Nirvana

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Arranquei a camisa de qualquer jeito e a joguei sobre o ombro sem nem ver aonde caiu – não me afastei um instante que fosse. Minha boca descreveu uma trilha de beijos ao subir de volta para os lábios dela; queria sentir no sabor de seu hálito todo novo ofegar que viesse a provocar. Minha mão escorregou pela lateral do seu corpo até a panturrilha, acariciando a pele fina detrás da coxa conforme fazia o caminho inverso e levantando a barra do vestido com o movimento, vagarosamente. Anna gemeu alto quando a apertei mais forte na coxa e estremeceu no que meus dedos repuxaram, testando a elasticidade de sua calcinha. Suas unhas se cravaram nos meus ombros, enviando cargas de eletricidade que reverberaram por todo meu corpo e me deixaram mais teso e mais sedento do que jamais estive.

Um som indistinto e profundo emergiu do meu peito em resposta à rigidez. Aquilo era demais – mais do que eu poderia aguentar, mais do que eu poderia conter. Ergui-a nos braços, carregando-a em direção à escada sem deixar de beijá-la, meu sangue martelando nos ouvidos. A cada degrau que ficava para trás, mais quente eu ficava – suas mãos estavam em qualquer parte que alcançasse; tocavam meu rosto, arranhavam a nuca de caminho ao pescoço, apertavam meus braços com avidez, puxavam meu cabelo com posse, me deixando maluco. Quando cruzei a porta do quarto dela, eu não era mais eu. Havia fogo correndo minhas artérias, meu coração acelerado não bombeava nada além de chamas. Virei refém dos instintos. Repentinamente, senti que era mais animal que humano.

O que me trouxe de volta à razão foi o nervosismo que percebi na musculatura de Anna. Desci-a no tapete, descansando minha testa na sua à medida que tentava clarear a mente e abrandar o calor que subia em espasmos.

— Anna, se quiser parar... – comecei. Não era o que eu queria. Que droga, meu corpo estava tão tensionado que eu estava quase explodindo. Mas pararia, se assim ela me pedisse. Mesmo que isso me matasse, eu a respeitaria. Meu lado animal tremeu, rebelando-se contra a ideia.

— Não ouse terminar essa frase, Seth – ameaçou em tom divertido, embora a voz não passasse de um suspiro. – E só que... – Olhou para a cama pelo canto do olho, mordendo o lábio.

Sorri feito idiota. Eu a compreendia tão bem que apenas essas palavras me bastaram.

— Eu sei. Eu sinto a mesma coisa. – Trouxe sua mão para junto dos batimentos inquietos do meu coração. Debaixo de todas as emoções que fervilhavam na superfície, havia o medo. Medo de fazer algo errado, de acabar machucando ela, de que ela não gostasse... Engoli em seco. Será que ela me amaria menos se aquela noite não atendesse às expectativas?

— Jamais. – Anna negou com a cabeça, sorrindo também. – Eu já disse que amo você?

Soltei o ar pela boca.

— Hoje, ainda não – brinquei.

Os olhos faiscaram com malícia no quarto escuro.

— Então me obrigue a dizer.

Todas as ideias que eu lutei para clarear se obscureceram prontamente, com a mesma facilidade e rapidez que um sopro apaga uma vela. Senti um sorriso safado esticar no meu rosto. Senti a fome na ponta da língua. Senti vontade de rasgar aquele vestido com os dentes. Precisava dela, e precisava naquele instante. Mas eu havia fantasiado demais com aquele momento para fazer tudo às pressas. Queria desfrutar de cada segundo, de cada suspiro, de cada gemido.

Andei devagar até suas costas, deliciado com a respiração irregular que se evadia dela, e comecei a abrir os botões mínimos do vestido, um de cada vez com uma lentidão calculada. Ela se arrepiou à proporção que os nós dos meus dedos roçavam na pele nua se desvelando pouco a pouco e prendeu o ar quando deslizei um dedo pela linha lisa da coluna antes de desabotoar o último botão.

Estrela da TardeOnde histórias criam vida. Descubra agora