Peguei o meu celular e rodei a lista de contatos. Cogitei mandar uma mensagem à Bellamy, mas seria tão injusto colocá-lo nesta situação. Pensei em Octávia, mas ela já não era mais tão imparcial agora que ela sabia sobre eu e Bellamy. Raven não poderia ser uma opção. Murphy, o que ele diria? Pra mim abrir uma garrafa de whisky e afogar as mágoas? Ri com o pensamento. Lincoln me parecia uma boa opção, mas não tínhamos tanta intimidade.
Acabei por bloquear meu celular e pegar um táxi, com destino à praia, a mesma praia que Bellamy me levou a algumas semanas.
O motorista não entendeu muito bem quando o dispensei naquele lugar, vazio, silencioso, mas mesmo assim, o fez.
Tirei as sandálias e caminhei, deixando todo o peso que havia dentro de mim sair. Não só pela Lexa, derrubei todas as lágrimas que ainda haviam. Pela saudade que meu pai deixou. Ele me entenderia tão bem neste momento. Outras lágrimas caíram me recordando da situação em que estava metida com os Blake, talvez Octávia mudasse comigo e eu perderia a única amiga que tinha agora. Será que isso com Bellamy era realmente de verdade? Não seria só ele querendo provar algo a si mesmo?
Eram tantas questões que me joguei no chão, derrotada. Passei as mãos pela areia e senti meus cabelos se sujarem, mas não dei importância. Eu me permiti explodir! Gritei pra tirar tudo de mim. Chorei até não conseguir mais respirar. Permiti que a água alcançasse até onde ela quisesse, mas ela só foi até meus pés antes de recuar para o mar. Era assim que eu me sentia, como a água. Eu fui tão rápido para a frente que agora não conseguia recuar para dentro de mim. Eu estava totalmente pra fora, totalmente exposta, com Lexa, com Bellamy, Octávia, até mesmo com a Raven já que ela provavelmente sabia de tudo isso.
Alguns minutos se passaram, talvez horas, não sei bem, mas o sol sumirá no céu. Minhas lágrimas tinham cessado e eu me sentia extremamente leve e aliviada. Me sentei na areia vendo que meus cabelos estavam cobertos da mesma. Dei risada sozinha.
As palavras da Dra. Mikaelson começaram a fazer sentido para mim. A verdade era que eu amava Lexa, e ela sempre teria um espaço dentro do meu coração, mas eu não a queria, não desta forma. Por mais que eu quisesse a querer, eu não queria, está era a dura verdade.
Meu coração se aliviou e eu sorri pro mar ao concluir isso, a confusão com Lexa havia passado de dentro de mim, eu sabia a verdade, sabia o que éramos para mim, e eu precisava dizer a ela. Mas antes de resolver isso, precisava tirar outro peso.
Peguei meu celular e disquei o número.
- O.?
- Oi loira - Octávia parecia feliz do outro lado da linha.
- Eu sei que daqui a pouco você tem que trabalhar, mas se importa de me encontrar na praia ao leste? Eu te mando a localização e posso te deixar no serviço depois.
- Tudo bem, aconteceu alguma coisa? Sua voz tá horrível.
Eu soltei uma risada tímida, Octávia sempre lia a todos tão bem.
- Relaxa, to te esperando.
Assim que desliguei mandei a localização para ela via WhatsApp.
Voltei a encarar o mar e a imensidão dele. Bellamy Blake. O pensamento foi involuntário. O que você sente por Bellamy Blake Clarke? Meu subconsciente me olhava de braços cruzados como quem espera uma resposta alta e clara.
Me lembrei de pequenos acontecimentos. Como a marra dele me irritava nos primeiros dias, a pose de cara ruim, quando na verdade, ele era um doce. Sorri lembrando da nossa tarde na lanchonete com Octávia. Dele me ouvindo tão pacientemente depois da minha briga com Lexa. Da nossa noite de drinks e de como os lábios dele me procuraram com tanto desejo naquele momento. "Eu quero você". Eu também o queria, essa era a verdade. O queria tanto quanto alguém quer ar quando esta se afogando. Mas eu não estava apaixonada por ele. O meu coração batia mais rápido com ele perto, isso era inegável. Mas eu não sentia a necessidade extrema de tê-lo ali, o queria, mas não precisava dele.
- Meu Deus que fim de mundo é esse - Octávia me tirou dos meus pensamentos me assustando - E o que você fez com seu cabelo? Puta merda Clarke você tá um lixo.
- Oi pra você também Octávia - falei rindo sem humor.
O. tirou os sapatos e os ajeitou sentando-se por cima deles para não sujar a calça que usava. Ficamos em silêncio por um segundo.
- Meu irmão já partiu seu coração ou foi a Lexa?
- Fui eu - dei de ombros.
- Você é tão intensa que se perde nos seus próprios sentimentos não é? - ela me olhava enquanto eu encarava o mar.
- Quase isso. Mas não te chamei aqui pra isso O. - voltei meu olhar para ela - Eu sei que conversamos na sua casa, mas eu realmente preciso saber da verdade. Eu preciso saber o que você pensa sobre eu e Bellamy, não posso suportar a ideia de ficar com ele sem você.
Octávia respirou fundo e encarou o mar desviando o olhar. Aquilo me causou uma pontada no estômago, eu não aguentava perder mais ninguém.
- O Bellamy nunca se apaixonou, e eu duvido que isso vá acontecer algum dia. Por mais que ele diga coisas fofas, ele continua sendo o mesmo bom e velho Bellamy, e ele descarta as garotas quando enjoa delas. Eu não quero que você seja mais uma, entende? - ela virou o olhar triste para mim - Não quero que você deixe de frequentar minha casa porque não consegue encara-lo ou tão pouco se afaste.
- Isso nunca aconteceria O., eu jamais puniria nossa amizade por um erro meu e dele...
- Isso é o que diz agora Clarke, na teoria da coisa, porque na prática é diferente... sem contar que temos outra possibilidade.
Franzo o cenho, confusa e fito seus olhos escuros.
- Ele por um milagre realmente se apaixonar por você. Você seria o primeiro amor dele, e eu já vi o que você faz com quem te ama, você me contou sobre a Lexa, e se por algum acaso você fizesse o mesmo com o Bellamy... eu não gosto nem de pensar - ela engoliu em seco - Eu que não suportaria te olhar.
Senti meu corpo esquentar e as pontas dos meus dedos formigarem. Por um momento pensei em Bellamy na situação de Lexa e isso me embrulhou o estômago. Talvez, se eu não conhecesse Octávia me ofenderia com o comentário, mas eu sabia que este era o jeito dele e deixei de lado.
- Sabe O., eu também nunca me apaixonei. E eu sei que a gente mal se conhece, mas você esqueceu de uma terceira opção.
Ela me encarava confusa, abraçando os joelhos com os braços.
- Ambos podemos não querer nada um com o outro com o passar do tempo, ou, nos apaixonarmos. A chances são iguais para todas as opções - sorri sem muita alegria, mas a chance de reciprocidade em ambas as situações me tranquilizava - Eu sei que não fui tão boa quanto deveria para a Lexa, mas a gente não pode escolher de quem gosta, eu espero que um dia você entenda isso.
- Eu entendo, só sinto medo por ele ser meu irmão e você ser minha melhor amiga, mas se isso faz vocês felizes, eu não quero ficar no meio. Tentem, vocês terão meu total apoio.
Octávia abriu um sorriso tão grande em sua última fala que aqueceu e confortou meu coração. Era como se eu realmente precisasse daquilo.
- Seremos nós para sempre, independente de tudo, tudo bem? - ela me olhava.
- Nós por nós, para sempre! - falei rindo.
- Nós por nós - ela ria - Agora anda, preciso trabalhar e atualizar meu feed.Curtido por @ClarkeGriffin @lincolngerard @BellamyBlake e outras 52 pessoas
@OBlake Nunca pensei em ter uma melhor amiga que poderia chamar de irmã, mas agora tenho. Nós por nós, apesar, ou talvez, por causa de tudo. - @ClarkeGriffin
@lincolngerard Chamo ela de cunhada então? 🤔
@ClarkeGriffin Quando tiraram essa foto? Meu Deus 🤦🏼♀️ Nós por nós! ❤️
@BellamyBlake Aposto que tão rindo de alguém
HÁ 6 MINUTOS* * * * * *
Estava estudando quando ouvi minha mãe gritando.
- Raven, desça aqui por favor.
Sem pestanejar, me levantei e desci com um pouco de pressa e me assustei ao ver Lexa na sala.
- Sua amiga, Lexa, disse que esqueceu umas anotações com você e veio buscar.
- Ah sim, pode vir comigo - falei sorrindo.
Dei passos duros e estava totalmente rígida subindo as escadas. O que Lexa estava fazendo aqui? Como achou meu endereço? O que minha mãe pensaria já que nenhuma garota além da Octávia veio aqui depois da Malia? Eu estava tão nervosa que entrei em um passo no quarto e encostei a porta assim que Lexa entrou atrás de mim. Só então me dei conta que seu rosto tava inchado do que provavelmente haveria sido resultado de muitas lágrimas e por um instante me lembrei que a consulta com Clarke era hoje. Merda.
- Ei, você está bem? Por que não mandou uma mensagem? - sussurrei a abraçando.
Os braços de Lexa me envolveram, me apertando, não de forma desconfortável, mas um abraço bom. Eu sabia que naquele momento ela estava procurando segurança, e a dei. Acariciei seu cabelo e respirei fundo só rezando para que minha mãe jamais se aproximasse dali.
- Foi horrível e libertador - ela sussurrou com o rosto apoiado em meu ombro, pude sentir seu hálito quente em meu pescoço que me causou um arrepio involuntário.
- Você está melhor ou pior em relação a como foi? - me afastei um pouco olhando seu rosto.
- Melhor, muito melhor.
Aproveitei o nosso afastamento para trancar a porta, só eu sabia o escândalo que minha mãe poderia causar por qualquer simples toque. A lembrança da cena com Malia veio a minha mente junto com a vergonha, mas a afastei rapidamente.
- Precauções - sorri um pouco sem graça indicando a chave.
- Eu descobri algo hoje, e eu precisava te contar - ela deixou a bolsa na cama e me encarou.
- Sou toda a ouvidos.
- Eu vim até aqui andando - Lexa ria demonstrando o nervoso em sua voz - Achei seu endereço em uma localização sua do Instagram, me desculpe por isso - ela deu de ombros se aproximando - No caminho eu pensei em tudo que ouvi hoje, em tudo que aconteceu nos últimos dias e descobri que eu preciso muito fazer algo.
Antes que eu pudesse responder, associar, ou meu cérebro sequer funcionar, fui envolvida pelas mãos de Lexa segurando meu rosto em concha e me dando um beijo calmo, seus lábios estavam quentes e sua língua procurava pela minha que logo cedeu. Envolvi minhas mãos em seu pescoço brincando com seu cabelo, eu não sabia o por que, mas aquilo me pareceu certo, nosso beijo pode ter durado horas, dias ou anos que eu não teria reparado, nos separamos pela falta de fôlego que logo tomou conta de nós.
Encarei Lexa e seus olhos claros que refletiam toda a dor da sua alma sem nenhum tipo de defesa, eu queria cuidar dela, colar os pedaços quebrados, queria lhe fazer inteira novamente. Então sem hesitar, envolvi meus braços em sua cintura e lhe dei um beijo nada calmo, um beijo desesperado, desesperado para fazê-la inteira de novo, para te-lá inteira para mim.
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My Reasons
RomanceClarke tinha 16 anos quando perdeu seu pai. Abby passou a dar mais atenção à sua filha ao invés de viver no hospital. Com a chegada do final do ano, Clarke descobriu que o selo no seu boletim escolar foi vermelho com letras garrafais escrito "REPROV...