Capítulo 38

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O telemóvel de Tiago toca. Ele pega no mesmo e olha assustado para o ecrã.

Eu: Passa-se alguma coisa? - ele tira a sua atenção do telemóvel e olha no fundo dos meus olhos.

Tiago: Não! - ele literalmente gritou.

Eu: Calma. Por acaso é algum dos teus inimigos?

Tiago: Por acaso tens alguma coisa haver com isso!? - novamente gritou. Acabei por desistir e sentei-me na beira da sua cama. Ele saiu, batendo a porta com força. Ouvi alguns passos, que acabaram por parar. Ele deve ter se afastado um pouco, mas ainda deve estar no corredor. Levantei-me e coloquei-me junto à porta, podendo ouvir a conversa do Tiago por telemóvel - Desculpa a demora, estava ocupado, mas o que queres?... O que se passa com ele?... Mas é grave?... Mas agora não posso ir... - ele ficou alguns segundos sem falar - Tudo bem, eu já vou para aí... Não! Não o tragas para aqui!... Só não o tragas... Não quero saber, Amy! Tu não vens aqui com ele!... Tu sabes muito bem o porquê!... Eu não posso! Ela nunca mais iria perdoar-me! Tu sabes muito bem que eu não iria aguentar isso!... Cala-te! Já disse que não vens aqui com ele! Daqui a pouco eu vou.

Saí de perto da porta e voltei a sentar-me na beira da cama do Tiago. Poucos segundos depois ele entrou.

Tiago: Tenho de resolver umas coisas, volto mais tarde.

Eu: Posso saber o que vais fazer? - Tiago olhou para mim durante alguns segundos.

Tiago: Tu por acaso já te esqueceste quem manda aqui? - levantei-me, ficando frente a frente com ele.

Eu: Como tua namorada, podias pelo menos dizer-me onde vais. Se fosse eu a sair e não te dissesse para onde ia, não irias querer saber onde ia? - ele riu.

Tiago: Laura, cala-te! Só por seres minha namorada, não significa que tenho de te dar satisfações para onde vou! - ele virou-se para ir embora.

Eu: Vais ir ter com essa tal de Amy, não é!? - ele parou e virou-se rapidamente, dando-me, no mesmo instante, uma chapada na cara.

Tiago: Que seja a última vez que ouças as minhas conversas! - senti os meus olhos arderem.

Eu: Então é mesmo verdade! Se tu queres comer outras gajas, porque ainda continuas a namorar comigo!? A sensação de trair é bom para ti!? Se é para me traires, a nossa relação acaba aqui! - algumas lágrimas insistiam em cair, ao dizer aquelas palavras.

Tiago: Isso que disseste por acaso é alguma desculpa para te livrares de mim e comer o primeiro gajo que te aparece à frente!?

Eu: Claro que não!

Tiago: Ainda bem, porque a nossa relação não vai acabar, porque sou eu que mando e sou eu que acabo!

Eu: Mas eu não quero ser traída!

Tiago: E quem te disse que eu vou te trair!?

Eu: Então o que tens de tão importante para fazer com essa Amy!? - ele não me respondeu, apenas passou os dedos pelos seus cabelos - Responde à minha pergunta, por favor!

Tiago: Eu não posso contar-te, não ainda!

Eu: Porquê!?

Tiago: Porque se eu te contar nunca mais vais me perdoar! - uma lágrima caiu. Sentei-me, novamente na beira da sua cama.

Eu: Não precisas dizer mais nada, eu já percebi.

Tiago: O que percebeste? - perguntou um pouco nervoso.

Eu: Tu traíste-me com essa Amy... - ele ia falar, mas interrompo-o - Não digas mais nada. - olhei no fundo dos seus olhos - Acabou. - ele olhou-me surpreso e ao mesmo tempo triste - Não quero saber do que vais dizer. - saí do seu quarto, com algumas lágrimas caindo. Um vazio enorme invade o meu peito.

Sim, custou-me fazer isto, mas eu não gosto de ser traída. Agora que ele está solteiro, ele pode fazer o que quiser.

#No dia seguinte#

Uma ida para a escola tão estranha... Todos os dias o Tiago dava-me boleia para a escola, mas desta vez o Tiago decidiu pedir ao segurança para me levar. Ele deve estar magoado com o que aconteceu... Mas eu também estou! Eu ainda o amo...

Despeço-me do segurança e entro na escola. Como sempre vou até ao meu cacifo buscar o material necessário para as aulas de hoje. Olhei para o meu relógio de pulso e reparei que ainda faltava muito tempo para a primeira aula. Fui para a sala de aula, na expectativa de que estaria vazia, mas enganei-me, pois lá estava o Scott, com os fones nos ouvidos e a olhar para mim, pois acabara de sentir a minha presença. Virei-me para ir embora.

Scott: Podes ficar. - virei-me novamente para ele.

Eu: Eu queria estar sozinha... - ele tirou os seus fones e guardou-os. Levantou-se e veio até mim.

Scott: Queres falar? - cruzou os braços enquanto se encostava a uma mesa.

Eu: Não... - baixei a cabeça e juntei as minhas mãos, brincando com a ponta dos meus dedos.

Scott: Tens a certeza? Iria fazer-te bem. - colocou a mão no meu queixo e levantou a minha cabeça, fazendo-me olhar fixamente para os seus olhos. Desviei o olhar.

Eu: Houve uns problemas entre mim e o meu namorado...

Scott: Vocês brigaram? - afirmei com a cabeça - Mas a briga foi assim tão má?

Eu: Cheguei a acabar tudo... - sinto os meus olhos arderem.

Scott: Mas ainda sentes alguma coisa por ele? - falou meio que sem jeito e coçou a nuca. Novamente, afirmei com a cabeça. Sinto uma lágrima cair pelo o meu rosto, que logo é limpa pelo Scott. Ele olha nos meus olhos, descendo o olhar para a minha boca, mas novamente volta a olhar para os meus olhos, ainda com algumas lágrimas insistindo em cair. Ele aproxima-se de mim e consola-me num abraço caloroso e bom. Realmente, nunca pensei uma atitude como esta vindo da parte dele. O abraço dele é tão bom, que dá vontade de nunca mais acabar este momento. Ele intensifica um pouco mais o abraço, fazendo com que os nossos corpos se tocassem um pouco mais.

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