Capítulo XVII

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- Já lhe disseram que lembra a rainha quando era jovem? - a pergunta do rei me deixa um pouco ofendida. Ao ver ele tenho a absoluta certeza de que ela tem um gosto duvidável. "Cinza? Tantos seres alados, tantas cores... Cinza? E por essas cadeiras não estão em seus lugares? Este lugar é do avesso!?" Suspiro.

- Estes guardas fizeram a ligação entre mim e a rainha, mas ninguém do vilarejo que me viu comentou esse pequeno detalhe. - "Nem mesmo a bruxa! Mãe de Faruk!" Aquela boa Mulher me colocou em uma situação embaraçosa.

- Te convido a ficar aqui no reino conosco... - ele sinaliza para alguém atrás dele. - Chame a rainha. - olho para trás e em seguida para o rei.

- Eu adoraria ficar, mas tenho que convencer uma pessoa de que está errado e que nada deve nos impedir. - ele parece incomodado.

- Você é de onde? - engulo seco. "Futuro..." Lembro que não funcionou muito bem mentir da última vez. Talvez a verdade seja a saída.

- Uma parente distante da rainha. - digo. Ele parece surpreso.

- Minha mulher nunca falou sobre parentes, não acho que ela tenha parentes. - ele parece desconfiado. "Parabéns Ada! A verdade é libertadora! Lide com isso agora trouxa!" Minha respiração aumenta.

- Talvez ela não queira incomodar um rei tão atarefado. - digo sorrindo nervosamente. "Sua desculpa é péssima!" Quero chutar meu próprio traseiro. A rainha entra no salão. Ela não é tão nova, mas é linda. Seus lábios são de um vermelho vivo e seus olhos são duas piscinas.

Ela se senta na poltrona e me olha com curiosidade.

- Quem é você? - "Sua parente!"

- Sou sua parente? - digo soando duvidosa. Ela parece confusa. "Sou tão boa para me meter em confusão, queria ser boa em sair também!"

- Não creio que seja. - ela olha para o rei. - Quem é a moça? - "Ó céus! Me engula!"

- Ela se parece com você, achei que gostaria de ver. - a rainha volta a olhar para mim e seu olhar clareia. Ela parece chocada.

- Que diabos... - engulo seco. "Tudo menos a forca!" Me ajoelho.

- Eu não quero incomodar vocês, eu simplesmente estou aqui para buscar uma pessoa que amo, poderiam por gentileza me deixar ir... - Eles negam. "Pelo menos sei que tentei." Lembro de Faruk e me sinto tentada a perguntar se querem que eu seja acorrentada a um quarto.

- Fique... Sua presença é bem vinda. - a rainha sorri. O olhar do rei se torna sombrio.

- Bruxa... - ele murmura. Arregalo os olhos e nego.

- Não. Não sou bruxa. - balanço as mãos dizendo não e ele se levanta. "Bipolar! Alguém chame um psiquiatra para esse homem!"

- Levem-na para o calabouço. - olho para trás e depois para o rei.

- Está errado! - gralho e alço voo me soltando dos guardas. Olho em volta procurando uma saída e não vejo opção. Mais guardas me cercam.

- Bruxa! Usaste magia para parecer com minha mulher. - olho para baixo, a rainha parece assustada.

- Não sabe o que diz. - desvio de um guarda e assim que outro tenta me alcançar chuto seu estômago. - Eu não sou uma bruxa! Tem que acreditar em mim! - "Ótimo! Agora ferrou!" Bato as asas com força total e os guardas são lançados longe. Agradeço por ser a pessoa mais forte do reino depois de Faruk.

- Peguem Essa Bruxa e retirem de meu salão! - Quero arrancar cada pena da asa dele. Ele é cego? Sou um ser alado! Alado!

Mais guardas voam e retiram as espadas.

- Não façam isso! Vou descer! - "Uma pessoa como eu depois de tudo que passou sabe a hora de parar!" Pouso e os guardas seguram meus braços. Sou levada com brutalidade em direção ao fim do salão. Me viro para a rainha antes de sair - Se for realmente parecida comigo vai sonhar! Vai sonhar comigo e saberá que não sou uma bruxa! - digo e ela me olha perplexa. - Não sou um...

- Calada. - um dos guardas pede. Assim que tomamos as escadarias para baixo me sinto incomodada.

- Sabe que não sou uma bruxa não é!? - argumento com eles. Um guarda suspira.

- Apenas não desafie o rei ou ele mandará que te prenda a um tronco e queime você. - engulo seco. "Queimar?" Sinto um gosto metálico na boca imaginando meu corpo preso a um tronco enquanto todos assistem um dos guardas ateando fogo a minha volta.

- Qualquer um saberia que não sou uma bruxa... - Sussurro. "Morrer queimada não é uma opção mais!" Talvez eu aceitaria para saber se a dor física conseguiria superar a dor na alma, mas Faruk está apenas sendo irracional então está tudo bem.

Não cheguei a entender muito bem o que ele quer fazer, mas se é para me proteger eu posso superar. Um dos guardas passa a frente e abre uma das celas.

- Posso provar que sou importante... - digo. Eles se olham com confusão. - Prendam meus braços nas algemas. - eles parecem mais que confusos.

- Não precisa se torturar para provar algo. - suspiro.

- Façam isso... - um deles suspira e se aproxima. A cela mal iluminada é preenchida de vermelho quando meus cabelos começam a brilhar. Ele me olha assustado.

- Por que seus cabelos brilham? - dou de ombros.

- Adoraria saber também, mas não tenho uma resposta para isso... - ele suspira e ergo os braços, me coloco contra a parede e ele se posiciona em minha frente. Seu pescoço fica a centímetros da minha cara e me sinto um pouco incomodada. Ele prende minhas mãos e se afasta. Limpo a garganta - Observe.

Levanto a cabeça e estico o dedo para a pérola negra. Meu dedo ao encostar faz com que as travas se soltem. Abaixo os braços e olho para o guarda.

- Não menti quando disse que sou parente da rainha. - digo. Ele parece paralisado. Balanço a mão na frente do seu rosto - Acredita agora não é? - ele sai da cela logo em seguida sem dizer nada e tranca.

- Você viajou no tempo? Quer dizer, perguntou se acreditávamos em viagem no tempo. Você é a rainha quando era mais nova! Quem é a pessoa que veio buscar? - ele se afasta das grades.

FARUK II - A Rosa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora