nada além disso.

Lá estávamos nós dois de novo, Tony com um olhar diferente, ele realmente acreditava que eu tinha bebido, pois era exatamente dessa forma que eu agia quando estava bêbado, faltava as entrevistas.