Faruk...
Abro as asas pegando impulso e Vejo a poucos metros um pequeno veado. Meu almoço. Ele salta o pé de uma árvore e se abaixa pelo próximo galho. " Droga!" Estico as asas como um leque ao meu lado e faço uma parada brusca para não bater contra a árvore. O vento que elas produzem levanta folhas e terra do chão, desvio da árvore e volto a voar para cima do veado. Junto as asas ao meu corpo e atravesso entre dois galhos enrolados. "Por pouco..."Bato as asas pegando mais velocidade e acabo planando em cima do veado. Puxo a espada da bainha e com um golpe certeiro acerto seu pescoço, ele rola sobre o mesmo e sai se arrastando até bater em uma árvore. Abro as asas novamente como um leque e fecho em seguida e aterriso com um pé, me curvo sobre meu joelho, apoio uma mão sobre ele estendendo a outra que seguro a espada.
Me levanto e olho para trás. O veado em questão se debate e tem grandes olhos assustados me olhando. Empunho a espada com as duas mãos segurando com firmeza e soltando um grunhido abaixo a espada sobre o pescoço dele com força. A cabeça se solta do corpo e largo a espada no chão. Me endireito. O corpo dele pulsa jogando em cada pulsada um pouco de sangue.
"Lenha! Preciso de lenha. " Olho em volta e coloco parte do meu cabelo atrás da orelha. Vejo alguns galhos secos em árvores distintas e caminho para elas. Cada passo que dou faz as laterais da capa que uso voarem, o vento contra meu rosto refresca de certa forma minha pele quente e suada. "Preciso me livrar dessas roupas e tomar um banho."
Alcanço as árvores de características distintas e uso magia para cortar os galhos. Levanto o indicador e uma névoa negra atinge o galho, ele vai ao chão causando um barulho incômodo.
Faço isso em mais alguns galhos e suspiro. Herança de sangue pode ser benéfica as vezes. Junto os meus dedos sobre o feixe da capa e abro deixando ela cair para trás aos meus pés, em seguida seguro as laterais da camisa negra e puxo por cima de meu pescoço, deixo descansar por cima da capa e olho para trás. Caminho a passos lentos e olho para meu abdômen, gotas de suor salpicam meu corpo e descem até o tecido da calça onde se perdem mais abaixo. "Preciso de um banho!" Me aproximo do veado e pego minha espada, limpo a lâmina na parte da cabeça do animal e devolvo a bainha.
Alcanço em meu bolso um elástico e prendo o cabelo em um coque samurai. Passo por cima do veado e segura as patas dianteiras com uma mão e as traseiras com outra. Aperto o maxilar e ergo o corpo dele jogando por cima de meus ombros. Caminho de volta para perto dos galhos. O sangue do bicho escorre por meu ombro e desce mais abaixo pela lateral de meu tórax. "Quanta sujeira!" Torço o nariz sentindo o sangue descer mais abaixo. Sorrio com o canto dos lábios.
"Posso fingir ser um camponês incrivelmente sexy e misterioso, não seria ruim se uma donzela perdida me visse nessas condições."
Um bom partido sabe caçar! Um bom partido é um ótimo predador. "Não vá por ai Faruk..." Meu pensamento voa para Ada. Vejo ela em nossa cama se contorcendo em cima dos lençóis com os olhos cerrados e a boca semi aberta. "Pare agora!"
Limpo meus pensamentos e deixo o corpo do veado cair ao lado dos galhos. Monto um pequeno espeto suspenso em cima da lenha que adquiri. Arranco da coxa minha adaga e começo a tirar o couro do animal. Depois de algum tempo meu estômago ronca. "Já atenderei seus anseios!"
Espeto o veado sobre a lenha e estendo a mão aberta sobre a lenha. Ela estala e segundos depois o fogo surge. "Não é tão ruim afinal, ser filho de uma bruxa!" O veado começa a assar e me sento sobre minha capa ao lado da camisa descartada. Olho para o fogo e sinto meu peito doer.
Ada...
Mesmo agora ainda me pego pensando nela algumas vezes. Não há honra em infligir dor a ela enquanto eu sou feliz. Ela precisa parar de sofrer por minha causa.
Fecho os olhos e passo a mão na testa. "Eu te amo Ada..."
Abro os olhos e olho para minhas mãos sujas e ensanguentadas, sinto minha visão ficar turva. "Me perdoe por isso..." Aperto as mãos e minhas unhas cravam na pele. Sinto quando a pele se rompe e afrouxo as mãos. Dor físicas nunca foi tão inútil a ponto de não superar as dores da alma.
Suspiro.
Assim que o veado fica pronto retiro pedaços e levo a boca. Como o suficiente para aguentar o restante da caminhada.
Alimentado.
Me espreguiço e agarro a camisa. Amarro na cintura. Vesti-la apenas depois de limpo. Coloco a capa novamente sobre os ombros e fecho o feixe. Caminho esticando as asas. "Descansem!" Caminho sentindo o vento gélido algumas vezes soprar contra os músculos de meu abdômen.
O frio cortante que atravessa meu corpo não é o suficiente para supor ser mais gelado que eu.
Depois de um longo tempo caminhando chego próximo ao rio. Sorrio. "Senti saudades!"
Esse foi um dos rios que secou com os anos.
Retiro a capa e desamarro a camisa, retiro a bainha e deixo em cima da capa, desabotoo a calça e saio de dentro delas. Não uso cuecas. Incômodo desnecessário. Gargalho sozinho. Respiro fundo e faço uma careta.
Minha belíssima Boxer ficou inutilizada em um dos meus banhos. Como pode um pássaro fofo como aquele pardal cagar em cima dela! Ultrajante!
Corro para a água e pulo mergulhando. Afundo na água e abro os olhos. "Tão cristalina" .
Me demoro na água fresca e volto a superfície. Meus cabelos pedem liberdade e saio da água deixando o elástico próximo as roupas. Volto para a água e assim que estou dentro mergulho a cabeça tirando em seguida e jogando para trás. Passo mão puxando para trás e abro os olhos em seguida.
"Nada como um bom banho!"
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FARUK II - A Rosa Vermelha
FantasyWtf mundo???? Dois? Finalmente! Após todo o sofrimento, Ada começa a ter estranhos pesadelos que terminam sempre antes de ter uma explicação. O pior? Faruk sumiu. Agora ela tem que correr contra o tempo para salvar seu amado... Vem comigo em mais...