Capítulo 28

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Dylan

Alguns anos antes

Eu morava em um pequeno apartamento no centro de L.A. Trabalhava de noite em um bar, durante o dia dirigia alguns filmes de vinte minutos para serem postados no YouTube. Conheci Oliver, Alice e Tony alguns anos antes.

Alice e Oliver tentavam carreira de ator, eles não estavam juntos naquela época, mas cada um de nós morávamos em um apartamento do prédio precário. Tony trabalhava junto comigo, e o seu porte alto e forte me fazia sempre acreditar que ele estava na profissão errada, não que fortões não pudessem trabalhar de barman, mas Tony era um brutamonte de dar medo.

Eu conseguia umas boas visualizações com meus vídeos, mas eu não havia saído da minha cidade natal, deixado meus pais e minha filha para trás para ficar dirigindo filminhos para o YouTube. Eu almejava mais. Estava frustrado bebendo uma cerveja enquanto lia mais um dos meus roteiros ridículos que havia escrito para fazer mais um vídeo que não me dava lucro nenhum. Sempre fui um péssimo roteirista.

Alice e Oliver eram sempre os atores dos vídeos, a esperança deles eram a mesma que a minha, que alguém do meio artístico reconhecessem seus trabalhos. Esse era o motivo de trabalharmos de graça. Mas já tinha se passado anos e aqueles vídeos não estavam me levando em lugar nenhum. Ganhava algumas visualizações e depois eram esquecidos. Precisava de um roteiro que funcionasse, a fórmula mágica do sucesso. Embora soubesse que eu era a pessoa que poderia fazer esse roteiro funcionar, também sabia que não era com um dos meus roteiros que poderia fazer isso, não mesmo.

Eu tinha doze mil dólares em minha conta e tinha um sonho para alcançar. Minhas ideias não atraíam um público grande, então eu precisava de um cérebro criativo para fazer isso por mim. Bebi mais um gole da cerveja, sentindo nojo de mim mesmo por pensar assim. Mas eu já estava no meu limite. Não queria mais perder. Queria ser um vencedor, e jogaria sujo para fazer isso.

O Dylan que eu me tornei hoje sente muita vergonha daquele Dylan do passado, eu preferiria mantê-lo esquecido lá, mas vai ter sempre alguém que me fará lembrar dele, é uma pena que dessa vez, esse alguém tenha sido a mãe de Darla.

Dedilhei meu dedo contra a madeira da minha mesinha, onde ficava meu computador. A tela aberta em uma pesquisa sobre diretores no Google. Um anúncio sobre concurso de roteirista aparecendo para mim. Mas eu não era um roteirista muito habilidoso. Não era mesmo. Mas eu não precisava ser um roteirista, eu precisava apenas ser um bom diretor. Esse concurso não era para mim. Acho que o Google se enganou dessa vez. Cliquei no x, fechando a tela. Fui dormir naquele fim de noite com aquela droga de concurso na cabeça. E ainda pensando que eu tinha doze mil dólares na minha conta.

Acordei depois de alguns minutos de sono, sobressaltado.

Doze mil dólares.

Esfreguei os olhos, estava exausto. Tinha chegado do serviço as três da manhã, era preferível eu não ter ligado o computador. O anúncio do concurso continuou me perturbando nos dias seguintes junto com os doze mil dólares que eu tinha na conta. Então as ideias se casaram. Soltei um grito enquanto atendia um cliente, que me olhou assustado. O servi, retornando para cozinha, Tony notou a minha euforia.

— O que aconteceu? Algum cliente te deu uma boa gorjeta? — Perguntou ele, num tom brincalhão.

— Melhor do que isso. Tive uma ideia maravilhosa. — Os olhos negros de Tony se estreitaram, se enrugando nos cantos. — Vou fazer um concurso de roteirista. — Ele me olhou um pouco desconfiado, como se eu tivesse dizendo alguma coisa absurda demais, mas de fato era sim.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora