Capítulo 26 - O despertar

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Carlie

Eu tinha consciência de que estava desacordada. Como em um sonho, vi Yuri, o homem que acabara de conhecer. Ele era o verdadeiro pai de Donovan e tudo que eu presenciava agora, na verdade havia se passado há muito tempo.

O cenário em volta era totalmente diferente e havia a mulher. Podia ver a imagem dela em um quadro preso à parede. Não sei explicar como, mas de alguma forma eu soube que aquela era a mãe de Donovan.

Com a mente ainda confusa, não percebi o momento em que o cenário mudou para o acidente que pôs fim à vida de meus pais. De repente, comecei a rever a cena em que batemos com o carro.

Pela primeira vez, notei que havia alguém deitado no chão, à frente do carro. Parecia um corpo sem vida, e foi a freada brusca, na tentativa de parar a tempo para não atropelá-lo, que fez o carro tombar.

Eu não tinha essa lembrança. Aquelas não eram memórias minhas, portanto, não poderia ser um simples sonho, e a cena a seguir me deixou perplexa.

Logo após o acidente, a pessoa que estava no chão se levantou e desapareceu de meus olhos. Um vulto se moveu dentro do carro, mas era rápido demais para que eu acompanhasse seus movimentos. E, de repente, lá estava ele, de pé na calçada.

Era um homem e sua silhueta era muito familiar. Eu estava estirada no chão, depois de ter sido jogada para fora do carro e sabia que todos no interior estavam mortos.

O estranho caminhou calmamente em minha direção, mas quando se aproximou o suficiente para que eu visse seu rosto, ouvi alguém me chamar. A voz soou como uma ordem e comecei a abrir os olhos. Estava fraca, faminta para ser mais exata. Não me alimentava desde que fui feita refém e acho que isso estava afetando minha cabeça, pois vi Donovan e John parados bem na minha frente.

Donovan

― Ande garota, acorde! ― Alec ordenou, sacudindo-a e tive vontade de matá-lo por tratá-la daquela maneira.

― Princesa! Você está bem?

― Don ― ela respondeu em um fio de voz. ― Como me encontrou?

― Com a ajuda do caído. Viemos para levá-la para casa.

Fiz menção de me aproximar, mas fui impedido por um gesto de Yuri. Poderia ter ignorado, mas ele não hesitaria em ordenar a um de seus subordinados que a maltratasse, e com Carlie fraca como estava eu não poderia arriscar.

― Don, tire-me daqui.

― Calma, princesa! Prometo que tudo isso vai acabar logo ― respondi, tentando tranquilizá-la.

― Na verdade, só depende de você, meu filho ― interrompeu Yuri.

― Se não alimentá-la, vou caçá-lo até no inferno!

― Quer que a alimente? Então, volte e assuma seu posto na Among Us. Só assim permitirei que ela se vá com o anjo.

― Isso não vai acontecer! Você sabe que não deixarei que a tire de minha vida.

― Sendo assim, só lhe resta uma opção: tentar me matar.

Sem hesitar, saltei para cima de Yuri, mas Bartolomeu foi mais rápido, colocando-se à sua frente para defendê-lo prontamente. E com ajuda de Demétrio, me atacou com ímpeto feroz. Os dois baixaram sobre as empunhaduras de suas espadas a pressão do momento.

Com um movimento rápido, esquivei-me e apesar de Bartolomeu e Demétrio não me darem espaço, me mantive firme, aproveitando a proximidade dos adversários para desferir golpes precisos. Até que Demétrio guardou a espada menor, permanecendo apenas com a maior na mão direita.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora