Capítulo 16

6.5K 584 26
                                    

5,4,3,2,1, desabei no chão exausta, sentindo as minhas pernas tremendo ao invés do meu abdômen, como diz a moça do aplicativo. É o meu antepenúltimo exercício e tento prosseguir adiante. Nem é tão difícil, sussurrei para mim mesma, mas sei que eu estou blefando.

Nunca fui uma pessoa adepta a dietas e exercícios físicos, mas uma coisa que eu sempre soube era que exercícios físicos ajudam a aliviar um pouco a ansiedade. Então lá estava eu, vestida com uma roupa apropriada e tênis, fazendo exercícios na sala do meu apartamento, seguindo à risca um aplicativo para isso.

Passei a última semana com os nervos à flor da pele, lembrando-me constantemente de Tony, o homem que pode ou não revelar o meu segredo para Dylan, cujo esse não me ligou ou enviou uma mensagem desde o dia da festa. Checo meu celular mais vezes do que o normal durante o dia, às vezes isso atrapalha até o meu sono, já que busco alguma mensagem de Dylan nesse período também.

Tenho medo. Muito medo. Se Tony já lhe contou tudo, e está preparando a melhor chance para se vingar? Um tremor de pânico atinge o meu estômago ao pensar nessa possibilidade terrível acontecendo.

— Você está com saudades dele? — Lembro de Tiffany ter perguntado, depois que eu perguntei se Dylan viria a lanchonete naquele quinta-feira pela décima vez.

— É claro que não. — Respondi irritada. Retirei os copos sujos de cima da mesa, me apressando em ir para a cozinha.

Saudades de Dylan, não mesmo. — Sussurrei. Andréa, a outra garçonete me olhou intrigada.

Dylan Turner estava me fazendo até falar sozinha, às vezes alguém me pegava suspirando quando eu lembrava da forma carinhosa que ele beijou a minha testa. Não me lembro de outro cara ter demonstrado tanto respeito por mim daquela forma. Pela fama que Dylan tinha de galinha, acredito que se fosse em outro momento, minha testa seria a última coisa do meu corpo que ele pensaria em beijar.

Já em casa, abro o Google no meu celular, e digito o nome de Tony na pesquisa. Não há muitas coisas sobre ele. São poucas notícias e a mais recente é referente ao casamento de Alice e Oliver. Sem nada a mais para pesquisar, fechei a tela, enquanto a minha mente vagueia para um passado distante.

Alguns anos antes

Eu estava com o notebook sobre o meu colo, assistindo vídeos no YouTube, quando um trailer surgiu antes do videoclipe que eu queria assistir começar. Pensei em pular aquele anúncio, mas como se tratava de um trailer de um filme, eu estava disposta a assistir, já que tudo que envolvia cinema eu gostava.

É claro que não percebi que tinha algo de errado com ele logo no início, mas quando as falas foram casando com a cena, uma luz se acendeu em meu cérebro. E de repente eu parecia estar em um belo pesadelo.

— Isso não pode estar acontecendo! — Disse eu, gritando. — Isso não pode estar acontecendo! — Gritei mais uma vez ao reconhecer mais uma cena e fala.

O trailer durou apenas dois minutos e quarenta e cinco segundos, mas fora o suficiente para eu saber que aquele filme era meu.

Senti a minha garganta seca e o ar faltar em meus pulmões.

Coloquei o notebook sobre a cama, ainda sem acreditar no que meus olhos tinham visto. Senti uma leve tontura ao me colocar de pé, o mundo girou ao meu redor, era como se alguém estivesse esmagando meu coração. Então eu apaguei.

Acordei um pouco grogue, olhando com dificuldade ao redor, não era mais no meu quarto que eu estava. Vasculhei o local com o olhar, a cama, a bolsa de soro acima da minha cabeça, o cheiro de limpeza exagerada, meu irmão sentado em uma poltrona branca ao meu lado. Ele segurou a minha mão ao me ver acordar.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora