Capítulo 25

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Tentei não ficar paranoica e olhar menos sobre o ombro enquanto tomávamos café em uma cafeteira no centro de Winchester. Mas desde a noite "trágica" do cinema, ir a lugares com Dylan Turner de repente não me pareceu ser tão divertido assim. Era estranho pensar que algum cara que estivesse numa dessas mesas, que estavam todas ocupadas, poderia ser algum segurança de Dylan à paisana.

Cruzei minhas mãos sobre a mesa, pensando em como deve ser estranho o fato de estar em uma simples cafeteira e de repente o lugar ser tomado por fãs desesperadas, ou até mesmo ser observada a cada golada no seu copo de café apenas por ser famoso, era um preço alto a se pagar.

— Já te disse que eu não trouxe nenhum deles para a viajem. — Pôs a mão sobre a minha na mesa, em um gesto acalentador. Mas não era um gesto que me deixaria tranquila.

Antes de pegarmos a estrada Dylan disse que seriamos só nós dois. Mas eu não confiava, principalmente porque Dylan nunca me dissera antes do ocorrido que ele tinha seguranças à paisana trabalhando para ele. Eu sabia que seguranças de Dylan poderiam serem bem amedrontadores. Mas o que me surpreendeu naquela manhã que até então parecia ser tranquila — apesar da minha paranoia — fora o fato de uma mulher alta, elegante e ultrajando preto se aproximar da nossa mesa. Ela baixou os óculos escuros, vi a feição tranquila de Turner se mudar para surpresa, uma surpresa que me pareceu um tanto desagradável. Ele franziu os lábios e se inclinou na cadeira.

— Turner? — Disse ela, contendo um sorriso. — Você também veio por ela. — Coloquei uma mecha do meu cabelo para atrás da orelha, não conseguindo entender a conversa dos dois. Então a mulher elevou um lenço que segurava ao rosto, enxugando as lágrimas que caiam. — Ela não resistiu. — Continuou ela. — Já faz quatro dias, não sei quando eu vou parar de sentir essa dor.

— Sinto muito, senhora Hawkins. — Não consegui esconder o meu descontentamento ao escutar aquele sobrenome. Aquela mulher na nossa frente é a mãe de Madeleine. — Tenho certeza que a sua filha está descansando agora. — Repousei minhas mãos em meu colo, tentando entender aquela situação, mas era inevitável pensar que Madeleine estava morta. Segurei com força a beirada do meu casaco, tentando me manter o mais calma possível diante daquela situação.

Quis não parecer uma mulher frustrada e egoísta com a situação, mas não consegui esconder a insatisfação no meu rosto. Dylan não estava aqui para fazermos uma viajem romântica, ele estava aqui para ver a namoradinha da adolescência.

— Com licença. — Não aguentei por muito tempo, me pus de pé, seguindo rumo a saída.

— Darla! — Dylan gritou atrás de mim.

Na calçada, olhei para os lados, me sentindo perdida. Para onde eu iria? Minhas coisas, meus documentos estavam todos na casa de Dylan. Como eu chegaria até lá? Nem em um milhão de anos conseguiria guiar um taxista até aquele lugar deserto. Senti sua presença atrás mim, sua respiração estava forte e entrecortada.

— Não sai assim. Você pode se perder. — Disse Dylan, ofegante.

— Já estou perdida desde que entrei nesse relacionamento. — Cruzei meus braços rente ao peito e curvei minha cabeça para baixo. Não era uma sensação muito boa se sentir como uma idiota. — Você me enganou, Dylan.

— Sim, eu te enganei. — Ele confessou. — Mas eu queria você ao meu lado quando eu chegasse aqui.

— Por que? — Me virei para ele.

— Eu não sei. Mas gosto de compartilhar os momentos de minha vida com você.

— Suponho que a morte de sua namoradinha de adolescência seja uma delas. Mas não foi exatamente isso que você fez. Há uma semana quando chegamos aqui você me deixou sozinha com a desculpa de fazer compras, onde você estava realmente?

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora