Capítulo 28 - A última esperança

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Carlie

Estava consciente de que precisaríamos lutar muito para sair dali e teríamos pouco tempo para fazer isso e sumir, agora que o anjo havia se revelado. Nunca imaginei que um dia precisaria lutar para me manter viva, nem que precisaria de uma arma. Por isso, nunca pensei em adquirir uma. Mas sabia que poderia dar conta de Alec, usando apenas minhas habilidades de vampira. Já o tinha observado o suficiente para perceber suas fraquezas. Sabia exatamente o que precisava fazer para derrotá-lo ou, pelo menos, paralisá-lo por tempo suficiente para que déssemos o fora dali.

Do outro lado do salão, Bartolomeu e Demétrio também estavam devidamente armados. Anaim pegou uma grande lança, que estava apoiada em um canto da parede e se juntou a eles. Em meio à movimentação, percebi um reflexo brilhante e avistei um objeto dourado nas mãos de Alec.

Aquilo só podia ser brincadeira! Alec tinha um arco e flechas, e pela forma que elas reluziam deviam ser revestidas de ouro.

Bela maneira de morrer, Carlie! Pensei. Uma flecha revestida de ouro, cravada no coração. Até que seria bem apropriado para uma garota como eu, se não tivesse a intenção de continuar viva.

Minha atenção foi desviada para John, que lançou sua espada na direção de Demétrio. Donovan partiu para interceptá-la e a agarrou ainda no ar, mas Demétrio aproveitou a oportunidade e arremessou os dois chicotes simultaneamente, prendendo os braços de Donovan e o puxando para trás. Em seguida, lançou ondas de energia através dos chicotes, mas antes que elas alcançassem o corpo de Donovan, o anjo se aproximou e desferiu dois socos que o fizeram largar os chicotes, e com um terceiro golpe ainda mais potente, arremessou-o longe, fazendo-o cair desacordado no piso do salão.

Com Demétrio inconsciente as coisas ficavam um pouco mais fáceis. Mas os dois vampiros restantes eram ardilosos, além de muito rápidos, e sumiram do nosso campo de visão. Para garantir a retaguarda, Donovan e o anjo deram as costas um ao outro e esperaram pelo ataque.

― Não consigo vê-los e você?

― Também não, mas pretendo sair logo daqui, então, concentre-se ― Donovan respondeu.

― Mas, e Carlie? Podem tentar pegá-la e usá-la para obrigar a nos rendermos.

― Eles não farão isso. Não vão abrir mão de uma boa luta, nem da oportunidade de nos matar.

Antes que Donovan terminasse a frase, Bartolomeu e Anaim surgiram, distribuindo golpes em sequência para dificultar o contra-ataque. Aquela cena me deixou aflita. Queria pensar em algo para ajudá-los, mas não tive tempo.

― Nada disso, princesinha! ― Alec exclamou com desdém. ― Não acha que vou ficar aqui parado, esperando você correr para ajudar seus amigos, não é mesmo?

Ignorei a provocação, tentando encontrar uma maneira de me esquivar dele e correr para perto de Donovan e John.

― Sabe? Sempre adorei as caçadas. Por isso, decidi transformar meu arco em uma arma mortal. Como você já deve ter percebido, ele é totalmente forjado em ouro e as flechas de madeira revestida, contêm um veneno especial, capaz de matar vampiros. Finalmente, terei o prazer de experimentá-lo e será em você.

Ao ouvir aquilo, gelei. A aparência de Alec havia mudado drasticamente. Já não parecia mais um simples menino. Estava mais para um verdadeiro demônio. Mirou seu arco em minha direção e atirou a primeira flecha, errando propositalmente, fazendo-a passar bem ao lado de meu rosto.

― Vamos garota, fuja! Não transforme minha caçada em uma experiência sem graça. — Ele incitou, tentando induzir-me ao erro.

― Não vou fugir de você, Alec! Se quiser me caçar, venha — respondi sem me intimidar, sentindo-me surpreendentemente segura.

M.A.D.E. Primeira Geração - série Mais Além da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora