Carlie
Na manhã seguinte, pegamos a estrada em direção a São Paulo. O voo era as dez e chegamos com tempo suficiente para entregar o carro e fazer o check-in sem pressa. Kasyade parecia muito à vontade, apesar da noite passada e eu só conseguia pensar no que encontraria quando desembarcasse em Copenhague. Fazia tanto tempo e agora que estava tão perto de voltar sentia uma grande ansiedade.
Apesar de nascer na França, Copenhague foi a cidade que me viu florescer e era de lá que guardava minhas lembranças mais importantes.
Uma voz feminina e sensual anunciou o número do nosso voo nos alto falantes, tirando-me daquele devaneio.
― Vamos! Não quero ser o último a entrar no avião.
Dizendo isso, Kay pegou minha mão e seguimos para o portão de embarque. Ele planejou tudo para ficar comigo durante três semanas, o que me daria tempo suficiente para encontrar uma moradia definitiva, caso decidisse ficar de vez na Dinamarca.
Ainda não estava segura se fixaria residência por lá. Tudo dependia de como me acolheria a cidade que um dia foi meu mundo. Mas, uma coisa era certa: não voltaria antes de alguns meses e não me agradava a ideia de passar tanto tempo vivendo sozinha em um quarto de hotel. Antes que Kay voltasse para o Brasil, pretendia ter essa situação resolvida.
O voo foi tranquilo, sem atrasos e após uma conexão em Frankfurt, desembarcamos no aeroporto Kastrup, em Copenhague, na manhã do dia seguinte. Seguimos direto para o hotel, que ficava na região de Vesterbro, onde já tínhamos duas suítes reservadas. Estava ansiosa para sair e caminhar pelos arredores, mas era preciso me comportar conforme o esperado após o longo voo.
Contentei-me em desfazer as malas e descansar um pouco no quarto até às três horas da tarde, quando deveria descer ao restaurante para unir-me a Kasyade em uma refeição. Só depois, sairíamos para uma caminhada pela cidade.
Faltavam quinze minutos para as três quando não consegui mais me conter e saí da suíte. Entrei no restaurante com a esperança que meu amigo já estivesse lá. Após uma rápida busca, concluí que ele não estava tão ansioso quanto eu.
Escolhi uma mesa no canto, perto de uma grande janela com vitral de cristal e observei a elegância com que o garçom se aproximou.
― Boa tarde! ― Ele falou, oferecendo-me um cardápio. ― A senhorita deseja algo para beber?
― Sim, obrigada! Estou esperando uma pessoa. Por enquanto, pode me trazer uma taça de vinho branco.
O restaurante estava quase vazio àquela hora. Provavelmente, os outros hóspedes estavam passeando pela cidade ou já haviam feito suas refeições. Apenas uns poucos se encontravam ali, reunidos em pequenos grupos ou em pares. O garçom voltou com minha taça de vinho na mesma hora em que avistei Kay cruzando a porta. Seu olhar percorrendo todo o salão, com certeza a minha procura. Acenei para que me visse e ele encaminhou-se para a mesa, abrindo um de seus já familiares sorrisos.
― Essas horas de descanso lhe fizeram muito bem. Você está radiante ― e imediatamente ele emendou: ― Devo dizer que estou surpreso. Essa deve ser a primeira vez que você chega antes de mim em algum lugar.
― Sentia-me um pouco entediada na solidão da suíte, mas não estou aqui há muito tempo. Na verdade, cheguei há apenas alguns minutos.
― Imagino que você não vê a hora de sair. Não é mesmo?
― Kay, você já me conhece o suficiente. Podemos pedir alguma comida rápida? Quero aproveitar o fim de tarde.
― Claro que sim. Que tal um filé, uma taça de vinho para acompanhar e então saímos?
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M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da Escuridão
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