A reunião

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Tive um pesadelo horrível naquela noite. Nele, eu subia uma floresta às pressas, derrapando na lama escorregadia à medida que a encosta da montanha ficava mais íngreme. Quanto mais eu avançava, mais eu tinha que me agarrar no tronco das árvores para não cair para trás.

Enfim consegui sair das sombras da floresta para a luz ofuscante de uma larga campina, de coloridas plantas silvestres, mas eu não estava sozinho. No centro havia duas figuras abraçadas, e no susto percebi que era o vampiro cretino aos beijos com Anna. Desviei os olhos, incapaz de sustentar o olhar por um segundo que fosse – foi então que reparei nos meus joelhos pegajosos, nas minhas mãos pingando vermelho.

Eu estivera derrapando em sangue, não em lama.

Levantei a cabeça a tempo de ver Anna se afastar dele e sorrir, de olhos injetados e presas afiadas à mostra.


Acordei suando frio

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Acordei suando frio. Sentei-me no ato para tentar engolir a bile entalada na garganta, só que o ar não entrava e nem saía. Minha vista estava embaçada e depois de piscar repetidamente, percebi que Anna estava parada na soleira da porta com uma bandeja nas mãos e o rosto lívido de choque.

— Seth? – chamou ela, alarmada.

Baixei a cabeça e escorei a mão no peito, obrigando o ar entrar à força até os pulmões.

— Desculpe – pedi, tentando me conter. Não queria que ela tivesse visto o pesadelo.

Não deu nem um segundo e Anna estava do meu lado na cama, me abraçando ao que a bandeja pendeu devagar no ar até se apoiar acima da cômoda, junto aos porta-retratos. Escondi-me entre seus cabelos, procurando desesperadamente seu perfume – a única coisa capaz de me acalmar naquele estado.

— Não se desculpe. Ei. – Ela uniu a testa na minha, as mãos tocando minhas têmporas. – Respire, Seth. Eu estou aqui.

— É... – Assenti, puxando-a para mais perto. – Você está aqui.

— Sempre. – E me beijou de leve, mas para mim não foi suficiente. Inclinei-me para aprofundar o beijo, os dedos trêmulos apertando sua nuca, pois eu precisava senti-la. Senti-la de verdade, que era ela ali, a minha Anna.

Ela arquejou meu nome baixinho quando subi a mão por suas costas nuas e puxou meus cabelos ao que desci a boca pela pele fina do seu pescoço. Suspirei de alívio; era assim que ela era – doce e ao mesmo tempo selvagem. A forma como ela se derretia, como se entregava por completo em meus braços, fazia com que eu me sentisse em casa – e foi o que me fez entender que eu não tinha nada a temer.

— Eu amo você – sussurrei ao pé da orelha, escutando seu coração bater rápido e furioso.

— E eu amo você mil vezes mais – respondeu quase sem fôlego. Sorri que nem um imbecil e poderia ter ficado ali para sempre se ela não tivesse dado dois tapinhas nas minhas costas para que eu a soltasse. – Agora, você precisa pôr um pouco de energia para dentro.

Estrela da TardeOnde histórias criam vida. Descubra agora