Capítulo XVI

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Aceno e alço voo.

"Não sei se devia confiar nela, mas farei isso e irei para o Vilarejo."

Vôo de volta passando entre as árvores e vejo alguém ao longe. Pouso abruptamente e me surpreendo quando o homem passa voando. "Faruk..." Vejo apenas metade do rosto e sorrio. Então ele é definitivamente igual. Apenas com os cabelos mais curtos.

Volto a voar e sinto um calafrio. Está ficando cada vez mais frio. Olho para frente e desvio das árvores. Internamente crio uma piadinha.

Estou conhecendo a vida inteira de Faruk em um tour muito mais real do que imaginei. Voo o mais rápido possível.

***

Pouso na entrada da floresta verde para o vilarejo. Começo a caminhar e recebo alguns olhares. Sei que é madrugada e vejo alguns homens em uma taberna me olhando como predadores. Sinto como se estivesse congelando. Muito frio. Meus cabelos reluzem novamente, decido mandar um recadinho para meu infernal companheiro.

' Só quero que saiba que não vou embora até que você volte comigo...'

Espero que ele engula essa! Sou Ada!

Assim que chego a estalagem ela está fechada. Reviro os olhos. " Ótimo! Também o que você queria Ada? Que o senhor fosse assaltado enquanto te espera chegar! Dá um tempo!"

Será que já existia assaltos?

Penso um pouco e sinto o vento congelante da madrugada. Sei que estou quente como nunca estive antes. Febre.

"Eram assaltos, mas eles chamavam de saques. " Sorrio para mim mesma. Devo estar delirando. Busco na pochete um dos frascos e pingo uma gota na palma da mão. Passo a língua sobre a gota e suspiro. "Espero que faca efeito logo."

Fecho os olhos. Adormeço.

***

- Ei! Acorde! - abro os olhos atordoada. Um guarda segura meu braço e me obriga a ficar de pé. - Quem é você e o que faz aqui? - olho para eles assustada.

- Estou dormindo ora essas! E esperando a estalagem abrir. - assim que falo o senhor abre a porta e me olha com assombro. - Aqui está! Abriu! Senhor, diga a esses cavalheiros o por que estou aqui! - o senhor sorri.

- Ela é uma hóspede. - ele diz.

- Eu disse! - os guardas seguram meu braço e não parecem crer.

- O senhor notou que ela se parece com a rainha quando mais nova? - ele me encara e arregala os olhos assustado.

- Se não soltarem meu braço irei gritar. - um dos guardas ri.

- Quem vira te resgatar? - bufo e decido não fazer um escândalo. "Vontade matar a mãe de Faruk! Estou encrencada agora!"

- Ela é a cópia da rainha quando mais nova... - ele parece assustado.

- Levaremos ela para o castelo. - O senhor assente e quero quebrar o pescosinho velho dele. Tiro um frasco da pochete e entrego ao velhinho.

- Entregue para eles. Diga a meus amigos para ir atrás de meu amado. Uma cabana com rosas vermelhas na floresta. Eles entenderão quando você disser que farei uma visitinha ao rei louco por livre e espontânea pressão! - cuspo para o velhinho traidor. Senhorzinho é uma ova! Velho caquético!

Os guardas puxam meu braço.

- Devagar! - digo e eles me arrastam. Reviro os olhos. Parece um flashback de quando fui presa por Faruk no castelo.

- Queremos entender por que é parecida com a rainha! - "Por que sou parente dela! Talvez..."

- Acreditam em viagem no tempo? - pergunto e um deles se desmancha em risadas. "Devo parecer uma louca agora!"

- Nem o melhor bruxo é capaz disso e olha que temos inimigos muito habilidosos. - "Meu marido faz isso!" Não acho que seja o momento mais adequado de dizer que sou mulher de um bruxo.

Caminhamos para a ponte que leva ao vilarejo e suspiro.

- Não seria mais simples se fôssemos voando? - pergunto.

- Não teríamos como te segurar. - um deles solta. "Ótimo! Sou prisioneira, sem dúvida!"

- Não vou fugir está bem! Eu não sou o vilão aqui! - olho para um e depois para o outro.

- Está bem. - um deles solta e me sinto aliviada. Demoraríamos cruzar a ponte e seria tedioso. Eles me soltam e alçam vôo. " Que eu não me arrependa de estar indo para o castelo!"

Pousamos pouco depois. O céu está claro e o sol brilha. "Tão lindo quando meu humor!" Resolvo irritar Faruk.

' Adivinha onde estou? Isso mesmo, não vou falar, mas não acho que estarei viva por muito tempo, então... '

Talvez eu fique um pouco frustada por Faruk não me responder. Eu queria que ele fizesse isso. Seria muito bom e me deixaria mais tranquila.

Olho para a entrada no castelo e meu coração palpita. Não serão as mesmas caras que verei quando a porta se abrir. Estou contente por pelo menos não entrar pelos fundos como faríamos.

- O rei ficará impressionado ao te ver. - reviro os olhos.

- Estou tão ansiosa... - digo tediosa. Minha bunda está na reta! Com certeza estou muito eufórica para conhecer o rei louco.

Eles abrem as portas e entram na frente, sigo atrás com minhas pregas na mão. Se existe uma coisa que estou, essa coisa se chama medo.

Caminhamos e paramos em frente as poltronas. Eles reverenciam o rei e faço o mesmo. Levanto a cabeça e vejo que tudo permaneceu igual, menos a ordem das cadeiras. Minha cadeira está do lado esquerdo e a de Faruk do lado direito se olharmos de costas. A minha é a que tem que estar do lado direito! Percebo que estou com uma careta quando os guardas me encaram e arregalam os olhos fazendo sinal. Limpo a garganta.

- É um prazer conhecer o senhor! - digo e sorrio. Ele se mantém sério. Rio nervosamente - Sempre usa as cadeiras nessa ordem? Não que eu esteja me intrometendo, mas não acha que ficaria melhor ao contra... - o rosto do rei se ilumina.

- Como se chama? - olho em volta para ver o que mudou e volto a olhar para o rei. "Bipolar! Certeza!" Ele tem asas cinzas e seguro o ímpeto de rir. "Asas grisalhas!" Lágrimas se juntam no meus olhos e explodo em risadas, me curvo rindo e ouço alguém limpar a garganta atrás de mim. Me recomponho. Olho para o rei e a vontade volta. Suspiro.

- Mil perdões majestade! Eu me lembrei de algo engraçado, perdão... - limpo a garganta ficando completamente séria. - esse não era o momento mais adequado. Me chamo Ada majestade. - lhe reverencio mais uma vez.

FARUK II - A Rosa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora