Capítulo 21: Jamais de as Costas Pro Seu Inimigo

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O restante das aulas passaram se arrastando. Eu e Octávia havíamos combinado que ela dormiria em casa na sexta para organizarmos tudo pro sábado durante a noite, e assim, teríamos a manhã pra ajeitar os detalhes. A festa teria início às 3p.m..
Assim que o sinal tocou me despedi da O. que guardava o material e fui direto pra saída, tenho que admitir que estava curiosa para saber o que Lexa queria.
Fomos caminhando em um silêncio ensurdecedor para casa, Lexa havia me pedido para voltarmos andando apesar da distância, ela alegou que precisava de, "um ar para espairecer".
- Pode dizer algo? Seu silêncio tá me matando - Respirei fundo e a encarei.
- Você vai fazer com ele o que fez comigo, não é? - Ela encarava o chão.
- Defina ele, e o que eu fiz com você - Falei um pouco surpresa ao imaginar o que eu poderia ter feito com ela.
- Bellamy. Eu vi como vocês se olham. Um interesse mútuo um no outro - Ela continuava sem me encarar.
- E o que eu fiz com você Lexa? - Minha voz ficou rígida apesar deu estar tremendo por dentro.
Ela engoliu em seco e me olhou. Paramos no meio do caminho de casa. Minha mente esperava por mil respostas e nenhuma era boa.
- Esquece isso ok? - Ela sorriu, mas não um sorriso sincero - Acho que fiquei com ciúmes. Você nunca me olhou daquela forma.
- Eu e o Bellamy nunca tivemos nada, e nem teremos meu grude, talvez eu esteja fazendo joguinho com ele só pra ele aprender que não ganha tudo, mas eu nunca ficaria com ele. - Por um momento minha mente se recordou do olhar dele no intervalo.
- Por que você não quer, ou por que você não pode? Sabe... por causa da Octávia - Ela me olhava triste e curiosa.
- Porque eu não quero Lexa! - Abracei ela seguindo de um selinho - Não tem com o que se preocupar.
- Me desculpa, como eu disse, foi um ciúmes bobo - Ela sorria me olhando.
Eu assenti entrelaçando os dedos dela nos meus e assim fomos até em casa, de mãos dadas. Eu estava curiosa do por que daquelas perguntas e ainda mais por ela não ter me dito o que fiz com ela, mas não queria discutir, as coisas estavam indo tão bem, e Bellamy não passava de uma diversão para mim.

SEXTA-FEIRA, SAÍDA DO COLÉGIO

O sinal havia tocado e eu, Lexa e O. esperávamos Bellamy na saída para avisa-lo sobre Octávia dormir em casa. Alguns minutos se passaram até que ele apareceu, se despedindo de uma garota.
- Vou adivinhar, a loira quer uma carona - Bellamy ria enquanto se aproximava.
- Errado. Vim avisar que vou dormir na Clarke hoje - O. falava visivelmente animada.
- Você trabalha agora, esqueceu? - Ele a encarava sério.
- Não esqueci maninho, vou ficar lá até a hora do serviço e depois durmo lá. Temos que arrumar a festa essa noite e tudo mais - Ela explicava enquanto chupava um pirulito que aparentava ser de uva pela cor.
- Se vão organizar a festa é justo que eu durma lá também, se não vai acabar ficando tudo rosa - Ele ria debochado e me lançava um daqueles olhares desafiadores.
- Isso você resolve com a Clarke - Octávia deu de ombros.
Por um segundo o clima tenso pairou. Octávia totalmente distraída, Lexa me encarando visivelmente desconcertada com a situação e Bellamy com aquele olhar de interrogação.
- Então, o que me diz Clarke? Vai me deixar ajudar?
Parei meus olhos nos dele, procurando por qualquer resposta pra me livrar daquela situação. Engoli em seco e dei de ombros.
- Por mim, ok. Mas você vai dormir no sofá.
- Pra mim já tá ótimo - Ele falou rindo -
- Então vamos juntos. Eu passo em casa pra pegar umas roupas e de lá vamos pra sua casa, tudo bem?
Eu só assenti e entrei no carro seguida por Lexa que colocou os fones e nem sequer me olhou por todo o trajeto. Será que eu fiz certo deixando ele dormir lá?! Era essa a questão que agora estava em minha mente.

Em alguns minutos chegamos na casa dos Blake, Bellamy não demorou mais que cinco minutos pegando as roupas dele. No meio do caminho ele explicou que estava de folga e conversamos sobre outras coisas mais, até que chegamos em casa. Lexa pediu em um sussurro para conversarmos e eu assenti. Assim que entramos pedi um minuto para os irmãos e subi com ela, coloquei minha mochila na cama e senti os olhos de Lexa pesando em minhas costas, então antes que eu me virasse ela falou:
- Ele vai dormir aqui mesmo?
- É o que parece - Me aproximei dela e sentei em sua cama.
- Você sabe que ele tá tentando ficar com você, não sabe?
Engoli em seco. Eu não havia pensado nessa questão. Pra mim, era um jogo, mas e pro Blake? Era só uma mera sedução por olhares e insinuações ou ele realmente tentaria algo?
- Se tiver, ele vai dar com a cara na porta, porque a única pessoa que eu quero está dentro desse quarto - Sorri a olhando.
- Eu espero que isso seja verdade mocinha.
Caímos na risada juntas e Lexa me empurrou na cama se deitando em cima de mim e me dando um longo beijo enquanto eu acariciava suas costas.
- Eu te amo - Ela sussurrou entre meus lábios.
Um barulho nos interrompeu e Lexa logo saiu de cima de mim.
- Puta merda, desculpa, eu não sabia que estavam juntas - Octávia parecia envergonhada pela primeira vez desde que a conheci.
- Tá tudo bem - Falei rindo.
- Relaxa - Lexa ria também.
Me levantei de imediato e peguei um shorts jeans no armário e uma blusa mais solta.
- Vou me trocar pra começarmos a arrumar as coisas.
Em poucos minutos eu já estava vestida e com o cabelo em um rabo de cavalo. Lexa e Octavia conversavam sobre a antiga cidade de O..
- Será que podemos princesas? - Falei fazendo sinal pra porta.
- Eu vou me trocar - Octávia falou se levantando.
- Tô nessa fila - Lexa deu de ombros.
- Bom, então eu vou descendo pro Bellamy não derrubar a casa - Falei rindo e sai.

Assim que desci as escadas vi que Bellamy mexia no porta retrato da estante, era uma foto minha pequena, com uns seis anos.
- Ainda bem que você cresceu - Ele falou colocando o quadro no lugar.
- Eu também acho - Falei rindo.
Assim que ele se virou notei seu olhar em minhas pernas. Por um momento ele pareceu envergonhado por eu notar isso, mas só pareceu, porque logo ele voltou ao seu típico "eu".
- Vocês sabiam que só vamos arrumar a casa e não dar a festa hoje né?!
- Você sabe que não dá pra arrumar tudo de calça e tênis né?! - Devolvi a ironia e me sentei no sofá.
- Batom vermelho, qual o gosto? - Ele me olhava malicioso sentando ao meu lado.
- Morango - O olhei mordendo meu lábio inferior e estiquei minhas pernas por cima das dele brincando com meus pés.
- Hum, eu gosto de morango - Ele brincava com os dedos na minha canela e nos meus pés - O que eu preciso fazer pra provar?
- Você quer provar? - Apertei os lábios me aproximando um pouco dele.
- Com toda certeza quero - Ele se aproximou nos deixando a poucos centímetros, o suficiente pra sentir o cheiro de seu hálito de menta.
- Não seja por isso.
Aproximei meu rosto dando um beijo lento em sua bochecha e acariciando sua nuca devagar com a ponta de meus dedos, pude sentir sua mão tentando avançar pra minha coxa bem lentamente, então saquei o tubo do meu gloss do bolso do shorts e joguei no colo dele me levantando.
- Pode comer o tubo todo se gostar - Dei de ombros.
Em questão de um segundo, quando estava pronta para sair dali, senti uma mão grande e quente segurando meu braço e me puxando com força para trás. Me desequilibrei totalmente caindo no colo do Bellamy... Nesse momento meu coração bateu bem mais forte que o normal, senti minha respiração começando a pesar, o silêncio pairou e eu tentei me levantar sem sucesso, já que sua mão continuava em meu braço.
Senti a outra mão dele subindo até minha nuca e afastando os cabelos que ali estavam. Apoiei uma de minhas mãos na perna dele e sussurrei tão baixo que se eu não tivesse em seu colo ele nunca teria ouvido:
- Me solta.
E a única resposta que tive foi o rosto dele se aproximando da minha nuca, pude sentir a respiração quente dele batendo na minha pele o que fez eu me arrepiar por inteira. Mordi meu lábio inferior com mais força do que geralmente fazia e fechei meus olhos. Pude sentir a mão dele descendo pelas minhas costas, contornando meu quadril e repousando em minha coxa. Meu coração batia ainda mais forte, senti os lábios dele dando um leve beijo em minha nuca e se arrastando até o lóbulo da minha orelha. Era como uma hipnose, eu não queria aquilo, mas ao mesmo tempo eu me sentia sem nenhuma defesa.
Um barulho começou a vir lá de cima, o que significava que as meninas estavam descendo, abri meus olhos e senti seus lábios ainda brincando na minha orelha. Bellamy apertou minha coxa sem muita força e sussurrou em meu ouvido:
- Jamais de as costas pro seu inimigo.
Me levantei a tempo e vi as meninas chegando.
- Finalmente - Falei sorrindo.
- Lexa não achava uma roupa - O. deu de ombros.
- Ela nunca acha - Dei uma risada.
Olhei para Bellamy e encontrei um olhar acompanhado de um sorriso malicioso de lado. Eu sabia, naquele momento, qual era a resposta para a pergunta da Lexa de minutos antes. E sabia também, que eu não tinha certeza nenhuma do que disse para ela mais cedo. Talvez eu não quisesse só a pessoa que estava dentro daquele quarto, por mais que eu odiasse a ideia de querer outro alguém além dela.
Bellamy se levantou animado e falou:
- Então vamos arrumar a festa!

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