M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão

Capítulo 12 - Um novo amigo

John

Sentia-me péssimo por ter feito aquilo com Carlie. Procurei justificar a mim mesmo, dizendo que fiz o que era melhor para ela. Sabia que a tinha deixado com o coração partido e que, provavelmente, me odiaria pelo resto de sua vida imortal, mas não tinha opção. De agora em diante, entraria em uma guerra e ela correria perigo estando ao meu lado. Essa era a única maneira de protegê-la.

Precisava evitá-la a todo custo e acreditar que isso seria o suficiente para mantê-la afastada do que estava para acontecer.

Fui cruel demais com ela, mas só assim poderia ter certeza que seu orgulho seria mais forte e que não tentaria se aproximar de mim outra vez. Essa certeza era a única coisa que me dava um pouco de conforto e tranquilidade para ir ao encontro de Vladimir Zarco. Esse, sim, era um problema muito maior. O vampiro que tinha conhecido no último sonho com Carlie. Alguém que me tinha feito uma proposta um tanto quanto estranha: ajudar a eliminar Donovan Hunter antes que ele tentasse acabar com a ordem do mundo oculto em que vivemos.

Ainda não sabia exatamente o que aconteceria, mas estava certo de que logo descobriria.

Tinha combinado de encontrá-lo no MASP, o Museu de Arte de São Paulo, um lugar aonde eu sempre ia quando estava só. Esperava ter alguns minutos para me recompor do encontro com Carlie, mas Vladimir já estava à minha espera.

Quem o olhasse não acreditaria se tratar de um vampiro. Com uma boa forma física, vestindo um sobretudo preto por cima de uma blusa de gola alta e uma calça jeans básica, misturava-se muito bem aos humanos.

De longe eu podia ver a aura negra que o rodeava e a sensação de mal estar aumentava quanto mais eu me aproximava dele.

― Desculpe a demora! Precisei passar em outro lugar antes de vir para cá.

― Você sabia que esse museu é fruto da idealização de dois caras? Foi inaugurado em 02 de outubro de 1947. Eu estava presente. Ele mantém uma das coleções mais importantes do hemisfério sul e é considerado um tesouro da humanidade. Sorte dessa cidade, não acha?

― Sempre venho aqui e admiro o que os humanos são capazes de fazer, mas não foi para falar de arte que marcamos esse encontro. Conte-me o que pretende fazer e como vamos agir para que Donovan não perceba que vocês estão por perto.

― Sempre direto ao ponto, não é mesmo, Johnatan Fallen? Estava apenas admirando um pouco o local, mas já que quer tudo às pressas... O plano é simples: você irá comprar a amizade dele como nós compramos a sua.

― Deve estar louco! Você mesmo disse que ele é inteligente. Jamais acreditará em algo assim! Sem contar que não quero uma aproximação com ele. O que vocês pretendem é me usar como peão de sacrifício.

― Tenha só um pouco de confiança em mim, Johnatan. Sei que não é tão ingênuo assim. Acha mesmo que precisamos de você para chegar até ele e matá-lo?

― Fale de uma vez o que tem em mente.

― É simples. Você vai nos entregar para ele. Vai dizer que sabe tudo sobre ele e que nós estamos aqui. Vai contar que tentamos comprar você para nos ajudar, mas como ele está próximo da sua pequena Carlie, e você a ama, não pode deixar isso acontecer. Entende agora?

― Isso é loucura! Não acho que vai dar certo. Além do mais, Carlie não deve ser envolvida nisso. Deixá-la de fora era parte do nosso trato. Não quero que ela corra nenhum risco. Sem falar que se ela descobrir, não me perdoará nunca.

― Ela não correrá nenhum risco. Temos um acordo. Dou minha palavra quanto a isso. Depois, com a morte de Donovan Hunter, todos nós voltaremos à nossas vidas normais e nada vai parar no ouvido da sua garota. Assim, vocês poderão seguir felizes com seu romance, sem ninguém para atrapalhar.

― Por que acha que Donovan vai acreditar que estou do lado dele?

Passamos toda a tarde conversando sobre o plano de Vladimir e sua organização. Tinha de admitir que eles pensaram em tudo. Todos os pontos se encaixavam perfeitamente.

Eu sabia que esse era o único modo de me livrar da Among Us. Travar uma batalha contra tantos inimigos assim colocaria minha identidade em perigo. Ainda tinha a sombra de Donovan Hunter, que já havia deixado bem claro que faria de tudo para acabar com qualquer chance de futuro que eu pudesse ter ao lado de Carlie. Detestava admitir, mas não tinha outra escolha a não ser concordar com o plano.

― Agora, preciso voltar para a organização. Estão esperando para saber se está tudo acertado entre nós. Assim que o problema Donovan Hunter estiver resolvido, sairemos de sua vida e ignoraremos a existência de Carlie Marie. Ela não é um problema, ao contrário, seria até interessante ver como desenvolve suas aptidões sem a interferência dele.

Vladimir se misturou tranquilamente entre os humanos que passeavam despreocupados pelo museu e se foi sem despertar atenção. Ninguém o notava. Não podiam imaginar como estavam tão próximos do perigo.

Cruzei a entrada principal, caminhei até o estacionamento, onde havia deixado meu carro e segui para casa. Durante todo o percurso só conseguia pensar em uma coisa: como recuperar o amor da minha pequena depois que todo esse conflito terminasse? A única certeza que tinha era a de que nesse exato momento ela me considerava a pior pessoa do mundo.