Capítulo 11

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A pior parte do dia seguinte foi encarar a carranca de Tiffany. Fazia algum tempo desde que eu entrei no café e me dediquei a aprender a andar de patins que eu não lavava mais banheiros, mas Tiffany com toda a sua tirania resolvera me castigar. E lá estava eu. Esfregando vasos imundos porque simplesmente Tiffany queria que eu fizesse isso.

— Pensei que você não viria trabalhar mais. — Lembro de ela ter dito depois que eu não respondi a mensagem dela no dia anterior.

Às vezes, só as vezes, eu a odiava. Ela conseguia ser uma pessoa integrável com todo aquele seu arzinho superior.

Tiro a luva da minha mão, e jogo dentro do balde com os produtos de limpeza, limpo o suor que escorre da minha testa.

Não tenho nenhuma notícia de Dylan há mais de duas semanas. Eu queria saber se ele tinha uma resposta para me dar em relação aos meus roteiros. Tento não cogitar a ideia que ele roubou pelo menos um dele, e agora está planejando alguma forma de ganhar dinheiro com ele.

Depois de lavar os copos e pratos na máquina de lavar, Tiffany surgiu na cozinha da lanchonete, com a expressão mais carrancuda do que depois do dia que eu tinha faltado ao trabalho.

Ela dedilhou os dedos sobre a mesa de inox, me analisando profundamente. Estreitou os olhos e perguntou:

— O que você fez? — Pisquei, confusa.

— Não sei do que você está falando. — Respondi o mais inocentemente que eu podia.

— Dylan está aí, e quer ser atendido por você. — Abri minha boca em descrença. As sobrancelhas de Tiffany estavam unidas em uma linha acima dos olhos. Ela estava furiosa.

— Ele quer? — Encarei Tiffany, surpresa.

— Eu não posso acreditar que você fez isso comigo. — Disse ela, com a voz um pouco elevada.

— Relaxe, se ele me der alguma gorjeta eu repasso para você.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntou ela, mas ficou sem a minha resposta.

Ele estava lá, na mesa de sempre. Usava um boné surrado de algum time de beisebol, e estava com o rosto levemente bronzeado. Assim que me viu permaneceu com o olhar fixo em mim, caminhando em sua direção.

Parei em sua frente, que puxou a cadeira para que eu me sentasse. O leve vestígio de um sorriso iluminou seu rosto.

Me acomodei na cadeira, dando uma rápida olhada para trás. As outras garçonetes atendiam algumas mesas, e duas cochichavam entre si, bem, não cochichavam tanto assim, já que de onde eu estava escutei uma delas dizer:

— Traidora. — Pensei em Tiffany. Era isso que ela pensava ao meu respeito agora? Que eu era uma traidora que tomou o lugar dela? Queria lhe dizer a verdade, que o meu interesse em Dylan era outro, não no cheque alto da gorjeta que ele lhe dava todas as quintas que comparecia ao café, mas não era o momento apropriado.

— Hoje não é quinta. — Disse eu para ele.

— Então você sabe o dia que eu apareço.

— As pessoas comentam. Você sumiu. — Disse eu a última frase timidamente, não queria ser evasiva demais.

— Sentiu a minha falta? — Lhe lancei um sorriso tímido, é claro que a verdade era outra, mas eu tinha que fingir que sim.

— Um pouco na verdade. — Uni minhas mãos em cima da mesa, sentindo os olhares me fuzilando em direções diferentes. — Você ficou de fazer uma coisa para mim. — Lembrei a Dylan, e um sorriso brincou pelos cantos dos seus lábios.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora