M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão

PARTE II - Capítulo 32 - Vivendo o romance

Carlie

Pouco mais de quatro meses se passaram, após a batalha no Castelo do Anjo, em Nova Orleans. Assim que descobrimos que Donovan tinha partido, John e eu também deixamos o hotel. As últimas semanas tinham sido muito difíceis para todos e mais ainda para nossa relação, por isso decidimos que seria uma boa ideia curtir um tempo só nosso. Foi exatamente o que fizemos, partindo rumo à Europa, mais precisamente, Veneza. Considerada um dos destinos mais encantadores e românticos do mundo, parecia o lugar perfeito para começarmos nossas tão merecidas férias.

Aterrissamos no aeroporto Marco Polo, na cidade vizinha de Mestre, e seguimos para o hotel, que fora escolhido ainda na América. Como era cedo, aproveitamos para nos perder pelas charmosas ruelas de Veneza. Agindo como um casal comum de turistas, passeamos por museus, visitamos antigas construções de pedra, monumentos e até igrejas. Fomos à Ponte Rialto, com seus famosos vendedores ambulantes que ofereciam todo tipo de objetos e paramos para observar o movimento dos barcos no Grand Canal.

Veneza não era nenhuma novidade para mim, mas ver a cidade pelos olhos de John era diferente. Ele fazia tudo parecer especial.

Caminhamos até o pôr do sol e já era noite quando retornamos ao hotel para desfazer as malas. Para celebrar nossa primeira noite, decidimos jantar em um dos restaurantes da Piazza San Marco. Era maravilhoso estar ali com meu anjo. Caminhar de mãos dadas, como fazem os casais de namorados, apreciar a bela torre do relógio, com os signos do zodíaco e as fases da lua representadas em suas faces. Tinha a sensação que tudo estava mais vivo e fascinante ao lado de John, e quase podia esquecer de que não era humana.

Combinamos que só passaríamos alguns dias em Veneza e depois seguiríamos viagem. Seria assim em cada cidade do caminho, passando pela Suíça até a França, e era minha intenção aproveitar ao máximo.

Quando, por fim, decidimos regressar ao hotel, já passava de meia-noite e depois de um dia tão prazeroso como aquele, tudo que eu queria era uma boa banheira cheinha de espuma para relaxar.

― John, vou tomar banho. Não quer vir? — Ele me olhou com uma expressão maliciosa e eu retruquei como se não tivesse entendido: — Ah! O que foi? Falei algo de errado?

― Claro que não, minha pequena. Mas, infelizmente, tenho que recusar seu convite. Preciso fazer uma ligação importante. Saber como estão às coisas no Brasil. Prometo que vou logo em seguida.

― Ok! Espero por você na banheira ― respondi concordando, mas alguma coisa em sua atitude me fez lembrar à loura com cara de modelo, que apareceu em Nova Orleans na companhia de Rafael.

Propositalmente, caminhei despreocupada pelo quarto, fingindo procurar a camisola que pretendia vestir. Demorei mais do que o necessário, dando tempo para que ele iniciasse a conversa ao telefone. Mas meus planos para descobrir quem seria seu interlocutor foram frustrados. John parecia disposto a só fazer a chamada depois que eu entrasse no banheiro.

Não queria demonstrar ciúme e dar motivo para iniciar uma discussão, aparentemente, sem razão. Sendo assim, só me restou disfarçar. Dei um sorriso e segui para o banheiro, agindo como se aquilo não me incomodasse.

Tentei usar minha audição especial para escutar alguma coisa da conversa vinda do quarto, mas o barulho da água ou as artimanhas de John para encobrir sua voz, impediam-me de entender o que era dito. Procurei relaxar, dizendo para mim mesma que tudo não passava de um ciúme bobo da minha parte, mas foi impossível parar de pensar na suposta relação que ele manteve com Claire antes de sua queda.

Todo aquele mistério, para fazer uma simples ligação para o Brasil, acabou com meu ânimo de ficar mergulhada na espuma. Cansada de esperar, saí da banheira, vesti um dos roupões do hotel e voltei para o quarto. No momento em que me viu, John desligou o celular. Apesar disso, agiu naturalmente e eu não tive nenhuma pista de com quem ele estava falando, o que só serviu para eu ter certeza de que ele tentava me esconder alguma coisa.