Final- Capítulo 35

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Acordei atordoada. A janela estava aberta, mas eu estava suando. Crispei os lábios, e pisquei algumas vezes, confusa. Tirei o cabelo que estava grudado em minha testa, jogando-o para trás. Me levantei e segui em direção ao interruptor. Acendi a luz, só para ter certeza de onde eu estava. Ainda era o meu velho quarto no apartamento de sempre. Suspirei, aliviada. Mas eu ainda me sentia estranha. Segui rumo ao banheiro, liguei a torneira, e encarei o meu reflexo no espelho. Lavei meu rosto, e peguei a toalha para secá-lo.

Foi apenas um pesadelo, apenas isso. Pensei, ao encarar a minha imagem mais uma vez no espelho. O quanto daquela Darla que eu sonhei existia dentro de mim? O quanto dela seria capaz de fazer o que fez? Destruir a vida de pessoas apenas para realizar a minha vingança pessoal. Recosto-me na pia, e jogo a toalha sobre ela. Cruzo os braços, forçando-me a lembrar com detalhes de cada parte do meu sonho, que me fizera acordar sobressaltada.

Destruí a vida dele. Isso eu me recordo muito bem. Mas isso não foi o que eu sempre quis? Mas havia muito o que se perder ali. Família. Paz. Sobriedade. Dylan não aguentou. Forcei mais um pouco, querendo me lembrar da sua face no bar. Mas a imagem não me veio nítida. Dylan estava sem rosto, como acontecia na maioria dos meus sonhos, eu nunca me lembrava da fisionomia das pessoas, mesmo as conhecidas. Esse seria o preço que Dylan pagaria. Esse seria o preço que Anne pagaria? E o quanto eu pagaria por destruir a vida de alguém? Meu subconsciente não esperou para eu saber a resposta.

Retorno para o quarto, só para verificar se ainda estar ali. Se realmente foi um pesadelo, embora me parecesse real o bastante, ao ponto de mexer tanto comigo.

Encaro o roteiro sobre a minha velha escrivaninha. Ele está ali, naquela posição, há mais de um mês. Ainda não tomei a decisão do que fazer com ele, desde que Dylan foi embora, a dúvida triplicou em meu coração.

Tiffany me contou em uma chamada de vídeo que ela fez de algum lugar do Brasil, o primeiro país que ela e o meu irmão visitaram.

Esse foi o mesmo jeito que Dylan usou para se comunicar com ela, avisando sua partida de L.A. Pensei que a razão dele fazer isso foi para que eu soubesse que ele se fora. Me senti mal por saber que ele não se despediu. Mas eu não tinha direito de me sentir assim, certo? Já que fui eu que resolvi colocar um ponto final na nossa história.

Ele ainda virá aqui, soube através de um site. Dylan tenta negar, mas sei que dirigir um filme corre no seu sangue, ele ama sua profissão, confirmei isso quando ele deu uma entrevista duas semanas antes de ir, dizendo que vai dirigir pelo menos um filme por ano.

— Minhas prioridades são outras agora. — Recordo dele ter dito. — Não há nada mais importante do que você cuidar da sua saúde mental e espiritual. — Ele completou. — Mas talvez seja porque já passei dos trinta. — Brincou. — Não vejo mais as coisas como via quando eu tinha meus vinte anos.

Concordo com ele, já estou chegando lá, e a minha mente não é mais a de seis anos atrás. Prefiro assim, a Darla impulsiva me trouxe muitos problemas, apesar dessa Darla que não pensa muito antes de resolver as coisas está me trazendo mais.

Amarro o cadarço do meu tênis, antes de me alongar para a minha corrida matinal. Mudei algumas coisas no meu estilo de vida nesses últimos meses, correr pela manhã é uma delas, apesar de Peter usar seus poderes psicológicos para afirmar que eu faço isso pelo Dylan.

Só porque uma vez ele foi comigo (antes de viajar com a Tiffany), consegui convencer ele a correr até o bairro de Dylan, e passar em frente à casa dele.

— Não passei aqui por causa dele. — Disse arfando e terrivelmente irritada.

— A quem você está tentando enganar? Não se corre de um bairro para o outro apenas porque se está com vontade. Tem que ter uma razão. Um motivo. E o seu motivo é Dylan Turner, que aliás, vai embora daqui a alguns dias.

Dylan Turner (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora