antes de dormir, no escuro, estava meu irmão comigo na cama. me encontrava deitada de olhos fechados. então perguntou no que estava pensando, "em não morrer", disse.
sucessivamente, ele passou a mão sobre o meu braço onde tenho uma enorme cicatriz. "por que tu não para de tentar se matar? olha para isso, está toda machucada, seu corpo está todo machucado, no seu braço, na sua perna. não pensa como teu irmão de 7 anos vai ficar? imagina, você se mata e no meu aniversário? como eu vou ficar?", ele disse sem que podesse esperar.
há dias me perguntava sobre o porquê desses machucados. diferentemente das outras ocasiões, nessa não consegui sequer abrir a boca. chorei.
"eu tento", disse baixinho. ele não ouviu.
como explicar que os machucados da minha alma são bem maiores e mais perversos do que os que estão no meu corpo? falar sobre como as coisas não vem sendo simples e fácil. sobre como deveria encarar a vida sem minha presença nela.
uma insuficiência enorme invadiu meu coração, por jamais haver respostas para explicar tamanho estrago.
tento lutar diariamente para que tenha uma saúde mental estável. sinto tanto que o meu emocional esteja te atrapalhando, por ser uma irmã horrivel."eu sinto muito não ser a melhor irmã para você. jamais entrou nos meus planos decepcionar uma criança de 7 anos. mas eu tento tanto."
- 03/02/19
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LIMÍTROFE: para você que sente demais.
Non-Fiction"Poesia não é a chuva, é o barulho da chuva." Isso não é um diário. neste livro, relato vários textos não fictícios, sentidos por mim ou por maior parte das pessoas, além de poemas e poesias. Alguns tive o imenso prazer/desprazer de viver. talvez...