Capítulo 4

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Corri para sala ao escutar a porta sendo aberta. Depois do pesadelo que eu tive a noite, desliguei meu despertador com a intenção de ficar mais tempo na cama, apesar de ter que acordar cedo para ir trabalhar. Mas não precisei de um despertador para acordar.

Tiffany acabara de passar pela porta, fechando-a atrás de si. Corri, querendo a alcançar na escada.

— Espera! — Disse eu a ela, que já estava na metade da escada. Ela olhou para trás. Estava com a cara péssima, e o cabelo completamente desgrenhado. A bolsa estava pendurada no ombro, elevou a mão a boca e soltou um longo bocejo antes de me responder.

— Desculpa, eu não queria ter te acordado.

— Você vai sair assim, sem ao menos tomar café? Acho que ainda tenho cereal. — Disse eu, ao me lembrar que eu tinha que fazer compras.

— Preciso ir para casa, tirar essa roupa que está fedendo a bebida barata, tomar um banho e ir trabalhar. Vai ser a primeira vez em anos que eu chego atrasada.

— Graças a mim, não é? Eu que te arrastei para aquele bar.

— Bebi porque eu quis. Aliás, como você conseguiu me trazer até aqui? Sei que não consigo dar um passo adiante sem cair quando fico bêbada.

— Você não se lembra? — Ela negou com a cabeça. — Peter te trouxe. No colo. — Completei. Seu rosto estava em choque.

— Ah! — Lamentou ela com repúdio. — Isso não pode ser possível. — Assenti.

— Como eu pude deixar isso acontecer?

— Bom, eu não tinha forças para te carregar, e de qualquer maneira você parecia estar tão confortável nos braços forte do meu irmão... — Soltei uma risada.

— Não achei graça.

Coloquei uma xícara de café sobre a mesa de madeira da minha cozinha. Tiffany a encarou por um tempo, antes de a segurar. Cheirou antes de dar o primeiro gole, sentiu o sabor vagarosamente até que finalmente engoliu. Ficou por alguns segundos pensativa antes de dar a sua conclusão. Dedilhei meus dedos sobre a madeira, ansiosa para que ela falasse logo.

— Não passou nem perto. — Meus lábios se contorceram em um sorriso triste ao escutar ela dizer isso. Qualidade número um de Tiffany: Ser sincera demais.

— Como não passou nem perto? Eu segui à risca tudo o que você me disse.

— Darla, será que você não entende? Cozinhar é uma coisa complicada.

— Fazer café não é cozinhar.

— Então se aplica aonde? — Disse ela cheia de sarcasmo. Dei de ombros. — Escuta, por mais que você siga a minha receita, o seu café nunca vai ser o mesmo que o meu e o meu nunca vai ser o mesmo que o seu. Deve ter outra maneira de ele continuar indo ao café depois que eu sair.

— Mas como que eu vou fazer ele me escolher?

— Você não acha melhor você ser direta. Que tal quando ele estiver saindo, você entregar o seu roteiro a ele. — Sugeriu.

— Não sou idiota. Ele vai jogar em uma lixeira qualquer quando eu não estiver mais na vista dele. — Me recostei na beirada da pia. — Quero estar por perto quando ele for ler.

— Sério, palavra por palavra?

— Palavra por palavra. — Afirmei.

Esperei ansiosamente pela próxima quinta, que a semana pareceu se arrastar lentamente. E quando ela finalmente chegou e Dylan entrou no café, a primeira coisa que fez foi varrer o local a procura de Tiffany. Mas nós tínhamos traçado um plano naquela manhã. Ela se esconderia no escritório do velho Bob, e eu ficaria encarregada de atendê-lo. Bom, pelo menos eu iria tentar.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora