Capítulo 2: O Início

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Entrei em uma lojinha pequena comparada a imensidão das outras. Lápis, canetas, caderno, uma mochila preta pra não ter erro... em menos de quinze minutos estava com tudo em mãos. Passei o cartão e já ajeitei tudo na bolsa, ninguém diria que comprei tudo aquilo minutos antes da aula.
Aproveitei que estava no centro e comprei uma travessa de morangos com chocolate derretido e chamei um carro, entrei nele e fui rumo ao meu novo colégio.
Pouco antes de estacionar em frente ao colégio terminei de comer. Desci do veículo agradecendo ao motorista e joguei a travessa no lixo. A escola era grande, com um gramado bem cuidado, não demorei para entrar.
Em poucos minutos achei minha sala. Diferente da onde eu estudava as mesas eram duplas. Vi uma vazia no fundo e me sentei lá, poucas pessoas haviam chegado, eu estava dois minutos adiantada. Conferi as mensagens que estavam vazias e logo a sala encheu. Uma garota morena com óculos escuros se sentou ao meu lado sem nem sequer me cumprimentar.
- Bom dia pessoal! — O rapaz que entrou falará animado.
Várias pessoas desejavam bom dia. Eu abri minha bolsa e peguei meu caderno azul marinho de capa lisa que havia comprado mais cedo seguido do estojo todo preto.
- Loira da última mesa, você é nova não? — O professor indagou de imediato fazendo todos me olharem — Seu nome?
- Sou sim. Clarke Griffin — Sorri sem jeito.
- Você veio de onde? — Ele deu alguns passos se aproximando com um livro.
- Los Angeles.
- Interessante. Sou seu professor de história, Alaric — Ele me entregou um livro — Você sabe algo sobre a Guerra dos Cem Anos?
- Foi a guerra entre Inglaterra e França pelo trono francês no período da Idade Média?! — Indaguei orando para estar certa e não pagar um mico no primeiro dia.
- Muito bem. E você sabe dizer quem ganhou? — Alaric me encarava admirado.
- Filipe Valois da França, mas só ganhou por conta da Joana D'Arc, que foi queimada por heresia mais tarde — Respondi sorrindo.
- Muito bem, vejo que está pronta para fazer a prova surpresa que trouxe hoje para a sala.
Um coro de "ah não" começou, com reclamações em todos os cantos. Enquanto Alaric caminhava para a frente da sala, um garoto de cabelo levemente grande levantou irritado e o encarou como forma de desafio.
- Duvido que a diretora concorde com uma prova no primeiro dia do ano letivo — O garoto sorria de lado.
- Levando em conta que isso é matéria do primeiro ano, acho que ela concordaria, agora sem choramingos e silêncio senhor Murphy!
O garoto sem graça se sentou e o professor começou a distribuir as provas. Logo Alaric estava na minha mesa.
- Octávia eu sei que deve estar de ressaca, mas tira os óculos e se sente direito.
A garota morena ao meu lado não demorou a obedecer. Ele entregou as provas e voltou para à frente da sala.
- Vocês terão 45 minutos à partir de agora!
O silêncio se instalou. A prova não era difícil, realmente foi sobre o conteúdo do primeiro ano. A garota morena ao meu lado constantemente levava os olhos até minha prova. Discretamente olhei para o lado e vi que ela não havia respondido nada. Encarei o professor que se focava mais nos alunos da frente do que nos do fundo e deslizei minha prova para o lado. A garota sem nem me olhar copiou as respostas rapidamente e sorriu levemente para mim que retribui.
Pouco tempo se passou até que o sinal tocasse e o professor recolhesse as provas saindo da sala.
- Obrigada, eu sou péssima em história — A garota sorria agradecida.
- Imagina, eu entendo — Retribui o sorriso — Aqui trocamos de sala?
- Não, os professores trocam.
Assim que a garota terminou a frase uma senhora entrou na sala com alguns tubos de ensaio, o que me fez ver que era a professora de química.
- Você conhece alguém aqui? — A garota me olhava brincando com um lápis.
- Bom, o professor de história conta? — Sorri de leve.
- Alaric não parece uma boa companhia para o almoço — Ela ria exibindo dentes perfeitos.
- Sendo assim, não conheço ninguém — Dei de ombros.
- Silêncio aí no fundo — A professora resmungou em nossa direção — Vejo que é nova moça loira.
Assenti com a cabeça sorrindo um pouco envergonhada.
- Pois então não recomendo que ande com a senhorita Blake, o histórico dela não mostra grandes coisas.
- Assim a senhora me ofende dona Mary... não tenho culpa se eu só entendo da minha química com alguns garotos.
Octavia fez um bico e logo estavam todos rindo, inclusive eu. A professora resmungou algo e se distraiu procurando a página do livro.
- Almoço juntas então? — A morena indagava mordendo o canto do lábio inferior.
- Almoço! — Sorri assentindo.
A aula de química se arrastou com textos longos no quadro e a de física que veio a seguir não foi diferente, até que o sinal tocou. Me levantei pegando o celular.
- Vamos? — Octávia me esperava.
- Acho melhor ir na frente, tenho que resolver algumas coisas na secretaria, me desculpa, eu tinha esquecido. — Apertei os lábios chateada lembrando da matrícula que tinha para fazer.
- Retirei as cópias de documentos que havia tirado na papelaria onde comprei o material da bolsa.
- Posso te acompanhar o que acha? — Ela deu de ombros.
- Aceito então!
Sorri com a paciência de Octávia e fomos conversando até a secretaria.
- Você mora com quem aqui?
- Minha mãe, mas ela é médica, então não a vejo muito.
- Só vocês? — A morena tinha um olhar investigativo.
- Por enquanto sim, meu pai faleceu e não tenho irmãos — Pela primeira vez, citar meu pai não havia me abalado.
- Por enquanto? — Ela me encarava unindo as sobrancelhas.
- Sim, minha melhor amiga vai vir morar comigo e com minha mãe no final da semana que vem, estou indo fazer a matrícula dela — Balancei as folhas que estavam em minha mão — Mas e você, mora com quem?
- Eu e meu irmão só. Meus pais vivem em Seattle, assim que meu irmão ficou de maior nos mandaram para morar aqui e aprendermos a ser "independentes" — Ela fazia aspa com as mãos — Apesar deles ainda nos darem mesada e a casa ser nossa. Acho que eles só queriam se livrar dos filhos mesmo.
Não soube como reagir, mas para minha felicidade estávamos na secretaria. Fiz um semblante triste e entrei na sala da diretora. Passei em torno de dez minutos lá acertando tudo.
- Então peça para assim que ela chegar vir assinar os papéis. Ela está na sala 07 — A diretora falava com firmeza.
- Tudo bem, obrigada!
- O que houve? Você parece triste — Octávia me olhava de forma séria.
- Somos sala 05, ela é da 07, não esperava salas diferentes, sempre estudamos juntas.
Octavia deu de ombros e sorriu caminhando rumo ao refeitório comigo.
- Pelo menos ela estará aqui.
Eu concordei e permanecemos em silêncio até chegarmos a uma mesa exatamente no centro do refeitório.
- Achei que tinha morrido — Uma garota morena falou rindo enquanto bebia um suco diretamente da garrafa.
- Engraçadinha você Raven — Octávia revirou os olhos se sentando ao lado da garota — Bom, quero que conheçam a nova aluna e minha parceira de cola Clarke.
- Oi — Sorri envergonhada e acenei.
- Oi sou a Raven — A morena falou animada estendendo a mão para mim que retribui.
- Sou o Lincoln, mas já está abusando da novata O? — O garoto sorria.
O moreno forte acenou com a cabeça para mim que retribui o gesto. Octávia ria dando de ombros para a piadinha dele.
- Eu sou o John.
Ouvi uma voz em meu ouvido e logo um menino se sentando a frente de Octávia.
- Oi menino que vai contra provas em primeiro dia.
Sorri e sentei ao lado de Octávia que me puxou nada delicada. Um assunto começou a surgir quando um moreno chegou com uma bandeja.
- Esqueceram de me apresentar pra novata.
- Esse é o sem noção e insuportável do meu irmão Bellamy — Octávia falou revirando os olhos.
O garoto se sentou na minha frente sorrindo enquanto comia uma batata.
- Olá — sorri delicadamente.
Alguns assuntos surgiram com perguntas para mim, respondi a todos e não me senti tão deslocada como esperava. Mas pouco tempo depois o sinal tocou, não demorei para levantar.
- Foi um prazer conhecer vocês — Falei timidamente.
- Nos veremos todos os dias fique tranquila — Raven dizia sorrindo.
Eu junto com Murphy e Octávia segui para nossa sala enquanto os outros se dispersaram. Não demorou muito para o professor chegar e começar outra aula,
desta vez era matemática, e eu segui prestando atenção até o sinal da saída tocar.
- Como você vai embora? — Octávia indagava se levantando.
- Bom, provavelmente vou aprender a andar de ônibus, se eu pedir outro carro hoje minha mãe me mata — Soltei um riso guardando os materiais e me levantando.
- Você pode ir embora comigo se quiser a onde mora? — Ela balançava as chaves do carro no dedo.
- No bairro do lado, na sétima rua. Mas você não é muito nova pra dirigir? — Franzi a testa confusa.
- Seu dia é de sorte, eu moro na sexta rua, na frente da sua — Ela sorria satisfeita — E quem disse que sou eu quem dirijo? Agora vamos.
Não perguntei mais nada, só a segui sorrindo pelo primeiro dia não ter sido um fracasso total.

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