era uma quarta feira quando nos conhecemos. capricórniano. calçando um sapato número 42, com aquele uniforme ridículo mas que nele, não caia tão mal. tinha cheiro de chiclete com gosto de tutti-frutti. ele tinha aquele brilho no olhar, com sorriso tímido, daqueles que faz um milharal inteiro pegar fogo com apenas uma faísca.
fazia tempo que não sentia aquilo. ele me fez querer ser criança e voltar a tomar iorgute de morango com o dedo.
pergunta meu nome e o elogia. nossas almas dançaram como as de quem se conhecem há muito tempo. então nada mais parecia importar além do que tínhamos a falar.
era uma imensidade de conversas insignificantes com bastantes significados. você perguntou meu número de sapato, como se aquilo realmente importasse, logo então, o respondia com uma pergunta tão boba o quanto.
as aulas pareciam uma eternidade e os ponteiros pareciam mais atrasados que nunca, marcamos de nos encontrar na saída. chegou. estava chovendo, mas não importava, corremos na chuva e riamos como se tudo fosse natural, mais leve. me disse que era tímido e comigo foi diferente. críamos uns planos muito errados, mas engraçados.
hora de partir. você mudou o caminho para me levar. nos abraçamos. "foi bom te conhecer", "amanhã nos vemos". o amanhã demorou de chegar, mas veio. você estava diferente, nem tinha tanta coisa a falar. meu bem, falei algo ruim para te afastar de mim em meio a todas essas palavras?
mas tudo bem poderia ser apenas um momento, logo em seguida te chamei pra nos encontrarmos novamente. "tá bom". te esperei. chovia. você não foi, mas tudo bem. poderia ter acontecido algo, um mal entendido, poderia ter chegado cedo ou resolveu ir pra casa por causa da chuva. mas logo veio o outro dia, você estava lá, que bom. mas dessa vez você estava com outros amigos e não quis olhar para mim, aquilo doeu.
tinha criado tardes incriveis para nós, em apenas poucas horas.
outro dia te vi levando outra garota, mudando o seu caminho. você passou na minha frente e fingiu que não sabia quem eu era. logo penso, que ela é mais interessante, melhor.
não foi tesão, nem vontande de te beijar, foi a vontade de te conhecer que fazia meu coração pular. vontade de correr e falar besteiras bem alto como se nada importasse. você acendeu a minha criança, depois de tanto tempo e isso foi incrivel, maravilhoso. e sou grata por ter sido diferente, mesmo que em pouco tempo.- por quantas vezes a vida te presenteia com alguém de verdade?
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LIMÍTROFE: para você que sente demais.
Non-Fiction"Poesia não é a chuva, é o barulho da chuva." Isso não é um diário. neste livro, relato vários textos não fictícios, sentidos por mim ou por maior parte das pessoas, além de poemas e poesias. Alguns tive o imenso prazer/desprazer de viver. talvez...