Donovan
"Não seja idiota! Acha mesmo que ele mataria seu único trunfo?"
O argumento fazia sentido. Mesmo assim, não serviu para aplacar minha ira. Anjo ou não, eu não deixaria que ele me impedisse de pôr fim à existência de Vladimir. Afastei-me do caído, chutando o ar e desfazendo a barreira de energia que ele havia criado ao nosso redor.
Enquanto o caído esbravejava, fomos surpreendidos por um ataque furioso de Vladimir, que se aproveitou da barreira rompida para desferir vários golpes. Ambos fomos arremessados a uma longa distância.
Vladimir se aproximou, encarando-me. Seus olhos se estreitaram, mas me mantive firme, até que senti um estrondo aos meus pés, acompanhado de uma rajada de vento que levantou as folhas ao redor.
Tarde demais, percebi a assustadora ameaça e me preparei para recuar. Ainda tentei alertar o anjo, mas não houve tempo. Uma fissura profunda, em forma de raio, rasgou o parque, balançando o chão sob nossos pés. Quando a terra se abriu, veio a sensação de vazio e fomos engolidos. Mas Vladimir calculou mal sua posição e também foi parar no imenso buraco. Estava inconsciente, a uma pequena distância, do outro lado da fenda.
John
Precisava pensar rápido. Aquele era o único momento que teríamos, antes que Vladimir acordasse e acabasse com tudo. Vi que Donovan se levantava aos poucos, ainda meio zonzo, e corri para ajudá-lo.
― Você está bem?
― Não seja idiota! Acha que um golpezinho desses ia me abalar? ― Donovan respondeu, constatando que o corpo de Vladimir jazia inconsciente a uma pequena distância de nós.
― Precisamos de um plano. Quando ele acordar, distraia-o. Vou buscar uma coisa.
― Já disse que não preciso de você. Se quiser fugir pode ir.
Donovan era mais irritante do que eu imaginava.
Mesmo que não tenha sido exatamente combinado, deixei-o sozinho com Vladimir, que não tardou a recuperar a consciência e partir com tudo em sua direção. Voei para fora da grande fenda e corri para o meio do parque, por entre as árvores. Sabia que não poderia usar todas as minhas alternativas antes de conhecer os pontos fracos do meu inimigo. Se é que ele tinha pontos fracos. Mas eu já estava de posse do que tinha ido buscar.
Corri o máximo que pude de volta ao local onde Donovan e Vladimir lutavam. Meu plano era complicado demais. Literalmente, um tiro no escuro. Encontrei Donovan no chão, de costas, e Vladimir indo em direção a ele, pronto para atacá-lo. Ambos estavam feridos. Aquela era a deixa que eu precisava.
Saquei uma arma que raramente usava. Algo que consegui em uma de minhas missões antes de cair. Ela absorve energia do seu portador e a transforma em munição. Quanto mais forte o portador, mais potente o tiro. Dei dois tiros certeiros onde, supostamente, deveria estar o coração de Vladimir. Estava ciente de que ele, assim como Donovan, podia mover o coração de um lado para o outro do corpo e pelo jeito era exatamente isso que tinha feito, porque os tiros apenas o paralisaram por alguns segundos, fazendo brotar uma mancha de sangue em seu peito e uma expressão de susto surgir em seu rosto.
Vladimir se virou com os olhos cheios de fúria e correu em minha direção. Tentou me acertar com um golpe, mas os tiros o tinham afetado de alguma maneira. O soco saiu muito fraco e só precisei me esquivar. Donovan me olhou intrigado, como se questionasse que tipo de arma de fogo poderia abalar um vampiro.
― Seu anjo idiota! ― Vladimir berrou. ― Acha mesmo que balas de luz vão me deter?
― Quem disse que essa era minha intenção?
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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