Capítulo XII

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Caiu e protejo meu corpo com as asas. Exaustão.

Meu corpo treme.

Olho para cima e deixo as asas se abrirem a cada lado.

"Ada... Me perdoe!"

Quebrei o coração dela de propósito para impedir que ela sequer um dia me conheça. Joguei todas as minhas apostas de que dessa vez ela vai.

Sinto como se tivesse levado uma surra. Não foi fácil ver seus olhos amedrontados, tristes e magoados comigo. A dor que senti ao ver ela chorar me esmagou. Eu fui o causador do seu choro. Eu causei dor nela. Eu causei dor a única pessoa que costumava me salvar da inércia.

Fecho os olhos e sinto-me fraco.

Eu sou o pior.

Suspiro.

E é por isso que acabarei com tudo de uma vez. Não vou deixar que mais ninguém machuque ela novamente. Está será a última vez que alguém machuca ela!

Tento por forças em minhas pernas e me colocar de pé. Minhas roupas estão suadas e molhadas por causa de Gael. "Estúpido! Eu estava lhe dando a oportunidade de se tornar guardião em meu lugar!" Sinto ciúmes e foi merecido o soco que recebi dele. Fui um bastardo! Um filho de uma puta. "Faruk!" Suspiro. Vejam só a que ponto cheguei. Usando palavras baixas para se referir a mim mesmo.

Mereço o pior.

Eu faria muito mais que socar a cara do homem que machucasse minha rainha. Eu o destrosaria. Rio amargamente. Não nasceu o homem que possa me derrubar ainda.

A única coisa que me resta é rezar para os instintos de Ada não aflorarem mais e ela sentir a dor no meu peito.

***

Meses atrás...
A beleza de Ada é tão marcante que não me canso de admirar.

Venho me sentido perturbado, mas sua presença faz-me sentir completo novamente. Estamos em festa. É seu aniversário. Vinte e um anos. Ela está linda em um vestido vermelho sangue e pula no salão enquanto dança animada com Miguel e sorri. Sinto o ciúmes corroer minhas entranhas, mas prometi me comportar e é por isso que estou sentado agarrando as laterais das cadeiras com força e os nós de meus dedos estão brancos.

Sorrio como se estivesse me divertindo, mas quero arrancar ela do salão e levá-la para nossa cama e demostrar que sou o único que deve tocá-la de qualquer forma. Suspiro aliviado quando a música acaba e relação as mãos quando Miguel se afasta dela olhando para mim e me reverência. Faço um movimento com a cabeça para parecer diplomático.  "Mal sabe ele o quanto queria suas mãos cheias de segundas intenções longe de minha adorável Ada." Ada se vira para Louise e Tales e conversa animada. Me levanto e aliso meu smoking.

Caminho com leveza para perto dela e toco uma de suas asas. Ela se vira. Seu cabelo que brilhava agora parece reluzir em todo o salão. Seu sorriso se ilumina.

- Será que eu humildemente terei o prazer de desfrutar de uma... - alguém limpa a garganta atrás e me viro com elegância para encontrar Gael sorrindo.

- Posso roubar ela e dançar a próxima música. - meu humor sombreia. "Ela nem sequer dançou comigo!" Bufo e dou um passo para o lado estendendo a mão e direcionando dela para Gael. Ele me encara e sabe que estou me corroendo por dentro de ter que dividir ela com todos essa noite. Ele sorri com petulância e quero cortar lhe o pescoço e oferecer seu corpo para os cachorros.

- Obrigado. - ele agradece. Ada olha para mim e sinto quando seus olhos se convertem em puro desejo ao me encarar. Respiro aliviado e volto para a poltrona. "Ela é minha de qualquer forma."

Me sento sorrindo e viro para pegar ela dançando com Gael. "E mesmo sabendo disso quero arrancar lhe o coração." Seguro os braços da poltrona novamente enquanto ela dança pelo salão.

Tão bela. Tão meiga. Louca. Teimosa. Tão minha...

Ela gira e suas asas se arqueiam. Tão leve. Ela sorri e fecha os olhos enquanto volta a girar. Espontânea. Não me canso de olhar para ela.

Assim que a música acaba me levanto impaciente e tomo sua mão. Gael sorri.

- Ela é toda sua Faruk... - ele me reverência e se afasta se envolvendo na multidão.

Apoio as mãos em sua cintura e ela joga os braços em meus ombros. Seu sorriso se alarga e seus cabelos parecem pegar fogo de tanto brilhar.

- Não sei como ainda não me tirou do salão... -. Ela diz sorrindo e desço o olhar para seus lábios.

- Estou tentado a fazer isso agora mesmo! - ela nega e com diversão procura meus olhos. Volto a encarar ela.

- Se comporte. - ela pede e suspiro jogando a cabeça para trás. Volto a olhar para ela.

- Sou seu servo mais fiel minha rainha. Seu pedido é uma ordem. - digo e solto um sorriso com o canto dos lábios. A música começa e a jogo para cima. Ela se curva para trás e abre as asas. Todos saem do salão.

Hora do nosso Show.

Volto ela ao chão e giramos pelo salão valsando. Seguro apenas uma mão e solto a outra. Ela se distancia e volta girando para perto. Curvo seu corpo para baixo e meu rosto vai parar na altura de seu pescoço, puxo o ar com força trazendo o perfume dela para meu nariz. "Minha..." Nos endireitamos e voltamos a girar pelo salão. A música acelera e capturo os olhos dela com os meus, ela assente e parece aguardar. Um resonante ...Ó... Toma o salão quando a jogo para cima e ela valsa sozinha fora do chão. Me transformo em fumaça e me transporto para trás dela. Seguro sua cintura e valsamos no ar. Me aproximo do seu ouvido.

- Agora! - ela assente e se afasta. Ela bate as asas uma vez e se impulsiona para cima cobrindo seu corpo com as asas vermelhas. Queda livre. Me transformo em fumaça a tempo de escutar gritos no salão. Sorrio e me transporto para o chão. Sinto o corpo de Ada tocar meus braços.

"Bem a tempo."

Desço ela no chão e todos aplaudem. Ela me olha com desejo.

- Não me canso nunca disso. - sorrio.

- Eu jamais me cansarei de você. - ergo o braço e uso o indicador para apertar seu nariz. Ela leva a mão ao nariz sorrindo.

FARUK II - A Rosa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora