FARUK II - A Rosa Vermelha

Capítulo X

Ada...
- Prontos? - Drogo bufa. Acabamos de comer o lobo que atacou Gael.

- Não! - coloco as mãos na cintura.

- Passamos a manhã inteira fazendo nada! Se te faz se sentir melhor nós podemos tomar um banho e você fica cuidando de Gael enquanto eu e Arthur vamos procurar Faruk! - cuspo. Ele me olha e seu rosto se ilumina. Gael está deitado no chão apoiando a cabeça sobre o colo de Drogo. Arthur e eu estamos de pé.

- Boa idéia Guardiã Vermelha! - sorrio. "Finalmente algo útil saiu dessa minha cabecinha!" Limpo a garganta e me endireito.

- Gael? - ele me olha parece zangado - Ficará aos cuidados de Drogo e não irá conosco, por favor contenha seus ânimos e fique bom logo. - ele me lança um sorriso amarelo.

- Não se preocupe, não serei um peso morto para você em breve. - ele pisca e assinto.

- Então já que finalmente escutaram o que eu digo! - "Coisa rara desses cabeças duras!" - Vamos procurar um rio! - Arthur limpa a garganta. Olho em sua direção.

- Sei onde tem um rio. - assinto.

- Nos leve até lá. - ele se abaixa e Gael se senta apoiando um braço em seu ombro. Drogo apoia o outro braço e uma asa de Drogo acaba cobrindo o rosto de Gael.

- Tire essa coisa da minha frente! - o humor de Gael tem piorado consideravelmente.

- Você não está em condições de ordenar nada aqui! - Drogo retruca e eles ajudam Gael a ficar de pé. Arthur parece preocupado.

- Mantenha suas asas baixas descansando, teremos que voar, não acredito que esteja tão longe, mas se formos a pé demoraremos uma eternidade para chegar. - limpo a garganta.

- Você consegue fazer isso Gael? - pergunto preocupada. Ele revira os olhos.

- Não tenho muita escolha. - dou um sorriso reconfortante e suspiro.

- Vamos Arthur. - Voamos razoavelmente lento.

Sigo os três a alguns metros para trás. Voamos por pouco tempo até Arthur introduzir.

- Vamos baixar! O rio está em frente. - pousamos e Gael geme quando batem no chão.

- Você está bem Gael? - pergunto e corro até ele, seguro uma de suas asas e ele olha para trás abruptamente.

- Não toque nelas! - reviro os olhos e cruzo os braços. Passo a frente pisando duro.

- Seu humor está insuportável! - digo. Ele suspira. Começamos a caminhar.

- Eu prometi que encontraria Faruk e agora terá que continuar procurando por ele sem mim. - olho para trás e meu coração se aperta. Sinto minhas vistas se embassarem.

- Você não pode ficar se martirizando dessa forma. - digo com a voz embargada.

- Encontraremos ele. - digo e ele me lança um olhar penoso.

- Vou querer socar a cara de Faruk quando encontrarmos ele! - Gael lança com fúria. Olho para minhas mãos e cruzo os dedos sorrindo.

- Eu mesma quero poder fazer isso... - digo piscando, uma lágrima furtiva escapa.

- Ele realmente não faz ideia do quando te machuca indo atrás do passado dele. - ele afirma rudemente. Suspiro e levanto a mão secando a bochecha.

- Pode guardar essas palavras para quando encontrarmos ele. - digo com um fio de voz e Gael bufa. De repente o barulho de água enche meus ouvidos. É fraco, mas posso ouvir. Me ânimo. "Encontrarei Faruk, mas quero estar limpa!" Sorrio e bato palmas. - Estamos quase lá. - olho para os três que sorriem. Gael balança a cabeça e parece indignado. - Podia pelo menos tentar parecer feliz. - afirmo e procuro seus olhos, ele me encara e espreme a boca em uma linha fina.

- Vai arder quando eu entrar na água. - gargalho.

- Vejam só! - aponto o dedo para ele e balanço o dedo de cima a baixo para ele - O chefe da Guarda das Fadas e dos seres alados está parecendo uma garotinha agora. - ele espreme os olhos e aperta o maxilar.

- As vezes desejo te dar uma surra Guardiã! - ele exclama com raiva, Drogo e Arthur caem na risada. Suspiro e ando para frente ouvindo o barulho das águas aumentarem. "Pelo menos devo parecer bem." Sei que Gael sente que estou demostrando uma alegria forçada e uma força emocional que não tenho.

"Faruk..." A cada segundo que passa sinto toda a merda que passei querendo me engolir. Sem ele não consigo ver alegria. Irônico não? No final a Lua do céu é ele e não eu. Sou a completa escuridão sem ele.

Engulo em seco. "Espero que ele esteja realmente em perigo! Senão vou querer socá-lo com força!"

Algo me diz que vou encontrar ele antes do que quero. Meu coração está apertado. Tenho um pressentimento ruim.

Algo me diz que haverá alegria em nosso reencontro. Tento ignorar a palpitação que sinto e levo a mão ao peito. "Pare já com essa besteira! "
Me lembro da época que vivia para afastar ele de mim e agora não sou nada sem ele.

A vida pode ser tão traiçoeira.

Vejo o rio logo em frente e sou tomada pelo choque. Longas asas negras descansam brilhantemente nas costas de um homem de costas que acaba de vestir as calças.

- É ele! - Arthur sussurra. Meus olhos se enchem de lágrimas. "Faruk..." Meu coração acelera. Ele se abaixa e pega a camisa, ele ajusta entre as asas e veste ela, sua cabeça cai para frente e sei que os dedos longos estão fechando os botões. Os cabelos negros como a noite estão molhados e brilham.  Ele está coberto. Toda a extensão de pele pálida está debaixo de toda a cor negra que o preenche.

Os três voltam a andar e vejo quando Gael se solta de Drogo e Arthur. Ele caminha rapidamente ignorando o ferimento. Drogo e Arthur estão aturdidos. Estou paralisada no chão e lágrimas insistentes caem. O barulho da água é forte. Gael gira Faruk pelo ombro e curva uma perna levantando o braço e socando a cara dele.

Soluço. "Faruk... Ele está bem!"

Faruk cambaleia para trás e cai com as asas abertas na água. Ele se endireita na água e leva a mão ao rosto, vejo quando ele levanta o olhar e congelo. Seus olhos estão mais escuros do que jamais vi. "Quem é você?"

Ele me olha com frieza e isso quebra meu coração. Soluço. "Meu guardião quebrou..."

Ele ainda olha para mim quando Gael segura seus ombros.

- O que diabos você quis dizer quando pediu para que eu protegesse ela?! - "Me proteger?" - Você ficou louco!? Como ousa deixar ela e correr de volta para seu passado! - ele grita.

" Me proteger? "