Estamos sentados na escadaria na frente do castelo. O outro Faruk está a centímetros de mim e Posso sentir o calor emanar do seu corpo.
- Sobre o que quer conversar... - ínicio. Ele se mexe e me afasto um pouco. Ele limpa a garganta.
- Pode agir mais naturalmente, estou começando a achar que te assusto. - "Não é você que me assusta! É seu xerox!"
- Desculpe... Não imaginei que um dia fosse ter dois Faruk's na minha frente. Estou um pouco confusa. - digo e olho para ele. Ele veste uma camisa beje e uma calça frouxa também beje. Roupas realmente antigas. Olho para seu rosto e ele me encara. Meu cabelo brilha, não tanto quanto antes, mas ainda brilha.
- Não achei que pudesse sentir tão forte atração por alguém. É estranho para mim. - sorrio. Ele estende a mão e recuo.
- Sem toques lembra. Digamos que eu não pude diferenciar você e o meu amado. - abaixo o olhar. - Desculpe por te abraçar por trás. - ele coloca a mão sobre a minha e puxo em um impulso. Ele a prende. Olho para ele alarmada e ele suspira.
- Pode parar com isso! - ele pede e relaxo um pouco. - Não vou invadir seu espaço pessoal novamente, só quero ter a sensação de segurar sua mão antes de você ir embora com ele. - engulo seco.
- Deve ter algumas perguntas... - ele assente.
- Como eu te conheci? - sorrio. Uso a outra mão para cobrir a dele.
- Você não quer saber ... - ele nega.
- Eu quero sim. - pisco algumas vezes e suspiro.
- Digamos que eu confundi você com o assassino da minha mãe e quis te matar. - ele arregala os olhos - Você não matou ela, foi sua irmã, quer dizer... Uma pessoa que você considerava como irmã. Ela também matou meu pai. - ele me olha com perplexidade.
- Eu tenho uma assassina perto de mim e considero como irmã? - nego.
- Você matou ela. Digamos que ela mandou uma bruxa me matar, essa tal bruxa me torturou por longos dois anos até você me resgatar, eu estava morrendo. Depois que retornei você me contou que ela tinha matado meu pai e eu fugi. - ele parece sofrer com minhas palavras.
- Eu destruo sua vida no futuro e mesmo assim você continua lá? - suspiro.
- Você é uma vítima também. Nós dois compartilhamos uma dor comum. Não se preocupe. Acabei retornando para você por que não tinha mais ninguém que me amasse esperando... Só você. Foi quando vi você matando ela, nos casamos logo depois disso. - ele parece pesar minhas palavras.
- Temos filhos? - sorrio.
- Quantos anos você tem hoje? - pergunto.
- Vinte. - Arregalo os olhos.
- Bom, sou um ano mais velha que você agora. Faruk tem vinte e cinco. Vê? Temos quatro anos de diferença. Você tem a idade que conheci ele. - sorrio - Claro, com seiscentos anos a mais. - ele sorri.
- Você era um bebê praticamente quando nos conhecemos. - assinto.
- Diga isso a ele! Fui acorrentada por ele durante um tempo. Quase morri com uma infecção no braço. - ele revira os olhos.
- É engraçado... Saber que vou passar seiscentos anos sozinho para só então te conhecer. É triste... - suspiro. A vontade dar-lhe um abraço é forte. De certa forma quero consolar ele.
- Não desista de mim... Não desista de me manter perto de você... - ele assente.
- Não desistirei. Não acho que terei força para te deixar ir. - assinto.
- Obrigada. - digo e aperto suas mãos. Sorrio. - Vou lhe contar algo e me prometa não contar a ninguém. - ele assente. - Estou esperando um filho seu. - ele parece assustado.
- Mesmo? - assinto. - Disse a ele? - nego.
- Ele enlouqueceria se soubesse, amanhã terá uma guerra aqui. Não quero deixar ele preocupado. Não sabe como você pode ser severo quando coloca algo na cabeça. - ele revira os olhos.
- Você tem que aprender que não somos o mesmo. Não tenho malditos seiscentos anos e sou tão normal quanto você. - nego.
- Não sou normal. É por isso que estou com ele. Somos dois pesos em uma balança só. Meu lado pesa e ele equilibra, o lado dele pesa e eu equilibro. - ele sorri.
- Vocês ficam bem juntos. - assinto.
- Algo me diz que você não vai se lembrar dessa conversa. - ele suspira e olha para longe.
- Também sinto isso. Só que se eu pudesse escolher. Escolheria esquecer tudo. Se eu seguisse em frente sabendo de muita coisa que escutei de todos vocês, certamente eu faria algo para mudar muita coisa e isso não me permitiria te conhecer. - ele olha para mim e sorri. - Eu preciso aguentar tudo sem saber. Será mais fácil. Eu estaria confuso se estivesse no lugar dele. Eu não teria escolhido vir para cá sabendo que viria também. Daqui seiscentos anos essa guerra aconteceria e o resultado poderia ser diferente se eu não tivesse me transformado nele. - assinto.
- Você é de certa forma bondoso. Aquele Faruk escolheria lembrar de tudo para que eu não passasse por tudo. Você está certo e o esquecimento seria melhor. - ele assente.
- Não importa o que acontecer amanhã. Irei lutar para proteger você e o bebê que carrega. Eu não sei ainda o que é te ter em meus braços, mas ele sabe e eu me odiaria se acontecesse algo para destruir a mim mesmo. - sorrio.
- Com toda a certeza ele vai tentar milhões de coisas para me proteger também. - ele sorri.
- Como é ter dois homens idênticos e teimosos por perto? - rio.
- Um inferno. - ele ri.
- Um inferno eu irei fazer se ele não soltar sua mão. - olho para trás e Faruk me encara. Seu olhar está camuflado pela raiva. O outro solta minha mão e ele caminha com leveza e se senta entre nós dois.
- A reunião acabou? - pergunto. Ele olha para o outro lado.
- Sim! Por isso agora não tem por que eu estar longe de você e ele por perto. Como um abutre. - ele lança. O outro se levanta.
- Deixarei que aproveite a presença dela. O céu está escurecendo e sinceramente já choveu de mais hoje. - ele diz e sai. Faruk bufa.
- O que ele sabe sobre o tempo? Primeiramente a chuva é pela tristeza! Raiva apenas é pior! Não seria como mais cedo!
- Você está impossível em! - digo e recebo um olhar ameaçador.
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FARUK II - A Rosa Vermelha
FantasiWtf mundo???? Dois? Finalmente! Após todo o sofrimento, Ada começa a ter estranhos pesadelos que terminam sempre antes de ter uma explicação. O pior? Faruk sumiu. Agora ela tem que correr contra o tempo para salvar seu amado... Vem comigo em mais...