Carlie
Minha visão ainda estava turva, mas aos poucos voltava ao normal. Minha mente, confusa depois daquele estranho sonho que acabara de ter. Uma voz desconhecida chegava aos meus ouvidos pedindo que acordasse e havia urgência naquele pedido, que mais parecia uma ordem.
Ao abrir os olhos, percebi que não estava mais no cômodo escuro, da casa no meio do nada. Também não estava de volta ao quarto, ou melhor, ao cativeiro no casarão de pedras, onde era mantida contra minha vontade por meu suposto anfitrião. Através da penumbra do ambiente, pude ver o homem à minha frente e logo atrás dele havia mais alguém, que não fui capaz de identificar. Ouvi vozes de outras pessoas que estavam mais ao fundo, mas não podia vê-las.
― Vamos acorde, Carlie! Está na hora de despertar.
― Alec, pare de brincar com essa criança! Tire-a logo desse transe e deixe-nos conversar.
― Sim, senhor! Mil perdões. Você ouviu o homem, Carlie. Acorde.
― O que está havendo? Onde estou? ― perguntei, aturdida. ― Quem são vocês e o que querem comigo?
Tentei me levantar, mas não pude. Estava fraca e mal conseguia mover-me, como se alguma coisa tivesse roubado minhas forças. Só depois de alguns segundos, que pareceram uma eternidade, me dei conta do motivo. Estava presa. Amarrada por correntes de aço em um tipo de altar em formato de cruz, como se estivesse pronta para ser sacrificada em um antigo ritual pagão. Aquela posição me deixava um tanto quanto desconfortável. O único lugar onde havia luz naquele ambiente era exatamente em mim.
Tá legal! Eu era o centro das atenções. Que garota não gostaria disso? Mas assim também já era demais.
Com a visão totalmente recuperada pude, finalmente, confirmar o que via. À minha frente estava o rapaz que há poucos minutos tentava me acordar. Sua aparência não era de todo estranha. Usava sapatos de couro, calça jeans escura, um casaco preto e uma malha por baixo. Sua pele era tão branca quanto a minha e seus olhos eram verdes como as folhas na época da primavera. Os cabelos escuros estavam penteados de forma que ficavam um pouco arrepiados. Em outra circunstância diria até que ele tinha um estilo bem legal. Mas o que me chamava atenção não era exatamente ele, sim o dono da outra voz.
― Olá, Carlie! É um enorme prazer encontrá-la. Desculpe pelos maus modos de Alec. Ele é jovem e gosta de fazer brincadeiras.
Apesar do esforço, mesmo com minha visão noturna não conseguia ver o rosto do homem que estava falando. Do lado de fora, tudo indicava que em breve começaria a chover. Podia ouvir o som dos trovões. Começava a relampejar e foi um desses relâmpagos que, de repente, clareou toda a sala onde estávamos e finalmente consegui enxergar o fundo.
Havia cinco tronos enfileirados, um ao lado do outro. O primeiro estava vazio, o que me deu a entender que poderia ser o assento do rapaz que estava ao meu lado. Em seguida, estavam os outros quatro. Todos ocupados.
Quase todos na sala pareciam muito casuais, como se fossem humanos, mas eu sabia que não eram. O primeiro da direita, ao lado do trono que estava vazio, usava um tênis simples, um jeans claro meio desbotado, uma camisa branca e um colete cinza. No meio estava aquele que parecia ser o líder e que certamente era o dono da voz que falara comigo. Era um pouco mais velho e apesar da aparência física de pequeno porte, se vestia como um Lorde inglês saído dos filmes de época, um verdadeiro rei das trevas.
O terceiro também aparentava mais idade. Usava sapatos e calça social, paletó e uma camisa preta aberta na altura do peito, e o último também jovem, fazia o estilo playboyzinho. Mas todos, sem exceção, não tiravam os olhos de mim.
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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