Capítulo 26: Brinquedos Caros

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- Aconteceu algo não foi?
Finn indagou me tirando das lembranças do dia anterior. Engoli em seco. O tempo havia acabado. Respirei fundo, encarei seus olhos e então decidi.
- Aconteceu!
Ele se levantou, e eu repeti seu movimento. Sentados na cama, vi seu olhar se perder na paisagem que havia após a vidraça da janela atrás de mim.
- Eu fiquei com alguém.
Ele não falou nada, nem se mexeu. Por uma fração de segundos vi seus músculos se contraírem, mas logo ele estava relaxado novamente.
- Você gosta dele? - Ele falou com uma indiferença que me causará apreensão.
- Na verdade, é ela. E a resposta é não, foi algo de festa - Dei de ombros.
- Não nos conhecíamos... eu realmente esperava algo assim - ainda sem me encarar ele prosseguiu - Se realmente não significou nada, podemos passar por isso. Ainda podemos ficar juntos.
- Me desculpa, eu não queria decepcionar você assim, de cara.
Segurei seu queixo com a ponta dos meus dedos fazendo-o me encarar. Nossos olhos se cruzaram e um sorriso fraco apareceu em seus lábios. Senti suas mãos me envolvendo em um abraço reconfortante seguido de um beijo calmo.
- Ficaremos bem - ele sorriu me fazendo sorrir junto.
Eu não conseguia sentir arrependimento pelo que fiz, mas ele não precisava saber disso, porque no final, eu sabia, tudo ficaria bem.

* * * * * *

Abby havia chegado a uma hora do hospital, e quando perguntou para Lexa onde Clarke estava ela não hesitou em falar a verdade. Tirando a parte que Clarke não usará a porta para sair, muito menos que havia um copo a menos no estoque pelo surto de raiva. O que ela esperava ser algo tranquilo se tornou um caos quando Abby viu o celular da loira no quarto e Lexa sem ideias de onde ela estaria.
- Como assim ela saiu sem celular? O que aconteceu?
Abby falava com o tom mais alto que o comum.
- Ela saiu com o tal Blake, irmão da Octávia à tarde.
- E por que ela não levou o celular? Ele não atende?
- Não tenho o número dele, não é como se fôssemos amigos tia Abby.
Para acalmar o nervoso, e consequentemente, a gritaria, Lexa sugeriu que ela tomasse um banho enquanto a mesma fazia um chá e ligava para algumas pessoas para ter mais notícias. Sua cabeça doerá o dia inteiro e não melhorava com o nervoso de Abby. Assim que a mesma subiu Lexa pegou o celular de Clarke, que agora estava na sala, e ligou para Octavia enquanto colocava a chaleira no fogo.

- Hello - Octávia falava animada do outro lado da linha.
- Oi, é a Lexa - houve um momento de hesitação antes que ela continuasse - Clarke saiu à tarde e não voltou até agora, Abby tá preocupada porque ela não levou o celular, e como ela saiu com seu irmão achei que poderia saber de algo.
- Bellamy não me dá satisfações, fala pra Abby que ela tá bem e vai passar a noite aqui.
A fúria passou pelo rosto de Lexa fazendo-na apertar o cabo da chaleira com tanta força que as juntas de seus dedos ficaram brancas.
- Tudo bem, de qualquer forma, obrigada.
Sem nenhuma despedida, o telefone foi desligado.

* * * * * *

Antes que eu pudesse dizer algo fui salva pelo toque do telefone de Bellamy, que não hesitou em atender.
- Fala maninha.
Pelo cumprimento, presumi que certamente era Octávia do outro lado da linha.
- Ah tudo bem, eu aviso ela.
Em poucos segundos o telefone de Bellamy já estava no bolso.
- O que houve? - O encarei apreensiva.
- Lexa ligou pra Octávia e disse que sua mãe tava preocupada, O. falou que você ia dormir em casa e tava bem - ele deu de ombros como se aquilo fosse comum.
- Ah sim... não tem problema eu dormir lá?
Eu realmente preferia desperdiçar perguntas do que ter que responder o que o moreno me dissera antes. Eu não sabia se era sincero, ou se ele ainda jogava sozinho, mas ainda sim, não queria descobrir.
- Problema nenhum, você pode escolher o quarto. Sabe... meu ou da Octávia - Ele sorria maliciosamente.
- Sonha Blake! - Revirei os olhos descendo do capô - Melhor a gente ir.
- Você quem manda.
Entramos no carro e me apressei a ligar o som, mas fui parada pela sua mão na minha.
- Eu entendo se não quiser responder, mas não aja como se nunca tivesse acontecido.
Engoli em seco e o encarei, nossos olhares se cruzaram. Seus olhos, a luz da lua eram ainda mais escuros, e sua sardas eram como pequenas estrelas espalhadas pelo seu rosto.
- Isso é um jogo pra você - as palavras saíram da minha boca sem nenhum comando.
- Achei que tivéssemos parado de jogar - ele falou tão baixo que se não estivéssemos próximos eu jamais ouviria - Me da uma chance princesa, eu não vou decepcionar.
Me afastei de súbito, desviando o olhar e passei o cinto pelo meu corpo.
- Você nunca terá chance comigo Blake.
Liguei o rádio, com o canto do olho pude ver o sorriso nos lábios do moreno. Assim seguimos viagem.

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