Capítulo 17: Jogos Arriscados

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- Eu conheci um cara. Pela internet. - Ela ficou receosa ao falar - Mas ele é incrível, quer fazer astronomia também, e eu to estudando muito porque nosso objetivo é ir pra mesma faculdade... eu sei que pode parecer ridículo, mas...
- Ah para - Falei a olhando - Não tem nada de ridículo. Você conheceu um cara e se identificou, agora tá correndo atrás pra concretizar os planos de vocês. Eu dou o maior apoio - Falei sorrindo segurando a mão dela.
- Concordo com a Clarke. Não é porque vocês nunca se viram e ele possa ser um velho psicopata se passando por novinho que você tem que se preocupar.
- Octávia - A repreendi.
- Tá bom, desculpa, eu desejo felicidades de qualquer forma - Ela deu de ombros.
- Qual o nome dele? - Eu visivelmente fiquei mais entusiasmada do que a O., talvez pelo fato de ter descoberto o motivo que fazia Raven ser tão restrita.
- Finn. Ele mora em Londres - Ela sorria ao falar.
Octavia voltou a se concentrar no sol enquanto Raven me contava detalhes de como conheceu o tal astronauta encantado.
Conversa vai, conversa vem, já eram 3p.m., Octávia disse que teria que ir embora se arrumar pro primeiro dia de serviço, e pediu se poderia ir comigo de carro, logo assenti.
Recolhemos as coisas e fomos até o calçadão esperar a mãe de Raven buscá-la, não demorou muito. Assim que ela saiu pedi um carro no aplicativo.
- Pelo menos agora sabemos o que afastou a Raven - Dei de ombros.
- Isso é verdade. Mas eu quero falar sobre outra coisa com você - Ela me olhava de forma tão séria que me causou um leve arrepio na nuca.
O carro chegou e então embarcamos.
- Sem mentiras Clarke - Eu assenti somente - O que foi aquilo no intervalo?
Uma onda de alívio me tomou.
- Sobre Lexa? Eu já te contei...
- Sobre Bellamy!
Ela me interrompeu bruscamente fazendo enjoos passarem rapidamente pelo meu estômago.
- O que que tem? - A encarei semicerrando os olhos.
- A reação dele quando viu você e a Lexa. Aquele papo de jogo no café da manhã. Eu não sou criança, o que tá acontecendo Griffin?
Engoli em seco e respirei fundo.
- Seu irmão gosta de provocar. Ele acha que se ficar fazendo esses joguinhos de sedução comigo eu vou ceder. E eu dou corda, porque me divirto vendo ele quebrar a cara - Dei de ombros. Querendo ou não, essa era a verdade.
- E você vai ceder? - Ela me olhava de forma investigativa.
- Claro que não Octavia, pelo amor, eu sei que é seu irmão, mas ele é um grosso. Eu já falei, dou corda porque me divirto.
- E aquele ciúme reprimido dele quando viu seu beijo e da Lexa?
Eu não tinha parado pra pensar na reação dele como ciúme, até porque, Bellamy Blake jamais teria ciúme de mim. Era só um jogo.
- Se você acha que aquilo foi ciúme, deveria perguntar pra ele. Pra mim, só foi parte do jogo - Passei a língua nos lábios dando de ombros - E eu acho que você deveria agradecer essa minha proximidade e do grosso do seu irmão.
Ela deu uma risada visivelmente irônica.
- Ah é, e eu posso saber o por que?
- Porque quanto mais próxima eu tiver dele, mas próxima você estará do Lincoln - Joguei beijo pra ela.
- Como assim? - Ela me olhava confusa.
- Digamos que o único empecilho no caminho de vocês se chama Bellamy Blake.
- O que você não tá me contando Clarke? - Ela me olhava em um misto de ansiedade e irritação.
- Eu vou te contar tudo na hora certa. Só saiba que, você pode continuar amando ou gostando, seja lá como você rotule, do melhor amigo do seu irmão.
Dei o dinheiro da corrida toda pro motorista apesar dele ainda ter que levar Octávia e desci do carro piscando e acenando pra ela enquanto O. resmungava algo.

* * * * * *

Depois que cheguei da praia fui direto pro chuveiro. Tomei um banho gelado, passei um hidratante nas pernas e já vesti meu pijama soltinho. Em cima da minha cama havia um bilhete de Lexa onde ela dizia que saiu pra comer algo.
Sem me preocupar, joguei o bilhete no lixo e deitei na cama. Comecei a pensar no que eu tinha feito e como tinha agido com Octávia.
Desde muito nova eu era agressiva enquanto as coisas que queria e sempre soube barganhar muito bem. A única pessoa, a qual, pelo menos naquela época, eu não usava como meio pra um fim, era Lexa. Mas acho que ela saiu dessa lista pelo meu tesão mútuo nela.
A verdade é que eu adorava O., ela realmente tava se tornando minha melhor amiga, mas ela precisava confiar em mim. Acreditar que eu não acabaria transando com o irmão dela nas suas costas, e que sim, aquilo era só um jogo.
Eu provei minha lealdade quando cumpri com minha palavra de reaproximar ela da Raven, e, descobrir porque a morena se afastou.
Só que dessa vez, se ela realmente quisesse ter o Lincoln, ela ia ter que me dar a única coisa que eu queria naquele momento. Um bom e desafiador, jogo.

* * * * * *

A raiva que eu estava sentindo de Clarke por flertar com meu irmão era grande, ocupava 50% do meu corpo. Mas os outros 50, me aconselhavam a deixar meu irmão viver. Eu não consegui sentir tanta raiva dela quanto queria, talvez por ela ter me dado a coisa mais preciosa pra mim, a sinceridade. Ela não mentiu quando perguntei, e nem se fez de boa moça na hora de mostrar as garras. A Clarke era quem ela mostrava ser, seja boa ou ruim, e isso, me conquistava.
Eu sabia que meu irmão já era um homem e que ele tomava as próprias decisões. Mas eu temia aquele jogo, porque se algo desse errado, se um deles criasse sentimentos... Bom, eu conhecia a Clarke e o Bellamy o suficiente pra saber que um jogo entre eles só poderia resultar em uma coisa: um dos dois saindo muito ferido!
E agora a pergunta pairava em minha mente: vale a pena arriscar uma dor, que talvez, deixe cicatrizes eternas em meu irmão pra ter o meu amor platônico?

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