Capítulo 27

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Lá estava eu viajando mais uma vez, dessa contra a minha vontade. Passei a maior parte da viagem, roendo as minhas unhas que eu tinha feito no dia anterior, a ansiedade estava me matando. Eu retornava para Nova York, minha parada foi o aeroporto JFK, o mesmo que eu me despedi de minha mãe, e era ali o caminho que me levaria de "volta" para ela, só que tudo parecia mais angustiante.

Dylan usava uns óculos escuros, apesar do dia nublado, e boné. Queria chegar discretamente, concordei com ele, não gostei da sensação de ser encurralada pelas suas fãs, aquilo me sufocou ao ponto de me fazer pensar se tudo que eu almejo vale tudo isso, se vale o fato de perder minha liberdade, apesar de ainda preferir ser uma roteirista anônima.

Dylan entrelaçou sua mão na minha enquanto caminhávamos para o táxi. Sua bagagem era uma mochila e a minha uma bolsa. Não pretendia ficar muito, não queria ter muitas coisas para se preocupar em carregar dependendo do que minha mãe faria ou diria. Adentramos no táxi, meus olhos atentos para a paisagem tão familiar que eu assistia através da janela, mas a minha mente estava perturbada demais para não conseguir evitar de pensar no que viria nos próximos minutos. Dylan pagou o táxi, e ajeitou seu casaco antes de olhar para baixo, seus olhos fixos em minha face. Minhas mãos estavam dentro do bolso da minha jaqueta, evitando que meu namorado as visse tremendo.

O vento ricocheteou na minha pele, encarei a casa com as paredes de tijolinhos vermelhos onde cresci. A porta foi aberta antes mesmo de tocarmos a campainha, era a minha mãe que abrira a porta com a expressão séria, se inclinando para o lado para ver o homem atrás de mim. Tenho certeza que ela estava no meu aguardo e escutou o barulho do táxi, estacionando em frente à casa.

Dylan se apressou em ficar ao meu lado. Mamãe o observava com olhos semicerrados. Estava ainda mais jovem de quando eu a vi, ela mais uma vez fez uso exagerado das plásticas, que embora lhe dava uma aparência mais jovem, ficava ao mesmo tempo grotesca.

Seu cabelo recém-tingido de loiro tinha uma corte curto e ela vestia um casaco elegante. Não demonstrou alegria ao me ver, estava irritada demais com as minhas atitudes. Dylan apertou levemente os dedos da minha mão, apesar do friozinho vi um suor escorrer da sua testa. Estava tenso, ainda mais do que eu, e o silêncio constrangedor que minha mãe estava causando estava tornando tudo mil vezes pior. Resolvi quebrar aquele drama, abrindo os braços e envolvendo o corpo de minha mãe num abraço solitário.

— Mãe! Senti a sua falta! — Disse com um entusiasmo exagerado na minha voz.

— Também senti a sua, querida! — Finalmente me envolveu em seus braços, dando algumas batidinhas de leve em minhas costas. — Não vai me apresentar o seu namorado.

— É claro! — A soltei e fiz as apresentações. — Mamãe esse é o Dylan Turner, Dylan essa a mamãe, senhora Carolyn Miller.

— Muito prazer em conhecer a senhora. — Dylan estendeu a mão educadamente para minha mãe, mas ela se limitou em apenas lhe dar um meio sorriso. Dylan abaixou a mão, um pouco constrangido. Me senti péssima ao vê-lo assim, mamãe poderia ser pelo menos educada, mas eu sei que ela tornaria essa situação o mais difícil possível.

— Vamos entrar. — Disse ela, que foi na frente e eu a segui. Notei que Dylan ainda não estava vindo atrás de nós. Parei na soleira da porta, o olhando.

— Vamos, Dylan. — O chamei.

Ele relutante caminhou até mim.

Os móveis da sala tinham todos sidos trocados desde a última vez que vim aqui, é uma mania que minha mãe tem, mas ela não troca de jeito nenhum a casa, que foi a que ela viveu junto com o meu pai, que morreu quando eu tinha quinze anos.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora