Carlie
Na manhã seguinte, despertei cedo. Tínhamos combinado de passar o dia esquiando e eu estava ansiosa. Ainda na cama, vasculhei o quarto a procura de John, mas ele não estava. Pensei que tivesse descido para tomar o café da manhã, mas então, ouvi sua voz vinda do banheiro.
― Você sabe que isso acabou e já faz muito tempo. As coisas agora são diferentes.
Ele fez uma pausa. Parecia conversar com alguém ao telefone. Fiquei atenta para ver se identificava a pessoa do outro lado da linha.
― Não sei quando volto e, provavelmente, você já terá partido quando isso acontecer.
Nova pausa e, então, veio a confirmação que eu esperava.
― É claro que também quero vê-la, Claire, mas não posso alterar meus planos e voltar para o Brasil. Carlie não vai entender.
Já tinha ouvido o suficiente. Levantei da cama, afastando as cobertas e fazendo mais barulho do que o necessário. Estava decidida a pôr um fim naquela situação de uma vez por todas. Abri a porta e entrei no banheiro, sem dar qualquer chance a John de esconder o que acontecia.
― Não vou mesmo. Então, é isso? Essa mulher vai ficar no seu pé agora, atrapalhando nossas férias? Ela não tem uma missão para cumprir aqui? Ou a missão dela é acabar com a nossa relação?
Pensei que John ia se desculpar com ela pelo meu rompante, tentar amenizar a situação e prometer que ligaria de volta, mas a reação dele me quebrou.
― Preciso desligar agora e, por favor, não insista. Já fiz o que podia para ajudá-la e não há mais nada que eu possa fazer nesse caso.
Fiquei parada no meio do banheiro, sentindo-me uma completa idiota por desconfiar dele. Estava claro que, apesar das investidas da loura, ele não estava interessado. E agora, depois da minha ceninha de ciúme, não sabia como agir.
Foi ele quem rompeu o clima de mal-estar que se instalou.
― Amor! Preste atenção, ok? Não há nada para você se preocupar. Eu emprestei a casa para ela, mas é só isso. Não existe nada acontecendo aqui. Estamos bem e vamos continuar assim. Certo?
― Certo... Desculpa! Eu não devia ter entrado assim. Sei que você não faria nada pelas minhas costas. Você não é assim. Agora me sinto uma boba.
― Shhh... Não! Você não é uma boba, é uma mulher apaixonada. E se quer saber, eu é que devia ter ciúmes de você. Acha que não vejo como os homens reagem quando olham para você? ― John me puxou para si, abraçando-me. ― A não ser que prefira passar o dia na cama, é melhor começar a se arrumar.
Uma hora depois da discussão no banheiro, estávamos na loja da estação de esqui, escolhendo as roupas e os equipamentos. Queria algo mais discreto, mas John praticamente me obrigou a vestir um traje Pink, que ele insistia em dizer que ficava lindo em contraste com minha pele branquinha. Enquanto isso, ele escolhia uma roupa preta para si. Aquilo não era muito justo. Eu me sentia como um daqueles bonecos de neve, decorados com acessórios supercoloridos. Mas, o que uma garota não faz para agradar o homem que ama?
Entramos na fila do teleférico e em poucos minutos chegamos ao topo da montanha. Havia duas trilhas principais. Uma para iniciantes, outra de dificuldade média, e ainda uma terceira pista que seguia mais ao norte, pouco usada pelos turistas. Eu não sabia o quanto John dominava os esquis, mas optamos pela segunda pista, onde o movimento não era tão intenso quanto na pista de iniciantes.
A primeira descida foi tranquila e muito divertida. John era melhor do que eu supunha e pouco tempo depois, estávamos de volta à base da estação.
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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