Capítulo XLIV

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Saímos do quarto e caminhamos para fora. É possível ouvir uma multidão lá fora, todos já estão a postos. A vibração no chão aumentou. O caminhar dos gigantes é um tanto quanto assustador. Temos uma tropa vindo na direção do castelo. Caminho ligeiramente atrás de Faruk. Seguro sua mão. Ele disse que não era para mim soltar mais. Comemos uma fruta cada um e estamos saindo do castelo. Olhei pela janela antes de deixarmos o quarto. Meu coração está a mil por hora.

Já é visível uma linha enorme de gigantes caminhando para cá. A cada passo a terra treme mais forte. Sei que atrás vinha algo negro. É como uma coberta estendida no céu. Sei que dentro das matas caminham mais guerreiros da parte deles. Tenho medo do que sairá das matas e tentará cruzar o lago.

Passamos pelo salão e na porta da frente vejo o outro Faruk. Ele Olha para trás e parece preocupado. Faruk está usando una camisa preta, calças de couro, botas cano longo e está com a capa preta. Ele conseguiu roupas para mim. Estou com calças de couro pretas, botas longas e armadura. A longa capa vermelha arrasta atrás. Ele me entregou uma espada, arco e flecha e tenho minha adaga amarrada no tornozelo por cima da bota. Ele carrega sua espada na bainha.

Paramos assim que alcançamos o outro. O outro Faruk é o Primeiro a falar.

- Temos mais homens, mas eles tem gigantes... - ele parece muito preocupado.

- Não se preocupe, derrubarei alguns antes que possam atacar. - o outro suspira.

- Como fará isso? - ele me olha e oferece um sorriso amigável.

- Apenas observe. - ele assente. Faruk volta a caminhar e saímos para fora. O barulho é grande. Rugidos, gritos de guerra, relinchares... engulo seco. O céu ainda está limpo. Paramos no topo da escadaria. A visão que tenho é de apenas grifos e unicórnios. Alguns seres alados já sobrevoam, mas a maioria está entre os grifos e unicórnios. Aperto a mão de Faruk e ele olha para mim com seriedade.

- Espero que esteja pronta. Somos os primeiros na linha de frente. - assinto. Ainda não tenho raiva, só medo. Faruk Olha para frente e olho também. A terra vibra com força e o silêncio começa a se instaurar. Está quase.

Os gigantes se aproximam e ouço os gritos das árvores da floresta enganosa quando são esmagadas por seus pés. Agora consigo identificar a barreira negra. Bruxos. Todos vestidos de preto. Sobrevoam logo atrás dos gigantes. Olho para Faruk e ele puxa o capuz cobrindo o rosto. Assim que os gigantes param, nove bruxos sobrevoam e param a frente.

Faruk Olha para mim e Sinto cada célula do meu corpo ligar. O céu começa a escurecer e a mesma raiva que vem dele começa a brotar em mim. Seus olhos começam a assumir a cor vermelha e sei que os meus também, pois o sorriso sombrio que surge em seus lábios me garantem isso. Meus cabelos começam a reluzir.

- Pronta Guardiã ? - assinto e alçamos vôo lado a lado, revezamos ao bater asas para que elas não se choquem e paramos na frente dos nove bruxos. Faruk mantém a cabeça baixa e o capuz sobre o rosto. Olho para os Nove e vejo olhares divertidos e vingativos.

- Uma pena ter que matar uma coisinha tão linda. - um dos bruxos com cabelos encaracolados e um rosto lindo sorri para mim. O céu termina de fechar e trovões ressoam. Ele desvia o olhar para Faruk que continua com o capuz sobre o rosto. - O tempo está respondendo? Faruk? - ele torna a olhar para mim - Uma pena não poder desfrutar de sua beleza em minha cama minha cara... - mais trovões ressoam e o sorriso do bruxo se alarga. Ele olha para Faruk e depois para mim - Então você é a causa do comportamento dele? Ele parecia bem descontrolado longe de você. O tempo estava firme até agora. - ele suspira e solta uma mão da vassoura e estende para mim. - Sabe o que podemos fazer? Ele sabe. - ódio ronda seus olhos - Ele fingiu estar do nosso lado para depois nos trair. Quem diria que um bruxo acabaria contra seu próprio povo! - sorrio.

- Você não sabe com quem se meteu... - ele gargalha. "Os outros são mudos!?" Olho para os outros. Ele limpa a garganta e olho para ele.

- Antes de te matar quero provar você e descobrir o que ele viu em você além desses cabelos reluzentes e tamanha beleza. - olho ele de cima a baixo enquanto o céu se ilumina. Raios e mais raios caem atrás deles e gritos agudos chegam ao meu ouvido.

- Não. Ouse. Tocar. Ela! - A voz de Faruk é irreconhecível. Grave, tão assustadora que me assusto um pouco. Ele levanta a cabeça e puxa o capuz. Olho para nossa mão e meu coração acelera. A mão dele é completamente negra. Olho para seu rosto e vejo a imagem mais linda e aterrorizante. Abaixo de seus olhos correm veias grossas e negras como as raízes de uma árvore. Todo seu corpo está envolvido em uma névoa negra fina. Sua boca é completamente negra e não vermelha como me lembro. A esclera de seus olhos são negras e a íris vermelha. Ele está mais pálido do que de costume. A escuridão que emana dele é realmente alucinante. Olho para o bruxo e ele assente.

- Boa sorte Faruk. - ele diz e eles retornam. Faruk Olha para mim e por um momento seus olhos mudam de cor. Amarelo. É tão rápido que quase não pego a mudança. Ele me encara. Fecho os olhos e foco em todo o mal que eles podem fazer ao meu povo.

O sangue que eles vão derramar para assumir Pearl.

Penso nas gerações futuras. Louise, Tales, Miguel.

Penso nos meus amigos que estão aqui. Drogo, Arthur e Gael. Penso em Rocca e Uga.

Sinto raiva brotando e sinto meu corpo queimar. Calor intenso em torno das asas, virilha, seios, boca, cabelos e mãos. Abro os olhos e encontro o sorriso genuíno de Faruk.

Olho para ele e penso no mal que eles podem causar a ele. "Não vão machucar ele!"

FARUK II - A Rosa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora