Cápitulo 11: Suspeitas e Certezas AOS OLHOS DE BELLAMY

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Depois que chegamos na praia fui logo pegar uma bebida com o Murphy já que o Lincoln disse que precisava conversar com a Clarke Deus sabe lá o que.
Minha amizade com o Murphy é boa, principalmente por eu ser o melhor amigo dele. Bom, ele me considera assim por eu ser o único a saber o maior segredo dele, o que pra mim, sinceramente, era algo bobo, mas respeitava. Nunca ousei contar a ninguém. Nem pra O. .
Ficamos em volta da fogueira bebendo e jogando conversa fora, mas a cerveja, diferente dos outros dias, não estava descendo bem, além de claro, eu não poder beber porque tava de motorista, então coloquei ela em um canto e falei que ia dar uma volta. Murphy concordou e foi conversar com o Liam.
Andei o mais longe que pude, até sentir todos os barulhos de conversas paralelas sessarem. Me sentei em frente ao mar e fiquei viajando escutando o barulho das ondas quebrando. Se tinha algo que me trazia paz era aquele som. E eu precisava de paz naqueles dias. Apesar das coisas estarem dando muito certo, a rotina era cansativa. Ser trabalhador, estudante, dono de casa, irmão e pai era sem dúvidas estressante, mas eu sabia que tava crescendo muito com aquilo, então, aguentava.
Eu viajava nos meus devaneios pensando em coisas do serviço quando senti alguém se aproximar, e pude confirmar pela sombra na areia. Olhei pelo canto do olho e pude reconhecer o cabelo loiro da nova integrante da roda. Clarke.
Não entendi o que ela veio fazer ali, mas me ofereceu a cerveja. Dei um gole pra ver se animava, mas foi como antes, ao chegar no estômago um enjoo mútuo se instalou em mim. Ela ficou em silêncio, e pelo que pude notar, não diria nada. Então procurei algum assunto em minha mente e me lembrei do que Octávia me contou no carro minutos antes de irmos buscá-la.

" - Clarke hoje escreveu uma carta pra mãe dela. Acho que eu nunca fiz isso, até porque a mamãe rasgaria.
- Mais ela não mora com a mãe dela? — Indaguei confuso.
- Mora, mas elas mal se veem pelo fato da mãe dela ser médica e fazer vários plantões. Então ela escreveu na carta tudo que tá acontecendo. Falou até de você — Octávia ria.
- De mim? — Ergui a sobrancelhas pensando o que a menina poderia ter escrito.
- Disse que você tinha um coração bom, ou pelo menos parecia.
Me mantive em silêncio.
- Parece que você não engana a todos maninho — Octávia falava rindo."

- Bom coração?
Eu realmente tava curioso pra saber o porque ela pensava isso já que Octávia me disse que ela não explicou o motivo, e eu nunca tratei a loira bem, a não ser pelas caronas que eu dava por conta da Octávia.
- Preciso acreditar no melhor das pessoas sempre não é?!
A loira não virou o rosto então continuei encarando o mar. Ela falava com todos, até com o Lincoln depois de hoje, e parecia ser educada com todos, uma menina legal, mas comigo, ela ficava na defensiva o tempo todo. Então resolvi tirar minha dúvida.
- Por que você é de boa com todo mundo e só é marrenta comigo? — Fiz questão de encara-lá, que fez o mesmo quando me respondeu.
- Por que você é sempre mal educado ou rude?
Literalmente na defensiva. A loira não dava uma brecha, e isso me intrigou. Nunca fui tratado assim por uma garota, algumas se faziam de difíceis claro, mas ficavam comigo no final da noite. Mas ela, eu via, que não tinha nem um pingo de malícia comigo. E eu não sabia se isso me irritava por conta do meu ego ou me deixava curioso por ver um desafio.
- Sempre é mentira, já te dei varias caronas. — A resposta veio instantaneamente em minha cabeça.
- Por causa da Octávia.
Merda, ela era minha versão feminina. Sempre com uma resposta na ponta da língua. Eu odiava ficar sem palavras.
- Preciso concordar com isso — Eu ri, não pelo que ela disse, mas por notar a semelhança entre nós — Por que veio aqui?
- Cansei de ouvir a Octávia e a Raven fofocando.
- Elas? Fofocando? — Procurei O. e realmente confirmei o que a loira disse — Estranho — Octávia evitava a Raven desde que eu e ela transamos.
- E por que você tá aqui?
A loira me encarava, mas não de forma aleatória. Ela olhava no fundo dos meus olhos, e por um segundo eu reparei como os olhos dela eram azuis, mesmo a noite dava pra notar a claridade deles, e como eles reluziam em contraste com o tom claro do cabelo dela.
- Sem pique pra festa — Dei de ombros desviando meus olhos dos dela. Por algum motivo, não consegui sustentar meu olhar.
- Então pra que veio? — Ela ainda me olhava.
- Ata que eu deixaria a Octávia vir sozinha — Dei uma risada debochada. Fora de cogitação eu deixar minha irmã sozinha com esse tanto de homem e bebida.
- Você é super protetor demais — A loira revirou os olhos. Se tinha algo que me irritava era quando se metiam na minha relação e da Octávia.
- Chegou agora e vai querer me ensinar a cuidar da minha irmã garota? — Falei estressado. Ela mal conhecia a gente e achava que podia dizer algo assim?!
- Quem sabe assim você vira um irmão melhor, garoto!
Ela sorria sarcástica e isso me fez querer afogar ela na água. Aquela menina me tirava do sério em segundos, e a tranquilidade dela só me irritava mais. Fiquei em silêncio até decidir jogar sujo e descobrir até onde aquela marra toda iria.
- Você não deveria tá aqui. Amanhã todo mundo vai achar que a gente ficou — Revirei os olhos e a encarei.
- Faz sentido por favor — Ela me encarou confusa.
- Eu geralmente fico com alguém nessas festas e todo o colégio comenta. Como não vou ficar com ninguém hoje e você tá aqui, o comentário vai ser instantâneo — Dei de ombros esperando ela levantar e sair correndo pra manter a reputação intacta. Mas a loira me surpreendeu outra vez.
- Não importa, não ligo pra comentários. Eu sei que nem em três encarnações eu ficaria com você, então tá tranquilo.
Engoli em seco. Como podia não ceder? Nem uma indireta? Se eu amolecesse um pouco, talvez, ela se mostrasse frágil como todas as outras.
- Cuidado, se fazer a fama pode ter que deitar na cama.
Sorri malicioso esperando uma retribuição, não por querer ela, mas só pra ver que aquela marra toda era faixada.
- Prefiro o chão — Ela levantou pegando a cerveja e começando a andar pra direção do pessoal.
- Ei, loirinha.
Ela se virou e me encarou.
- Obrigada pelo lance na hora que chegamos com a minha irmã e a Cheryl.
Esse agradecimento foi sincero. Eu sabia que a Cheryl gostava de pegar no pé da Octávia por ciúmes sem sentido do Lincoln, e a O. geralmente perdia a pose diante dela.
- Relaxa, foi pela Octávia — Ela piscou e voltou a caminhar.
Continuei acompanhando os passos da loira se distanciando e notei que seu cabelo ia até o meio das costas, e que diferente das outras, ela tinha uma cintura bem definida. Voltei meus olhos pro mar e ri sozinho. Não era faixada, a tal Clarke era marrenta mesmo, e não tinha interesse em mim, o que francamente, era raro. Comecei a pensar na amizade da Octávia e da Raven voltando e nas coisas que aconteceram, até me perder em meus pensamentos.

Talvez pela total falta de interesse dela, o meu foi levemente despertado, mas nem eu sabia disso.

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