Donovan
Com o intenso movimento no ambiente, não percebi a garota que se aproximava da mesa, até que já era tarde demais.
― Donovan!
― Carlie! O que está fazendo aqui?
― O que você está fazendo aqui, Don? E quem é essa mulher?
― Sua princesinha o encontrou e parece bem chateada ― Lilly comentou, irônica. ― Então, essa é a famosa Carlie Marie. Agora entendo o porquê dessa noite.
Ela estava realmente furiosa e como se estivesse dominado por um maldito feitiço, eu mal conseguia ouvir o que ela dizia, distraído em observá-la. Estava ainda mais linda do que quando a deixei em Nova Orleans.
― Essa noite? O que têm a noite? ― e Carlie prosseguiu, sem esperar resposta. ― Donovan, sinceramente. Como pôde fazer isso? Saio de tão longe, preocupada com você, sem saber o que estava acontecendo. Recebi seu chamado e vim encontrá-lo.
Audaciosa. Depois de tanto tempo, ela ainda se atrevia a falar comigo naquele tom.
― Um pouco atrasada, não acha?
― Pelo jeito estou muito atrasada mesmo. Ou, talvez, você nem precisasse tanto assim de mim, já que está embriagado, em um clube cheio de garotas nuas e com essa aí ao seu lado.
― Ei! Vai com calma, garota! Quem você pensa que é para entrar no meu clube e se referir a mim desse jeito?
― Não estou falando com você, estou falando com ele.
― E o que a faz pensar que tem o direito de falar assim comigo? ― perguntei num tom arrogante que nunca antes havia usado com ela.
― Escute aqui, Don.
― Não! Escute você! Eu cuidei de você durante anos, sempre a protegi. Dei apoio e a ajudei à superar todas as fases difíceis. Eu a amei, Carlie. E o que você fez? Na primeira oportunidade, dormiu com um maldito caído. Um cara que você nem conhece direito.
― Don, o que há com você afinal? Está falando como se eu fosse uma aventureira. Você sabe que não foi assim.
― Sei? Ora! Faça-me o favor! Ele nem é da nossa raça e você não é nenhum exemplo de bom comportamento, para chegar aqui me dando lição de moral, princesa!
Enfatizei a última palavra com uma dose extra de sarcasmo e teria continuado, mas não houve tempo.
― Odeio você, Donovan!
Um sonoro estalar se fez ouvir e senti a mão de Carlie em meu rosto. Um tapa! Carlie acertou em cheio o lado esquerdo de meu rosto e saiu com expressão de choro.
Raiva foi o que me consumiu. Apertei o copo com tanta força que ele se partiu, derramando o uísque e parte do vidro em minha roupa. Aquilo foi muito inesperado. Imediatamente, a incredulidade deu lugar ao desejo de levantar e ir atrás dela, puxá-la pelo braço e dar um beijo que ela jamais esqueceria. Um beijo que a faria pensar por muito tempo. Um beijo que iria matar toda minha vontade de tê-la para mim.
Então, ela se sentia ousada ao ponto de me dar um tapa em público e ainda achava que podia sair ilesa da situação?
Em outro momento eu até poderia achar graça daquela reação infantil, mas nas atuais circunstâncias, tomado pelo álcool, ainda sentindo a pressão dos dedos dela em meu rosto e a observando caminhar em direção à porta com tanta segurança, minha mente foi dominada por um desejo quase incontrolável.
A quem eu estava enganando? Um beijo não seria suficiente para apagar o que eu sentia naquele momento. Queria levá-la para cima e fazer amor com ela, até que não existisse nenhum vestígio daquele maldito anjo que se meteu entre nós. Até ela entender de uma vez por todas que era minha.
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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