quando te abracei que me senti em casa. mas, em cada cômodo que passava vi como tudo tinha mudado, aquela casa não era mais minha, tinha cheiro doce, de chiclete tutti-frutti, tinha discos de músicas que não costumava ouvir, os quadros das paredes não eram mais aqueles que amava, e foi quando cheguei no quarto do seu coração que vi, não era mais a dona dele, ela tirou todos resíduos de mim.
quando me soltei de você, tava destruída. aquela casa me foi tomada. me destruiu. dilacerou. e pra sair pelo gramado encaracolados do seus cabelos, que antes cheirava a outro creme, agora também tinha o cheiro doce dela.
seu coração palpitava sem parar, como se nunca tivesse palpitado antes, e foi aí que cheirei nossa blusa. não era meu cheiro, nem o seu. você nos traiu.
tudo era desconhecido. você. ela. eu. por quê?
onde deixou de ser nós, para ser vocês? estávamos tão fortes. éramos tão fortes. querido, éramos, tanta coisa. porquê nos tornamos isso, por qual motivo deixou ela trocar o quadro da parede? por que não me ajudou a comprar outro ao invés de trocar de quadro, de móveis, de paredes, de planta, de detalhes, de pessoas?
a casa foi colocada a venda, sem minha permissão. mas, querido, se a arrumação dela está mais bonita que a minha, apenas, seja feliz.
enquanto a mim, reconstruo a minha casa novamente, já que você jogou tudo as ratas.
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LIMÍTROFE: para você que sente demais.
No Ficción"Poesia não é a chuva, é o barulho da chuva." Isso não é um diário. neste livro, relato vários textos não fictícios, sentidos por mim ou por maior parte das pessoas, além de poemas e poesias. Alguns tive o imenso prazer/desprazer de viver. talvez...