M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão

Capítulo 8 - A ameaça se aproxima

Carlie

Eram quase cinco horas, quando Don se despediu com um beijo em minha testa, à porta de meu apartamento.

Segui para o banheiro, despindo as roupas pelo caminho, abri a ducha e deixei a água cair sobre meu corpo. A sensação me fez relaxar imediatamente e fechei os olhos, relembrando a noite agradável. Estava feliz por Donovan estar por perto de novo e, ao mesmo tempo, preocupada com o que poderia acontecer quando ele conhecesse John.

Pelo jeito que se comportou na boate, quando falei do meu relacionamento com o anjo, e por sua tranquilidade quando mudei de assunto, imaginava que não seria nada fácil. Precisava pensar em algo, e rápido, pois dificilmente conseguiria evitar que se encontrassem. E quando isso acontecesse, não queria que uma briga explodisse entre os dois.

Foi nesse momento que senti aquela presença tão familiar, mas eu não estava dormindo e isso me deixou confusa. Abri os olhos e foi como se John realmente estivesse ali, na minha frente. Ele me encostou contra a parede azulejada do Box, segurando-me pelos ombros. Estava furioso.

― Não permito! Você é minha, entendeu? Não aceito que fique desfilando por aí com seu amiguinho como se ele fosse seu namorado.

― John, não pode invadir minha mente assim! Você não devia estar aqui. Eu estou...

Antes que pudesse terminar a frase, ele completou:

― Nua. Eu sei.

Suas palavras ressoaram em minha cabeça. Sua voz estava rouca, a respiração alterada, como se apenas naquele momento tivesse tomado consciência do fato.

John

Estava com tanta raiva por vê-la com Donovan na boate, que agi por impulso. Queria puni-la, tirar da mente dela qualquer sensação prazerosa que aquela noite pudesse ter deixado. Mas, agora, encontrava-me naquela situação, como se fosse eu quem estivesse sendo punido.

Tive consciência do corpo nu de Carlie colado ao meu, da sensação de frescor do banho, do perfume que ela exalava... Aquilo não estava em meus planos.

Sabia que tinha rompido uma barreira importante, que invadia sua privacidade sem ter sido convidado e que, certamente, ela não aprovaria minha atitude. Não era assim que gostaria que as coisas acontecessem. Não em uma projeção.

Naquele momento, desejei que fosse verdade, mas sabia que essa não era a ocasião ideal. Queria que fosse algo inesquecível para ela, então, parti.

Carlie

Inesperadamente, encontrei-me novamente sozinha no banheiro. John tinha partido do mesmo jeito que surgira: sem aviso.

Senti todo meu corpo tremer e sabia que não era por estar afastada do jato de água morna ou por causa dos ladrilhos frios às minhas costas. Estava dividida entre a sensação de desejo e a raiva por ele ter invadido minha privacidade daquela forma.

Como ele se atrevia a fazer aquilo? Como ousava invadir minha vida desse jeito? Pensei furiosa embaixo da água. E como eu podia estar gostando tanto disso?

Saí do banho, sequei-me e coloquei um roupão felpudo antes de ir para o quarto. Ainda estava abalada com o que tinha acontecido. Penteei o cabelo pensando em como faria para resolver a animosidade que começava a se instalar entre meu namorado e meu melhor amigo, antes mesmo de se conhecerem.

Agindo automaticamente, vesti uma camisola e fui para a cama, refletindo sobre tudo que tinha acontecido; nas surpresas que tive nas últimas horas e no encontro com o anjo. Não sei quando peguei no sono. Só percebi que estava dormindo quando um corredor escuro surgiu à minha frente e ouvi uma voz recitando: