Capítulo 38 - A traição

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Carlie

Apesar de minhas inúmeras tentativas de falar com o anjo, ele seguiu sem atender minhas chamadas e, por fim, o telefone estava desligado, com certeza sem bateria. A noite perfeita que eu havia planejado para nós teve de esperar. Donovan havia saído como disse que faria e fiquei sozinha no apartamento, imaginando o que teria acontecido para John sumir sem dar notícias por todo o dia.

Não estava com disposição para sair sem a companhia dele. Então, optei por uma boa leitura, até que me entreguei ao sono e quando despertei o sol ainda não tinha nascido. Era muito cedo e, provavelmente, John estaria dormindo. Melhor! Assim eu poderia fazer uma surpresa. Despertá-lo com beijos. Quem sabe até passar algum tempo juntos.

Estacionei em frente a casa e entrei. A sala estava vazia. Segui pelo corredor em direção ao seu quarto, mas parei ao ouvir as vozes que vinham do interior. Vozes dele e de Claire. O que ela estaria fazendo ali àquela hora da manhã?

Tentando manter o controle, aproximei-me e percebi que a porta estava entreaberta. Empurrei a maçaneta, com intenção de me anunciar antes de entrar, mas a cena que presenciei lá dentro me deteve. John estava de pé ao lado da cama, como se tivesse acabado de se levantar e Claire, completamente nua, enlaçada em seu pescoço, beijando-o.

Senti meu coração parar e não esperei para assistir o restante da cena. Estava bem claro o que tinha acontecido antes de eu chegar e que este era o motivo dele não retornar minhas chamadas.

Dei meia volta, contendo as lágrimas e entrei no carro, dando a partida. No caminho de volta, liguei para o celular de John, sentindo a raiva e o desespero crescer dentro mim, mas o aparelho continuava desligado, caindo direto na caixa postal. Gravei um recado, deixando bem claro o que tinha visto e que ele não deveria mais me procurar.

Dirigi como uma louca pelas ruas da cidade, que àquela hora da manhã tinham um movimento intenso e quando, finalmente, entrei na garagem do prédio, estava totalmente tomada pela dor.

Tentei segurar o choro, mas foi impossível e quando a porta do elevador se abriu as lágrimas já rolavam descontroladas por meu rosto. Caminhei pelo corredor, sentindo que iria desabar a qualquer momento. Passei pela porta do meu apartamento e, sem pensar, entrei no apartamento de Donovan. Cruzei o hall e me detive, constrangida com a cena que presenciei.

Don estava sentado no sofá à minha frente, sem camisa, descalço, usando apenas um jeans desabotoado e com as presas cravadas no pescoço de uma loura que estava deitada sobre suas pernas, vestindo uma minúscula lingerie, enquanto outra estava sentada no tapete à seus pés. Aquilo era demais, até para mim. Senti-me enjoada e imediatamente me dei conta do erro que cometi. Já estava dando meia volta para sair, mas ele se levantou, livrando-se da mulher que estava em seu colo.

― Espere aí, Carlie! O que aconteceu para você entrar aqui nesse estado?

Não respondi. Não conseguia articular uma única palavra. Tinha a sensação de que, se abrisse a boca, romperia num choro desesperado que não terminaria tão cedo. Mas ninguém me conhecia tão bem nesse mundo quanto Donovan.

― Vocês, esperem aqui!

Don me pegou pela mão e deixei que me conduzisse até o quarto. Joguei-me sobre a cama, enfiando o rosto em um dos travesseiros e dei vazão à dor que me sufocava. Chorei como uma criança na frente dele, que me olhou aturdido antes de voltar para a sala.

Do quarto, pude ouvir quando ele dispensou as mulheres e me senti um pouco pior por isso. Sabia que eu tinha acabado com sua farra ou talvez fosse melhor assim, ao menos para elas.

― Sinto muito, meninas, mas a festa acabou. Sejam boazinhas, vistam-se e vão para casa.

Quando voltou ao quarto, Donovan se sentou ao meu lado na cama e puxou minha cabeça até seu peito.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora