Carlie
O restante da tarde transcorreu tranquilamente, exceto pela discreta sensação de ansiedade, que se intensificava conforme as horas passavam. Eram quase oito da noite, quando saí do banho. Não queria me atrasar.
Na verdade, o que eu não queria era que Johnatan Fallen ficasse me esperando na recepção de meu prédio, sentado em uma das confortáveis poltronas de couro, sob o olhar curioso dos porteiros. Por isso, queria ter certeza de estar pronta quando ele chegasse.
Não era segredo para ninguém que os funcionários da portaria gostavam de uma boa fofoca e um homem como ele certamente não passaria despercebido.
Disse para mim mesma que aquela noite seria a única em que sairia com ele. Apenas um jantar, um pouco de conversa superficial, e voltaria para casa com meu aparelho de celular na bolsa. Depois disso, não teria mais motivos para encontrá-lo. Afinal, que mal poderia haver em um simples jantar?
☥
Estava sentada na grande cama de casal que ocupava a parte central do quarto, guarnecida por nada menos do que cinco travesseiros, que eu fazia questão de usar todas as noites. Vagava por meus pensamentos, observando, com olhar distante, as portas negras e brilhantes do enorme closet ao fundo. O relógio em cima da cômoda marcava exatamente 21h05, quando o interfone soou e a voz masculina do recepcionista informou que o Sr. Johnatan Fallen me aguardava na portaria.
Retoquei a maquiagem, calcei apressadamente o scarpin de saltos muito finos e peguei a delicada bolsa de verniz, que fazia par com os sapatos. Atravessei o pequeno corredor até a sala de estar, cruzei o hall do apartamento e saí para a área de circulação do prédio. Quando as portas do elevador se abriram no andar térreo, avistei-o de pé, a meio caminho da entrada principal. Estava de costas e pude aproveitar para dar uma boa olhada sem ser surpreendida.
Alto, magro, todo de preto, com uma camisa bem cortada e uma calça justa que deixava sua silhueta ainda mais esbelta, sem dúvida ele seria o sonho de consumo de qualquer garota. Seu estilo despojado do outro dia ainda podia ser percebido, mas uma elegância inegável estava presente naquela noite.
Como se pressentisse meu olhar, ele se virou e abriu um largo sorriso de aprovação, enquanto eu caminhava em sua direção pelo hall de granito que separava a área dos elevadores até a saída do prédio.
John
― Boa noite, Carlie! Você está especialmente linda hoje.
Fui sincero. Ela estava deslumbrante naquele vestido preto tomara que caia, justo, com uma saia que não cobria mais que um terço de suas coxas. Suas pernas bem torneadas estavam ainda mais longas, graças aos saltos altíssimos. Parecia ter saído de uma capa de revistas.
O perfume, que invadiu meus sentidos ao me aproximar para depositar um beijo em sua face, era uma mistura suave e adocicada de flores. Tão sedutor quanto um convite à aproximação.
Carlie
Aceitei a mão que ele me estendeu e passamos pelas portas de vidro, seguindo até o conversível estacionado bem em frente ao prédio.
― E então, não vai me dizer aonde vamos jantar? ― perguntei, numa tentativa de quebrar o gelo.
― Não. É surpresa! Mas tenho a impressão de que você não ficará decepcionada.
― Pode me devolver o aparelho agora?
― Não ― ele respondeu simplesmente.
― Suponho que terei de esperar até o final da noite.
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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