— Não! — Maya Nindberg chorava e gritava, martelando o chão com os braços flamejantes e jogando arreia ao alto — Covarde! Você não pode fazer isso comigo! Não pode fazer isso!
— Acalme-se, Abrigo de Guarani. — Maya deu atenção às palavras da voz melodiosa do pássaro divinal. Seus belos olhos pequenos refletiram a luz do ouro que banhava as penas refinadas e fragrantes do ser alado e ela observou os olhos deslumbrantes e sedutores dele. As asas se abriram e ele mostrou toda beleza que tinha para ela.
— Você me conhece? — ela perguntou.
— Como eu poderia não conhecer o mais encantador Abrigo de Guarani que já existiu no decorrer das eras?
As chamas de Maya se apagaram e a ave pareceu observar sutilmente as curvas que formavam sua silhueta.
— Bem... — Maya levou o cabelo para trás da orelha. Nem notou que estava totalmente à mostra — Obrigado.
— Há algo em ti capaz de tragar a atenção do mais abnegado dos deuses.
— É mesmo? — ela perguntou encantada.
— Eu gostaria de desvendar os maiores segredos contidos na sua força, Abrigo de Guarani.
Maya sorriu quase apaixonada por aquele ser especial. O caráter dele parecia tão belo quanto ele mesmo o era.
— E qual é o seu nome? — ela deslizou a mão sobre o peito gigante da ave.
— Yorixiriamori, o Guardião da Árvore Cantante.
O nome do deus era difícil, mas algo nele fazia com que não fosse esquecido por Maya. Yorixiriamori. Yorixiriamori. Ela não esqueceria.
— Onde fica essa Árvore Cantante?
— Venha comigo e eu lhe mostrarei meu lar e muitas outras belezas. — O pássaro pareceu sorrir — Inclusive, mostrarei a você minha mais bela forma humana.
A voz era grave e provocava um arrepio que se estendia por toda a pele de Maya. Ela soprou, impressionada com o fato de não conseguir evitar a excitação que teve ao apenas falar com aquele deus galanteador. Maya quis ir. Quis passar quantas noites ele quisesse ter com ela. Quis que ele a usasse como bem desejasse. Quis, por um segundo, conceber um filho desse ser majestoso.
— Maya! — quando ela seguiu a voz de quem a chamava, viu Guilherme, que sem pensar muito atirou um relâmpago contra a ave. Yorixiriamori bateu suas asas e cantou um cântico de dor. Guilherme jogou os braços ao alto — Vaza daqui, aberração!
— O que tá fazendo?! — Maya gritou com ele — Para com isso!
— Essa coisa tava hipnotizando você, Maya! — ele acusou evitando olhar para ela.
— Homens. — a ave disse com desprezo enquanto voava.
— O Guardião da Árvore Cantante. — Jaci chegou. Atrás dela, Nina estava nas ondas do mar.
— A Grande Lua, Rainha do Grande Relâmpago. — o pássaro reconheceu.— Sabe — ela caçoou —, eu não me nego a crer que você tenha voltado ao mundo dos homens só para se relacionar com as mulheres deles. Até a magia da Árvore Cantante deve ser tediosa para um deus tão medíocre.
Yorixiriamori esboçou mais um sorriso com seu bico.
— Tenha um pouco de fé, Jaci.
Jaci olhou toda a praia.
— Onde está meu guerreiro? O que fez?
— Eu apenas falei sobre você. — Yorixiriamori disse com sadismo — Ele não gostou. Espero que não se aborreça.
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Prisões de Guarani - versão gratuita
Fantasy🏆Terceiro lugar no concurso PAX 🏆Prêmio de melhor vilão (Deusa Jaci) A vida pouco comum de Maya Nindberg, herdeira de um verdadeiro império e com os sonhos na palma da mão, passa a ser ameaçada por forças super-humanas ao descobrir que sua falecid...