Capítulo 36 - O confronto

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Donovan

Com o intenso movimento no ambiente, não percebi a garota que se aproximava da mesa, até que já era tarde demais.

― Donovan!

― Carlie! O que está fazendo aqui?

― O que você está fazendo aqui, Don? E quem é essa mulher?

― Sua princesinha o encontrou e parece bem chateada ― Lilly comentou, irônica. ― Então, essa é a famosa Carlie Marie. Agora entendo o porquê dessa noite.

Ela estava realmente furiosa e como se estivesse dominado por um maldito feitiço, eu mal conseguia ouvir o que ela dizia, distraído em observá-la. Estava ainda mais linda do que quando a deixei em Nova Orleans.

― Essa noite? O que têm a noite? ― e Carlie prosseguiu, sem esperar resposta. ― Donovan, sinceramente. Como pôde fazer isso? Saio de tão longe, preocupada com você, sem saber o que estava acontecendo. Recebi seu chamado e vim encontrá-lo.

Audaciosa. Depois de tanto tempo, ela ainda se atrevia a falar comigo naquele tom.

― Um pouco atrasada, não acha?

― Pelo jeito estou muito atrasada mesmo. Ou, talvez, você nem precisasse tanto assim de mim, já que está embriagado, em um clube cheio de garotas nuas e com essa aí ao seu lado.

― Ei! Vai com calma, garota! Quem você pensa que é para entrar no meu clube e se referir a mim desse jeito?

― Não estou falando com você, estou falando com ele.

― E o que a faz pensar que tem o direito de falar assim comigo? ― perguntei num tom arrogante que nunca antes havia usado com ela.

― Escute aqui, Don.

― Não! Escute você! Eu cuidei de você durante anos, sempre a protegi. Dei apoio e a ajudei à superar todas as fases difíceis. Eu a amei, Carlie. E o que você fez? Na primeira oportunidade, dormiu com um maldito caído. Um cara que você nem conhece direito.

― Don, o que há com você afinal? Está falando como se eu fosse uma aventureira. Você sabe que não foi assim.

― Sei? Ora! Faça-me o favor! Ele nem é da nossa raça e você não é nenhum exemplo de bom comportamento, para chegar aqui me dando lição de moral, princesa!

Enfatizei a última palavra com uma dose extra de sarcasmo e teria continuado, mas não houve tempo.

― Odeio você, Donovan!

Um sonoro estalar se fez ouvir e senti a mão de Carlie em meu rosto. Um tapa! Carlie acertou em cheio o lado esquerdo de meu rosto e saiu com expressão de choro.

Raiva foi o que me consumiu. Apertei o copo com tanta força que ele se partiu, derramando o uísque e parte do vidro em minha roupa. Aquilo foi muito inesperado. Imediatamente, a incredulidade deu lugar ao desejo de levantar e ir atrás dela, puxá-la pelo braço e dar um beijo que ela jamais esqueceria. Um beijo que a faria pensar por muito tempo. Um beijo que iria matar toda minha vontade de tê-la para mim.

Então, ela se sentia ousada ao ponto de me dar um tapa em público e ainda achava que podia sair ilesa da situação?

Em outro momento eu até poderia achar graça daquela reação infantil, mas nas atuais circunstâncias, tomado pelo álcool, ainda sentindo a pressão dos dedos dela em meu rosto e a observando caminhar em direção à porta com tanta segurança, minha mente foi dominada por um desejo quase incontrolável.

A quem eu estava enganando? Um beijo não seria suficiente para apagar o que eu sentia naquele momento. Queria levá-la para cima e fazer amor com ela, até que não existisse nenhum vestígio daquele maldito anjo que se meteu entre nós. Até ela entender de uma vez por todas que era minha.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora