Capítulo 33: Fios Vermelhos

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Estava sentada ao lado de Bellamy vendo um programa aleatório quando a porta se abriu e Octávia chegou.
- Finalmente - falei me levantando.
- Oi meu bem - ela sorria como quem viu borboletas - Vem, sobe comigo.
Sem hesitar subimos pro quarto, e eu pude sentir o olhar de Bellamy em nós. Meu coração começava a se acelerar e quase saia do peito quando O. fechou a porta e sentamos na cama.
- O que houve? - ela me fitava seria.
- Lexa... - senti meus olhos arderem.
- O que ela fez? - Octávia me olhava com atenção.
- Ela tomou uma decisão importante na vida dela. Foi a uma psicóloga, e só me avisou depois de ir...
- Você deveria estar feliz por ela tá se cuidando não?!
- E eu tô, mas ela levou a Raven com ela, enquanto a mim, que estou a anos com ela, acompanhando tudo, só fui avisada depois - senti as lágrimas rolarem - Eu sei que isso é egoísta, e que eu não devia tá assim, mas é tão injusto ela me excluir disso...
Senti os braços da Octávia me envolverem e apoiei a cabeça em seu ombro.
- Você é minha melhor amiga, e eu amo você Clarke, mas entenda, os problemas da Lexa são a maioria por sua causa, pelo amor não correspondido. Ou pelo menos, não como ela queria. A culpa não é sua de não amar ela igualmente sabe? A gente não escolhe por quem sentir isso, mas querer que ela se mantenha grudada em você enquanto tenta te superar é pedir um pouco demais não acha? Vocês já moram juntas.
Ela afastou meu rosto me encarando, e eu realmente não sabia o que dizer. O. tinha razão, mas ainda sim, doía.
- Nós conhecemos a Raven, sabemos que ela é uma boa pessoa apesar de tudo, e a Lexa encontrou nela uma amiga. Você deveria se sentir reconfortada por não ser uma estranha com ela... só de tempo e espaço a ela, e as coisas vão se acertar. E acredite, logo você vai encontrar alguém.
Meu estômago se embrulhou, as lágrimas já tinham cessado.
- Talvez eu já tenha encontrado - falei a encarando, escolhendo com cuidado cada palavra da minha próxima frase.
- Me conte mais sobre isso, já posso imaginar os passeios de casais - ela ria.
Se eu enrolasse seria pior, curativos se tiram rapidamente e sem hesitar. A dor pode ser maior, mas passa mais rápido.
- Não sei se você vai querer passeio de casal com o seu irmão.
Octávia se afastou um pouco de mim na cama, e me encarava sem vacilar, era como se ela pudesse ver minha alma.
- Bellamy? É sério isso Clarke Griffin? Não era só um jogo?
- Era! Até ele sentir algo por mim e eu por ele O., eu me sinto bem com o Bellamy, ele me acalma. E eu acho que nós merecemos a chance de tentar algo.
- Você acha? - ela me encarava com ironia - Sai daqui Clarke, você é igual a todas, se aproxima de mim pelo meu irmão.
Senti meus olhos marejarem novamente e engoli em seco.
- De todas as pessoas no mundo, eu realmente acreditei que você fosse entender Octávia. Não por você, ou por mim, mas por acreditar que seu irmão merece ser feliz assim como ele acreditou que você merece com o Lincoln - me virei pra sair do quarto, mas antes, me voltei para Octávia que ainda me encarava como quem fosse me matar - E nunca. Nunca mais abra sua boca pra falar que eu me aproximei de você pelo Bellamy, porque desde o início eu tive com você pra tudo! No seu emprego, nas aulas. Até na sua paixão mais maluca pelo melhor amigo dele, eu te ajudei. Então jamais pense que minha amizade com você é por isso.
Eu caminhava rumo a porta com meu corpo fervendo de raiva, magoa e medo do futuro incerto.
- Espera.
Sem me virar, parei, mantendo a mão na maçaneta.
- Ele vai partir seu coração.
- Não tem como ele partir o que já tá está quebrado.
- Sendo assim, te desejo boa sorte e felicidade.
Meu coração se acelerava. Me virei não conseguindo conter o sorriso e apertei os lábios.
- Então?
- Não diga que eu não te avisei. Mas faça o que quiser, vocês têm meu apoio.
Corri de voltar para a cama me jogando em cima da O. que não conseguiu segurar a cara de brava por muito tempo e começou a rir.
- Agora me deixa contar do meu encontro.

* * * * * *

Eu não sabia o que fazer. Raven estava sendo tão boa comigo, e eu sentia coisas tão maravilhosas com ela, que não achava certo omitir. Mas se eu falasse e ela se fosse, seria outra perda. Quantas perdas podemos aguentar até sucumbir?
Juntei toda a coragem que tinha em mim e mandei uma mensagem pedindo pra ela me encontrar no nosso lugar em quinze minutos.

Me sentei no balanço da praça e tentava afastar todos os pensamentos que me diziam para não fazer aquilo. Respirei fundo quando vi ela descer do carro e se aproximar.
- Tá tudo bem? Você me deixou preocupada - ela disse se sentando no balanço ao meu lado.
- Só você pode saber - dei um riso esgotada e peguei o telefone - Minha prima postou uma foto mais cedo, e eu vi assim que acordei. Eu realmente não sabia se deveria mostrar ou não, mas eu não acho certo esconder de você. Então, toma...
Estendi o celular pra ela que pegou prontamente, pude ver seus olhos arregalarem ao ver a foto.
- Malia... - ela sussurrou.
Raven ficou por longos minutos olhando aquela foto em silêncio. Mantive meus olhos nos meus pés por cada segundo torturante, onde eu não sabia se ela correria pra tal Malia, ou se seria indiferente, estava submersa nos meus pensamentos quando ela me devolveu o celular.
- Você tá bem? - ah encarei preocupada.
- Eu tô feliz que tenha decidido mostrar a foto. Deixa claro que eu posso confiar em você. Mas se existir outra, não me mostra. Eu não quero saber... afinal, não é como se eu gostasse dela ainda.
- Não? - eu realmente estava confusa.
- Não - ela ria e balançava-se lentamente - Eu ando gostando de uma pessoa que é cheia de problemas, com a ex também. E o pior de tudo sabe o que é? - ela me olhava.
- O que? - uma parte do meu peito saltava com a possibilidade dela estar falando de mim.
- Ela mora com a ex, e eu finjo que nem me importo com isso, quando na verdade, eu sinto um ciúmes bem chatinho.
- Eu acho que você deveria investir nela, e tentar alguma coisa. Não tenho dúvidas que ela também gosta de você - falei não conseguindo esconder o sorriso enorme que aparecerá no meu rosto.
Ficamos nos encarando por alguns segundos enquanto os balanços alternavam a velocidade, ela sorria tanto quanto eu. O medo dela ir se dissipou sendo substituído por uma sensação deliciosa de reciprocidade. Era como se a insegurança e o medo se fossem, e só restassem uma euforia e paixão que preenchiam cada parte de mim.

* * * * * *

Depois de muitas fofocas, Octávia decidiu ir fazer os seus trabalhos e eu, estava indo entregar as boas novas a Bellamy que estava deitado no sofá.
- Tô indo - falei caminhando rumo a porta.
- Pode ir parando aí, você falou com ela? - ele me encarava apreensivo.
- Falei - caminhei até o sofá e me joguei em seu colo.
- Me fala que não vou ter que abrir mão de você.
- Não vai - falei rindo.
- É sério? - ele me encarava empolgado.
- Não - falei me levantando - Ela não aceitou.
- Como assim não aceitou? Não é como se ela tivesse essa escolha - ele disse se levantando - Eu vou resolver isso agora. Octávia...
Sem me conter cai na gargalhada e coloquei a mão na boca dele orando pra O. não ter ouvido.
- Eu to brincando seu idiota, ela aceitou.
- Então você é minha? - ele me envolveu em seus braços colando nossas testas.
- Eu não sou de ninguém, mas aceito que você cuide de mim.
- Eu vou cuidar muito bem princesa.
A última coisa que vi foi seu sorriso contagiante, antes de fechar os olhos e me perder naquele beijo calmo e intenso.

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