Estou ficando louca, completamente louca. Já não sei se isto é solitude ou solidão.
Estou igual aquela carta que Fernando Sabino enviou para Clarice Lispector, "Clarice para uma arvore". É Fernando, também tenho fumado muito e me decepcionado muito com os correios.
A maioria das vezes estou incosciente para não precisar lidar comigo mesma e isso por mais que seja errado é meu segredo favorito, alguns alprazolans e quetiapinas a mais e apenas ficar acordado, não dormindo, mas ficando acordado.
Para quem lê, minha mãe está com câncer e isso significa que não posso surtar ou ficar triste para não magoar ela, devido este processo doloroso.
Constantemente não quero ser eu, não consigo chorar, mas olho esse cubiculo de quarto que me encontro me faz ter mais vontade de morrer. É solitude ou solidão?
Queria o poder de ser invisível.
Doenças emocionais não são importante para as pessoas. O instagram virou um grande jornal de pessoas desiterantes, eu não quero saber nem da minha vida, quanto mais a do outro.
Tenho pisado em ovos, há tempo que queria escrever mas a procrastinção e ansiedade não me deixa.
Estou ficando completamente louca, estou há 17 dias em um quarto sem me comunicar, ágir ou interagir com alguém.
As vezes acho que o marido da minha mãe se arrependeu de ter me chamado para morar aqui.
Daqui 2 meses vou pra Bahia, minha terra Natal, não era isso que eu queria, mas minha mãe precisa de mim.
Só queria conseguir chorar, porque minha garganta está arranhado e o meu peito doendo de tão acelerado.
Por que as coisas não conspiram ao meu favor? Ou será que ela está conspirando e eu que não estou sabendo lidar?
Tenho ficado na cama por muitos dias e não venho tomado banho ou escovado o dente, pois não sinto vontade, já disse antes, essa cama me suga para um buraco.
Como vou ser forte pra minha mãe se eu não sou forte nem pra mim mesma. Quero que isso acabe logo, o câncer.
As vezes levanto da cama, sento nela, me deito no chão, me encolho em posição fetal, fecho os olhos, conto até 10, mas as horas travam e me levam aos remédios, aí o dia passa rápido, me alongo.
Tenho ficado sem comer para não engordar e já perdi 4 kg com isso.
Não tenho tido muita empatia e sair de casa tem sido como uma ir a uma guerra, como ir ao aniversário que você não quer está. Falo, canto, converso sozinha, não tem ninguem pra me escutar. As vezes eu oro mas acho que Deus deve ta ocupado demais para me atender.
Ajudar minha mãe no câncer, sem lembrar que meu câncer é emocional.
Meus dias tem sido infernais.
Estou completamente louca e não sei como melhorar.
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LIMÍTROFE: para você que sente demais.
Não Ficção"Poesia não é a chuva, é o barulho da chuva." Isso não é um diário. neste livro, relato vários textos não fictícios, sentidos por mim ou por maior parte das pessoas, além de poemas e poesias. Alguns tive o imenso prazer/desprazer de viver. talvez...