Capítulo 129

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O sol começava a nascer quando ela saiu de casa e foi até o velho galpão, onde estava estacionado o velho caminhão que precisava de conserto. Tirou algumas das peças e colocou-as de molho, apreveitando a oportunidade para lavá-las. Chegou o motor e o arranque, substituiu o óleo do cárter, e repôs a água, aproveitando para engraxar melhor os terminais e os polos, da mesma.

Querendo dar uma boa checada em todo o caminhão, ela não se importou em deitar-se de baixo dele e começar a verificar os freios e suspensões.

Ouviu o som de passos, que se aproximavam e que que pararam a pouca distância:

— Chegou tarde demais para me ajudar, papai. Já estou quase terminando aqui. - ela disse sorrindo – Que tal me alcançar a chave biela 10? - ela pediu esticando a mão para fora.

Novos passos foram ouvidos, e então uma chave de boca pousou em sua mão.

- Pai, eu disse biela e... - ela se interrompeu automaticamente ao perceber que ao invés das botinas velhas e sujas do seu pai, uma par de sapatos italianos e extremamente reluzentes estava no seu raio de visão.

- Oh! - ela exclamou saindo de baixo do carro e se levantando com toda a dignidade que tinha.

Seu coração acelerou e ela teve que lembrar a si mesma de como se respirava. Não podia ser... Ele estava ali!

- Leon! O que você esta fazendo aqui? - ela disse automaticamente.

Ele deu dois passos para frente e então sorriu, piorando a tentativa de se manter calma e coerente de Nilce.

- Olá Nilce.

O aroma inebriante da loção pós barba e do perfume dele, invadirão os sentidos de Nilce a embriagando consideravelmente. Todos os dias que ela lutara pra esquece-lo de nada valeram. Seu esforço tinha ido todo pelos ares.

“Quem ele pensa que é?” - ela perguntou a si mesma
- Como você sabia que eu estava aqui?

Sapeca não faria aquilo com ela. Definitivamente não.

- Foi bem dificil. Meus detetives demoraram alguns dias...

- Detetives? Colocou detetives atrás de mim? - ela disse ofendida.

- ...mas por fim conseguiram. Eu só tive certeza ontem quando eu liguei e você atendeu.

- Foi você que ligou? - ela perguntou chocada.

- Sim.

- Por que você está aqui Leon? - ela quase gritou - Deixei bem claro que vou lhe pagar um pouco todo mês! Pelo amor de Deus, esse dinheiro nem esta lhe fazendo falta!

- Eu não vim por causa do dinheiro. Vim por sua causa Nilce. - ele disse dando mais um passo para a frente. Ela recuou dois. - Mas confesso que fiquei surpreso ao saber de tudo sobre sua mãe... Por que não me contou?

- Adiantaria alguma coisa? - ela perguntou amargurada.

- Precisamos conversar. - ele pediu agora a fitando seria e intensamente.

- Se é sobre o divorcio, podemos arranjar tudo com Edu e... - ele lhe interrompeu.

- Não vai haver divórcio nenhum. - ele disse calmamente.

- Quem você pensa que é? - ela disse finalmente em voz alta - Vai haver divórcio! Isso nunca passou de um contrato estúpido!

- Nosso casamento foi bem além das coisas judiciais e você sabe.

- Não, não sei, a única coisa que eu sei é que precisava desse casamento. Era a única forma de conseguir o dinheiro para a operação da minha mãe. Eu não tinha outra saída. - ela disse contendo as lágrima e se agarrando em sua única defesa.

O silêncio caiu entre eles cheio de significado. Ela olhava para o chão, recusando-se arduamente a encarar Leon. Quando ele deu mais dois passos, ela não pode mais recuar por estar com as costas coladas a umas das pratileiras velhas e empoiradas de seu pai.

Ele ergueu a mão e a segurou com força pelo queixo, obrigando-a a encara-lo.

- Eu fiz o que você pediu. - ele disse com a voz baixa e casual – Eu demiti Amanda...

- Isso já não importa mais. - ela disse tentando afastá-lo sem sucesso – Você não me deve explicações.

- Quando você entrou na sala, - ele disse ignorando seus protestos - eu tinha acabado de demiti-la. 

- Que ótimo jeito de agradecer o dela não? - falou ironica.

- Você tinha razão. - ele disse ignorando-a novamente – Eu devia tê-la demitido antes, me desculpe Nilce, você não sabe o quanto eu me arrependo por isso.. - ele disse sincero – Quando eu vi, ela estava se jogando em cima de mim, e quando a empurrei, você estava lá, e então você me olhou daquele jeito e eu se senti o homem mais cafajeste do mundo todo mesmo não sendo que nada daquilo era culpa minha. Me desculpe Nilce! - ele parecia apavorado – Eu queria matar a mim mesmo por não ter lhe ouvido antes, se eu soubesse das intenções dela, eu a teria afastado o máximo possivél. Eu quero você Nilce, - ele disse colando a testa na dela – e eu não sei nem... nem lhe dizer como um me senti quando você saiu correndo não me dando ouvidos. Volte pra mim Nilce. - ele pediu – você é a única com quem eu quero estar! A única! Desde o primeiro dia.

Ela balançou a cabeça sentindo as lágrimas começarem a descer pelo seu rosto:

- Você não sabe do que esta falando... - ela disse contrariada.

Amor por contrato - Leonil (ADAPTADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora