Capítulo 7 - Donovan Hunter

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Carlie

Donovan desfilava ao meu lado com seu ar irônico e seu sorriso doce. Uma dualidade deslumbrante! Tinha de reconhecer que senti muita falta disso e da presença dele em minha vida. Era uma sensação agradável, muito familiar, como estar em casa de novo.

Seguimos até a área destinada aos sócios Vips e ocupamos um dos camarotes. Um sofá de couro branco e uma pequena mesa redonda, que servia de apoio para as bebidas, eram os únicos objetos dispostos no local, deixando o restante do espaço livre para dançar. O ambiente privado tinha capacidade para abrigar até seis pessoas, mas naquela noite seríamos apenas nós dois.

Um garçom se aproximou, trazendo uma garrafa de champanhe e um balde de gelo, que colocou em cima da mesa. Assim que serviu as primeiras taças, Donovan fez um sinal para que ele nos deixasse a sós.

Donovan

Carlie havia atendido meu pedido e estava usando o colar. O grande coração de rubi brilhava de forma ainda mais intensa sob as luzes da boate e, em contraste com sua pele extremamente branca e o tom negro de seus cabelos, chamava ainda mais atenção. A altura da corrente ficou perfeita, permitindo que a pedra repousasse tranquilamente na curva desenhada entre seus seios.

Estendi a mão até seu colo e segurei o coração, brincando com a peça em meus dedos.

― Ele ficou perfeito em você, princesa! Sem dúvida foi meu melhor investimento.

― Foi sua melhor loucura, você quer dizer ― ela respondeu, sorrindo.

― De jeito nenhum! Ninguém mais poderia usar essa pedra com tanto glamour. Essa noite você está uma visão, Carlie! E sou um privilegiado por poder desfrutá-la.

Soltei a pedra, que voltou a descansar em seu colo, e depositei um beijo suave em sua testa. O gesto, tantas vezes repetido, demonstrava meu carinho e proteção. Mas essa noite, o que eu queria mesmo era tomar sua boca de maneira arrebatadora.

Nesse exato momento, senti um familiar calor aquecer um ponto preciso em minha nuca. Um alerta de perigo, tão instintivo e natural quanto o ato de respirar para os humanos. E naquele instante ele me alertava sobre a presença de alguém.

Afastei-me de Carlie apenas o suficiente para girar a cabeça e cravei o olhar diretamente sobre o homem que estava de pé, encostado na mureta, do outro lado da área Vip. Ele olhava intensamente para ela e pela maneira como nos observava, pressenti que ali se encontrava um problema real.

Encarei-o de forma ameaçadora. Mas, ao contrário do que esperava, ele sustentou meu olhar com expressão de descontentamento. A tensão, que imediatamente se instalou, chamou a atenção de Carlie. Mas antes que ela tivesse chance de virar o rosto na direção de meu olhar, o estranho desapareceu.

― O que foi, Don? Algum problema?

― Não deve ser nada, princesa. Não se preocupe ― respondi, aparentando uma segurança que estava longe de sentir. ― Agora, conte-me tudo que fez por aqui, enquanto estive fora.

Carlie

Eu não poderia imaginar, mas naquele momento, Johnatan Fallen estava do outro lado da área Vip, observando a cena que, aos seus olhos, não parecia nada fraternal.

Donovan

Pelo resto da noite desfrutamos a companhia um do outro e Carlie me atualizou sobre os acontecimentos dos últimos meses. No meio da conversa, mencionou, de forma muito superficial, um novo relacionamento com alguém chamava de John, e logo mudou de assunto, o que me deixou intrigado.

Carlie não era assim. Uma de suas características mais marcantes era justamente descrever com precisão tudo que surgia de novo em sua vida, como se fizesse absoluta questão de me incluir em cada uma de suas experiências. Ficou claro que havia algo de errado naquela história e ela se furtara nitidamente a prosseguir com o assunto. Mas, por quê? Era isso que eu pretendia descobrir. Só que não agora. Depois de passar mais de três longos meses afastado, eu precisava saciar minha sede de sua presença, antes de deixar que um novo problema entrasse em nossas vidas.

Eu não podia dar muitos detalhes dos fatos que me mantiveram retido por tanto tempo na Europa, então, limitei-me a contar sobre as chatas reuniões de negócios e sobre alguns lugares novos e interessantes que conheci pelas noites europeias.

Estar com ela novamente era tão reconfortante quanto retornar ao lar. Carlie era divertida e o tempo a seu lado parecia não existir. Tanto que, quando percebi, já passava de quatro horas da madrugada.

Por mais que a ideia de esticar a noite ao seu lado me agradasse, precisávamos voltar, pois eu tinha alguns assuntos pendentes que pretendia resolver pela manhã.

Deixamos a boate de mãos dadas, como um casal e fizemos todo o trajeto de volta conversando, animados pelo efeito do champanhe e do uísque que havíamos consumido.

― Obrigado pela noite, princesa! ― declarei ao estacionar de volta à garagem. ― Acho que não tinha me dado conta do quanto estava com saudade de você. Foi ótimo ter sua companhia novamente.

― Sabe que também senti sua falta, Don ― ela retorquiu, abraçando-me. ― Além do mais, ninguém me dá presentes como os seus.

Rimos da brincadeira e seguimos conversando alto no elevador. Ao chegar à porta de seu apartamento, despedi-me, depositando um beijo em sua testa. Mas bastou entrar em meu quarto para ser tomado pela crise de abstinência. Tinha acabado de deixá-la e já sentia falta de sua presença.

Não sei quantas vezes vivenciei essa desagradável sensação ao longo dos últimos meses, mas agora ela estava ali, a poucos passos de distância e mesmo assim continuava inacessível.

Tentei relaxar, quem sabe dormir um pouco, mas sempre que fechava os olhos minha mente traiçoeira criava imagens irreais de Carlie nua, deitada ao meu lado na cama.

Devia ter previsto que isso aconteceria e amaldiçoei o fato de não ter buscado outra companhia feminina para passar o restante da noite, como costumava fazer depois de deixá-la em casa.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora