M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão

Capítulo 11 - O rompimento

Carlie

Donovan estava com raiva, decidido a afastar o anjo de minha vida a qualquer custo. Tentei usar minha habilidade para persuadi-lo, mas, no fundo, sabia que seria impossível. Não tinha como o impedir e medir forças com ele era inútil. Só serviria para destruir meu próprio apartamento. Quando me coloquei no seu caminho, impedindo que passasse pela porta, ele simplesmente saltou pela janela da sala e pela primeira vez que o vi agir de modo irresponsável. Por sorte, era muito cedo e a rua estava deserta.

Quando o vi correr para a garagem, soube exatamente para onde iria, só não entendia como ele poderia saber onde encontrar o anjo.

Uma sensação de medo me assolou. Eu o conhecia muito bem para saber o que poderia acontecer. Sem me preocupar em trocar de roupa, saí em seu encalço. Desci até a garagem e ainda pude ouvir o ronco da Ferrari quando Donovan deixou o prédio. Entrei no meu carro e arranquei desesperada atrás dele.

Depois de alguns quarteirões consegui avistá-lo e comecei a buzinar. No fundo, torcia para que ele parasse, pois sabia que não poderia alcançar a Ferrari com o meu carro.

Para meu alívio, ele parou e desceu. Estacionei atrás dele, mas antes que eu pudesse sequer desligar o motor, ele surgiu ao lado da porta e ordenou de forma ameaçadora que eu retornasse para casa. Voltou para a Ferrari e deu a partida. Fiz a única coisa que me restava: o segui.

Conforme a Ferrari se afastava da cidade, ficava mais difícil acompanhá-lo. A distância entre nossos carros já era enorme. De repente, Donovan entrou em uma rua estreita, de terra batida, que cortava um parque, e foi obrigado a reduzir a velocidade. Consegui me aproximar um pouco mais e pude ver quando parou em um campo de futebol, que pelo visto não era usado há muito tempo. Logo à frente havia uma casa de três andares. Parecia abandonada.

Donovan caminhou até a casa, mas em vez de se dirigir à porta da frente, abriu uma das imensas janelas do primeiro andar e pulou para o interior. Na intenção de detê-lo, saltei atrás dele.

Segui seus passos, disposta a descobrir o que ele pretendia fazer contra o anjo e impedi-lo se fosse preciso, até que uma lembrança surgiu em minha mente. Tive consciência de que aquele lugar era familiar, apesar de nunca ter estado ali.

Assustada, parei caminhar. Aquela era a casa dos sonhos. Já tinha andado por aquele corredor muitas vezes. Nesse instante, tive certeza de que estava na casa de John.

Senti um frio na barriga. Agora não tinha mais dúvidas. Corri até Donovan e usando de uma força que jamais havia usado, segurei em seu braço e implorei para que não fizesse nada contra o anjo.

Para minha surpresa ele estancou. Abaixou a cabeça, passou os dedos em meus olhos e se afastou em direção à mesma janela por onde havia entrado. Fiquei parada, vendo-o entrar na Ferrari e partir. Permaneci chorando por mais alguns minutos, sentindo medo real pela primeira vez. Por um segundo, pensei que fosse perder alguém que amo e essa sensação me fez voltar ao passado; um passado que eu não queria lembrar.

Enxuguei os olhos e abri um sorriso triste. Sabia que John estava em algum lugar daquela imensa casa. Pensei que seria melhor se ele não me visse. Pulei a janela, entrei no carro e dirigi de volta para o prédio. Precisava pensar no que deveria fazer, agora que Don já sabia de tudo. A reação dele foi muito pior do que eu esperava e tinha de encontrar uma maneira de resolver essa situação.

Cheguei ao apartamento e fui direto para o quarto, dando-me conta de que minha vida seguia um caminho totalmente contraditório ao que eu poderia supor a algumas semanas.

Nunca achei que isso seria possível, mas aqui estava eu, engolindo o orgulho e admitindo: estava totalmente apaixonada pelo anjo. Encontrava-me em uma via de mão dupla, coordenada por dois seres totalmente opostos. Sentia-me confusa. Tudo estava muito incerto e eu não sabia como sair dessa encruzilhada.