Capítulo 20 - Kasyade

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Carlie

Fazia quase um mês, desde que tinha fugido de São Paulo e dos problemas com Donovan e Johnatan. Foi difícil, mas, depois de um tempo, consegui me adaptar a nova vida que escolhi. Kasyade parecia ser um cara normal, que estava interessado em minha amizade. Às vezes, ele flertava comigo, mas sua aproximação era leve e eu não me sentia pressionada a nada. Tinha que admitir que, na maioria das vezes, ele era tão divertido que quase me fazia esquecer aquela estranha sensação que eu costumava ter em sua presença.

Ele havia me convidado para passar uns dias em uma pousada, que ficava mais ao Sul e que, segundo ele, valia a pena conhecer pela beleza natural da região. Minha primeira reação foi recusar o convite, mas ele foi tão insistente que me convenceu.

Na verdade, eu gostava de sua companhia. Esses eram os únicos momentos em que conseguia me desligar um pouco de tudo que tinha acontecido e não pensar em John.

Terminei de arrumar uma mala pequena, apenas com o necessário para passar a noite e uma roupa para o dia seguinte. Separei os itens pessoais e comecei a me trocar para ir a seu encontro. Sempre me atrasava quando marcava algo com ele e dessa vez, por mais que me apressasse, não seria diferente.

Tínhamos marcado no mesmo lugar em que nos conhecemos e ao chegar, ele já estava à minha espera, com um sorriso que era uma clara proposta de me proporcionar um dia inesquecível.

― Olá, Kay! Desculpe mais uma vez por meu atraso.

― Não se preocupe, gatinha. Gosto de ficar à sua espera. Sei que serei recompensado com essa visão linda que não me canso de admirar.

Fiquei um pouco sem graça com aquele comentário inesperado, mas ele seguiu sem esperar resposta.

― Preparada para curtir um dia perfeito?

― Estou ansiosa! E louca para saber o que tem de bom nesse lugar.

― Então, vamos.

Pegamos a estrada e rapidamente nos afastamos da cidade. Não demorou muito para chegarmos a um pequeno vilarejo. Para ser sincera, havia apenas algumas casas e um reduzido comércio, distribuído ao longo da própria estrada.

Mais alguns quilômetros e entramos em uma via secundária, margeada por árvores que, de vez em quando, permitiam ver o que pareciam ser fazendas. Um pouco de plantação, pastagens para gado e mais estrada deserta. Até que avistamos um lindo casarão colonial.

Visto de frente, parecia monumental. Ocupava um grande espaço no meio do campo. Nenhuma casa por perto, apenas ele e uma longa área verde que se perdia no horizonte. Tive a impressão de que, se o avistasse de cima, veria apenas um ponto perdido no meio do campo.

Estacionamos em frente à entrada principal e saltamos. Kasyade abriu a porta e me estendeu a mão com um sorriso encorajador. De mãos dadas, atravessamos a grande porta dupla de madeira, que estava aberta. Percebi que não havia nenhum balcão de recepção. Também não havia mais nenhum funcionário, além do homem que retirava nossas malas do carro e uma senhora que nos aguardava.

A sala era imensa, com paredes marfim, piso de madeira escura e pé direito muito alto, com sancas que ornamentavam todo o teto.

― Carlie, essa é a senhora Berna. É ela quem cuida desse lugar junto com seu esposo, José.

― Mas o que acontece aqui, Kay? Como pode um lugar tão lindo como esse não ter ninguém hospedado?

A senhora Berna desviou seu olhar de Kasyade e deu um sorriso em minha direção.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora